- Introdução
O tabagismo é considerado um grave problema de saúde pública, com alta incidência mundial e que ocasiona altos custos ao sistema de saúde devido às doenças tabaco-relacionadas. Estima-se que existam 1,3 bilhão de tabagistas no mundo, sendo que 80% desses indivíduos encontram-se em países de baixa e média renda.1
O Brasil possui 27,9 milhões de tabagistas, sendo considerado o segundo maior produtor e maior exportador de tabaco do mundo. Contudo, tem desenvolvido fortes ações para o controle do tabagismo, o que lhe tem conferido o reconhecimento como liderança internacional nessa área nos últimos anos.2
As ações para o controle do tabagismo no Brasil incluem o aumento de impostos incidentes sobre os cigarros, a publicação dos resultados de pesquisas sobre os efeitos do fumo sobre a saúde, a intensificação de informações aos consumidores por meio de rótulos de advertência, a substituição da fumicultura, além do incentivo às intervenções de cessação.2
Em contraste com as implementações mencionadas, o Brasil ainda possui um dos cigarros mais baratos do mundo, com fácil acesso e com o agravo de um amplo mercado ilegal de venda do produto. Esses fatores contribuem para um total de 200 mil mortes anuais no país relacionadas ao tabagismo, além de altos índices de mortes prematuras.2 Dessa forma, evidencia-se a necessidade de soluções efetivas para sua cessação, como a conscientização dos profissionais de saúde e o incentivo aos programas de intervenção ao tabagismo.3
Os programas de intervenção têm por objetivo auxiliar tabagistas que apresentam o desejo de parar de fumar, todavia não conseguem alcançar a cessação definitiva. O tratamento mais indicado conta com uma abordagem específica, denominada terapia cognitivo-comportamental (TCCterapia cognitivo-comportamental), com associação de terapia medicamentosa direcionada para a cessação do uso do cigarro.4
Diversos profissionais de saúde estão envolvidos na intervenção ao tabagismo e podem atuar nos programas especializados, desde que bem capacitados. A atuação de uma equipe multidisciplinar é fundamental para o atendimento ao tabagista. Inserido nessa equipe, o fisioterapeuta desempenha um papel importante e contribui para um atendimento completo e especializado.5
LEMBRAR
O tabagismo afeta diversos sistemas no organismo, como o sistema respiratório, o cardiovascular, o musculoesquelético e o neurológico; e a atuação do fisioterapeuta contempla a prática clínica em todas essas áreas.3,6
Diante do exposto, torna-se essencial aprofundar os conhecimentos do papel do fisioterapeuta na intervenção ao tabagismo, visto que o problema pode influenciar diretamente suas condutas diárias. Além disso, essa prática se torna mais uma área de atuação para esse profissional, ampliando e diversificando suas ações.3,6
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- descrever o contexto histórico e epidemiológico do tabagismo;
- identificar os mecanismos de dependência envolvidos no tabagismo;
- reconhecer a importância do fisioterapeuta no processo de cessação do tabagismo;
- relacionar a influência do tabagismo no tratamento fisioterapêutico nas diversas áreas.