Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar a otite média crônica (OMC) e algumas das rotinas do manejo clínico e cirúrgico;
- reconhecer o breve histórico a respeito da OMC e as classificações tradicionalmente utilizadas;
- identificar a sintomatologia e a rotina de avaliação em consultório e de exames complementares;
- compreender a classificação e a sistematização mais utilizadas atualmente para os principais subgrupos da OMC (retrações, perfurações timpânicas e colesteatoma);
- reconhecer os princípios do tratamento cirúrgico, considerando a OMC não colesteatomatosa (OMCNC).
Esquema conceitual
Introdução
A otite média (OM) é definida como um processo inflamatório, infeccioso ou não, localizado de modo focal ou generalizado na fenda auditiva.1,2 Os primeiros relatos associados a essa doença datam do final do século XIX, quando os autores descreviam o que hoje se conhece como as complicações da OMC. Apesar da terminologia diversa da atual, é possível reconhecer as complicações supurativas associadas aos quadros de otorreia crônica e as alterações timpânicas, principalmente os abscessos subperiosteais, cervicais e cerebrais, os quais precederiam, inexoravelmente, o óbito dos pacientes acometidos.3,4
A classificação dos processos inflamatórios da orelha média não é consensual, majoritariamente em razão da falta de compreensão global da doença e, consequentemente, da ausência de um sistema que contemple todos os aspectos necessários para o otologista.
Desde os primeiros relatos que associavam a otite supurativa crônica às complicações intra e extracranianas e à morte dos pacientes, ainda não é possível amadurecer um sistema de classificação que efetivamente ajude na decisão terapêutica e que possa predizer o prognóstico das diversas formas clínicas da doença. Ainda assim, como ponto de partida para este estudo, será apresentada a categorização proposta por Bluestone e Kenna, a qual, para fins didáticos, divide as OM5 em OM supurativa — aguda e crônica — e OM não supurativa — serosa e secretora (mucoide).
O foco deste capítulo é a abordagem prática das OMCs, com base na avaliação em consultório e nas condutas propostas, incluindo as indicações cirúrgicas. Além disso, será discorrida brevemente a técnica cirúrgica.