Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a fisiopatologia das doenças autoimunes da orelha interna;
- reconhecer e estabelecer o diagnóstico e o tratamento para as doenças autoimunes primárias da orelha interna;
- identificar os sintomas audiovestibulares das principais doenças autoimunes sistêmicas que comprometem a orelha interna.
Esquema conceitual
Introdução
O papel do sistema imunológico na mediação de patologias cocleovestibulares recebeu crescente atenção nos últimos anos.1 Nos países ocidentais, a porcentagem de doenças autoimunes é de cerca de 8% da população total, embora muitos estudos tenham relatado aumento na prevalência e na incidência nos últimos 20 anos.2
Os mecanismos autoimunes parecem ser a origem de muitos comprometimentos da orelha interna, de acordo com etiopatogênese que ainda não está completamente esclarecida.1 As condições autoimunes podem afetar o sistema vestibulococlear de duas maneiras:
- doenças próprias da orelha interna — distúrbios imunomediados isolados da orelha interna;
- distúrbios audiovestibulares secundários a doenças autoimunes sistêmicas — artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico (LES), síndrome de Sjögren, entre outras.
Hughes e colaboradores3 introduziram a distinção entre perda auditiva autoimune primária ou secundária.4 Quanto às doenças autoimunes primárias da orelha interna, que serão detalhadas especificamente neste capítulo, podem ser estabelecidas três doenças ou apresentações incluídas nesse grupo:
- doença autoimune da orelha interna (DAIOI);
- doença (síndrome) de Ménière autoimune;
- vestibulopatia bilateral autoimune.
A identificação correta do envolvimento da orelha interna em pacientes com doenças autoimunes é essencial para o tratamento adequado; no entanto, muitas vezes é negligenciado, em razão da apresentação clínica variável, do conhecimento limitado, de evidências esparsas e da falta de testes diagnósticos específicos.4