Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- familiarizar-se com as principais dificuldades e complicações que podem se apresentar durante a estapedotomia;
- identificar as principais indicações da estapedotomia;
- discutir correções de possíveis complicações da estapedotomia.
Esquema conceitual
Introdução
A otosclerose é uma distrofia óssea da cápsula ótica que ocorre sobretudo na porção anterior da janela oval, envolvendo seu ligamento anular e fixando o estribo. Isso leva à perda auditiva progressiva do tipo condutivo e, em alguns casos, pode comprometer igualmente a orelha interna, gerando, também, queda na via óssea.
A otosclerose é uma condição duas vezes mais comum em mulheres do que em homens e costuma iniciar, principalmente, entre a terceira e a quarta décadas de vida. É, também, duas vezes mais comum em pacientes de cor branca do que em negros ou pardos e tem transmissão genética — é comum a história familiar de surdez.1
Embora haja artigos com evidências da eficácia dos bifosfonados na estabilização do processo2,3 de otosclerose, não está comprovada a utilidade desse tratamento para interromper ou reverter essa distrofia.4 Assim, as únicas formas de se obter melhora da acuidade auditiva envolvem reabilitação com dispositivos eletrônicos ou estapedotomia, procedimento com altos índices de sucesso, mas que exige destreza do cirurgião para evitar complicações.
A estapedotomia é uma cirurgia puramente funcional, o que aumenta a responsabilidade do médico por um resultado satisfatório. Isso se reveste de maior importância quando fatores anatômicos ou patológicos se colocam como obstáculos à boa execução do procedimento.
A maior parte desses obstáculos e complicações apenas limita o resultado no que tange ao fechamento do gap aéreo-ósseo, mas, em alguns casos, pode também comprometer a integridade e a função da cóclea, chegando a causar perda profunda e irreversível da audição do lado operado.
Este capítulo foca justamente nas dificuldades cirúrgicas e nas principais complicações intraoperatórias da estapedotomia. A maioria dessas situações pode ser prevista por uma boa avaliação pré-operatória e até prevenida, porém, às vezes, pode representar surpresas, cuja resolução depende da excelência técnica do cirurgião.