- Introdução
A parada cardiorrespiratória (PCRparada cardiorrespiratória) configura uma situação de emergência extrema, exigindo reconhecimento e tratamento imediatos.
A PCRparada cardiorrespiratória é definida pelo colapso circulatório de repercussão hemodinâmica devido à interrupção total da função mecânica cardíaca.1
A perda de consciência súbita é um importante sinal de redução de aporte de oxigênio ao cérebro. A mais urgente causa que deve ser prontamente pesquisada é a PCRparada cardiorrespiratória, para a instituição imediata de medidas de ressuscitação ou reanimação cardiopulmonar (RCPreanimação cardiopulmonar).1
São quatro ritmos possíveis em uma PCRparada cardiorrespiratória:
- fibrilação ventricular (FVfibrilação ventricular);
- taquicardia ventricular sem pulso (TVSPtaquicardia ventricular sem pulso);
- atividade elétrica sem pulso (AESPatividade elétrica sem pulso);
- assistolia.
Os diagnósticos apresentados são baseados no traçado eletrocardiográfico e agrupam-se conforme tratamento respondedor ou não respondedor à terapia elétrica (desfibrilação) – sendo a FVfibrilação ventricular e a TVSPtaquicardia ventricular sem pulso representantes do primeiro grupo, e a AESPatividade elétrica sem pulso e a assistolia, do segundo.
Segundo diversos registros, na maioria das vezes o ritmo responsável pela PCRparada cardiorrespiratória fora do hospital é respondedor à terapia elétrica.
Em uma das publicações do registro americano (Cardiac Arrest Registry to Enhance Survival - CARES), com mais de 40 mil acionamentos para PCRparada cardiorrespiratória em cinco anos, cerca de 70-85% dos eventos possuíram causa cardíaca, em população com idade média de 64 anos, predominância masculina (60%) e, dentre esses, estima-se que aproximadamente 85% ocorreram por FVfibrilação ventricular.2 Esses dados corroboram a importância do acesso a desfibriladores o mais precocemente possível, visto que a cada minuto que se posterga a desfibrilação, há uma redução de 10% na sobrevida desses indivíduos.1
A Figura 1 exemplifica a nova corrente de sobrevivência, dando a ideia de que, se um elo se rompe, não será possível realizar o passo seguinte.
Figura 1 – Corrente de sobrevivência. 1º elo: acionamento do serviço médico de emergência (SMEserviço médico de emergência) após reconhecimento precoce de PCRparada cardiorrespiratória; 2º elo: RCPreanimação cardiopulmonar precoce com ênfase nas compressões; 3º elo: desfibrilação rápida; 4º elo: suporte avançado de vida eficaz; 5º elo: cuidados pós-PCR.
Fonte: Adaptada de American Heart Association (2010).3
Nota da Editora: os medicamentos que estiverem com um asterisco (*) ao lado estão detalhados no Suplemento constante no final deste volume.
- Objetivos
Após a leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de:
- enfatizar a importância da corrente de sobrevivência para sucesso do atendimento a uma PCRparada cardiorrespiratória;
- ter noções gerais teóricas, porém com abordagem prática para sistematização ao atendimento à vítima de PCRparada cardiorrespiratória nos cenários extra e intra-hospitalar, do suporte fundamental de vida ao suporte avançado de vida (SAVsuporte avançado de vida);
- abordar os dois principais algoritmos de atendimento à PCRparada cardiorrespiratória: ritmos chocáveis e não chocáveis;
- discutir a estratégia terapêutica abordada em cada uma das situações apresentadas sob a forma de casos clínicos.
- Esquema conceitual