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OITENTA ANOS DE ELETROCONVULSOTERAPIA — ATUALIZAÇÃO DE PRINCÍPIOS E PRÁTICAS

Moacyr Alexandro Rosa

Marina Odebrecht Rosa

epub-BR-PROPSIQ-C9V4_Artigo1

https://doi.org/10.5935/978-65-87335-03-2.C0001

  • Introdução

Apesar do grande progresso ocorrido nos últimos anos no campo da psicofarmacologia para o tratamento dos transtornos mentais, a eletroconvulsoterapia (ECTeletroconvulsoterapia) continua sendo uma importante ferramenta no arsenal terapêutico psiquiátrico.1

A ECTeletroconvulsoterapia é um tratamento com características paradoxais, por ser um dos mais seguros e eficazes já inventados e, ao mesmo tempo, por ser um dos tratamentos que mais gerou polêmica na história da psiquiatria. O medo imaginário de que o procediemento pudesse levar a uma lesão cerebral ou à destruição de neurônios criou uma imagem negativa para a população leiga. Surgida ao lado de outros tratamentos já considerados obsoletos, como a insulinoterapia e a lobotomia, a ECTeletroconvulsoterapia continua sendo utilizada até hoje.2

Como outros tratamentos médicos, a ECTeletroconvulsoterapia sofreu uma evolução técnica muito profunda, e hoje é um procedimento extremamente seguro e que produz pouco ou nenhum desconforto para os pacientes.2

A primeira indução de convulsão (química, não com eletricidade) com finalidade terapêutica dos tempos atuais foi realizada em 1943, pelo húngaro Ladislau von Medua. Em 1938, Ugo Cerletti e Lucio Bini, em Roma, realizaram a primeira indução de convulsão em um ser humano com eletricidade.

Após o surgimento das medicações, em especial, antidepressivos (ADantidepressivos) e antipsicóticos, nos anos 1950, houve um claro declínio no uso da ECTeletroconvulsoterapia, que nunca desapareceu completamente. Contudo, nos anos 1980, houve um ressurgimento do procedimento, devido, em especial, às limitações das medicações, que incluem quadros refratários e quadros com excessos de efeitos colaterais.

Ao mesmo tempo, houve melhorias técnicas, como o uso mais generalizado da anestesia com relaxamento muscular e o desenvolvimento de aparelhagem sofisticada para a indução do estímulo e para a monitoração das crises (com eletroencefalografia [EEGeletroencefalografia], por exemplo).

A eficácia da ECTeletroconvulsoterapia foi indiscutivelmente comprovada, de forma empírica, ao longo dos anos na prática clínica e também por meio de estudos controlados.3 A sua utilização vai depender da disponibilidade do tratamento, do seu custo e da formação do psiquiatra, que precisa conhecer as principais indicações e os desfechos esperados.3 A taxa de utilização do tratamento e a sua disponibilidade variam muito de país para país e de região para região. Alguns países da Europa, como Alemanha e Espanha, praticamente, não oferecem essa opção. Outros países, como Inglaterra e Suécia, já têm essa opção disponível.

Muitos pacientes passam anos sendo tratados de forma inadequada, trocando sequencialmente de medicações e sendo privados da oportunidade de tentar sessões de ECTeletroconvulsoterapia. Isso é um grave erro, que deve ser corrigido. É preciso uma adequada formação dos profissionais e um esforço para que se aumente a disponibilidade do tratamento, para que todos que necessitem possam dele se beneficiar.4

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • verificar como se desenvolveu a ECTeletroconvulsoterapia;
  • descrever as indicações atuais da ECTeletroconvulsoterapia;
  • avaliar os efeitos colaterais, as contraindicações e os riscos da ECTeletroconvulsoterapia;
  • identificar os detalhes sobre a ECTeletroconvulsoterapia e a anestesia;
  • prescrever o tratamento com ECTeletroconvulsoterapia de forma adequada;
  • orientar os pacientes sobre os possíveis benefícios e os riscos envolvidos.
  • Esquema conceitual
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