- Introdução
A conscientização sobre a importância da prática regular de exercícios físicos vem ocorrendo com maior abrangência na população em geral nos dias atuais. Esse fato possivelmente é devido à maior divulgação dos benefícios do exercício físico pelos meios de comunicação, associada às maiores evidências científicas relacionadas com a manutenção da saúde e a prevenção de doenças, tal como as já estabelecidas na reabilitação de pacientes com doenças cardiovasculares (DCVdoença cardiovasculars).1
Quanto à aplicação do exercício físico em programas de reabilitação, muitas são as discussões sobre as diferentes estratégias relacionadas com o tipo de protocolo de exercício. Questionamentos como o protocolo de exercício mais adequado, considerando a maneira como ele será aplicado (contínuo ou intervalado), a intensidade do exercício, o tempo de execução e a frequência semanal, entre outros fatores, auxiliam a vislumbrar maiores ganhos.2
No entanto, são importantes fatores de percepção desses ganhos em atividades de vida diária (AVDatividade de vida diárias) e a motivação do paciente em relação à execução desse protocolo, além de possuírem direta relação na aderência do paciente ao treinamento físico e, consequentemente, nos resultados obtidos com o programa de reabilitação.2 Nesse sentido, estudos atuais vêm evidenciando protocolos de exercícios como o treinamento intervalado de alta intensidade (TIAItreinamento intervalado de alta intensidade, em inglês, high-intensity interval training [HIIT]).
Diferenciado em relação aos mais tradicionais protocolos de exercício utilizados na reabilitação cardiovascular, como o treinamento contínuo de intensidade moderada (TCIMtreinamento contínuo de intensidade moderada), o TIAItreinamento intervalado de alta intensidade vem “conquistando espaço”, abrindo um campo expansivo para pesquisas que envolvam indivíduos com DCVdoença cardiovasculars. No entanto, ainda permanecem dúvidas sobre os reais benefícios desse tipo de protocolo e se seria superior aos mais tradicionais, além, é claro, sobre a segurança de se aplicar um protocolo de alta intensidade em pacientes com DCVdoença cardiovasculars.3–6
Mais especificamente, quando eleitos protocolos de exercício físico como o TIAItreinamento intervalado de alta intensidade em programas de reabilitação que envolvem pacientes com DCVdoença cardiovasculars, é necessário o conhecimento de alguns conceitos importantes. Sendo assim, no presente artigo, serão abordados os aspectos básicos, como a diferenciação dos tipos de protocolos de treinamento com exercício físico, os fundamentos básicos envolvidos em um protocolo de TIAItreinamento intervalado de alta intensidade, os riscos e o monitoramento durante o exercício, além das atuais evidências na literatura sobre esse protocolo em indivíduos com DCVdoença cardiovasculars.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- diferenciar os tipos de protocolos de treinamento de exercício físico;
- descrever o histórico, os conceitos e os fundamentos básicos envolvidos no TIAItreinamento intervalado de alta intensidade;
- monitorar o paciente durante o TIAItreinamento intervalado de alta intensidade, para proporcionar um programa de reabilitação seguro;
- discutir os diferentes protocolos de prescrição do TIAItreinamento intervalado de alta intensidade;
- reconhecer as atuais evidências da aplicação do TIAItreinamento intervalado de alta intensidade nas principais doenças relacionadas com fatores de risco para o desenvolvimento de DCVdoença cardiovasculars;
- reconhecer as atuais evidências do TIAItreinamento intervalado de alta intensidade na doença arterial coronariana (DACdoença arterial coronariana), infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca (ICinsuficiência cardíaca) e transplante cardíaco;
- identificar a influência do TIAItreinamento intervalado de alta intensidade na modulação autonômica cardíaca;
- elaborar e prescrever o exercício físico envolvendo um protocolo de TIAItreinamento intervalado de alta intensidade na reabilitação cardiovascular.