Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- analisar o modelo biopsicossocial;
- descrever a Prática Centrada na Família (PCF);
- sintetizar os principais modelos que incorporam a PCF, especialmente o modelo de colaboração família–profissional e seu uso na prática clínica;
- listar as intervenções que incorporam a PCF;
- identificar os instrumentos padronizados para a avaliação da PCF;
- reconhecer os aspectos que precisam mudar para a PCF ser mais utilizada na prática clínica.
Esquema conceitual
Introdução
A PCF é uma filosofia de cuidado que reconhece a família como central na vida da criança, aborda a criança no contexto familiar e apoia todos os membros no papel de cuidadores. É uma parceria em que prestadores de cuidados em saúde, como profissionais de saúde, e membros da família colaboram entre si para elaborar o plano de cuidados, tomam decisões e avaliam continuamente os cuidados prestados à criança.
Portanto, essa abordagem destaca que a família é quem melhor conhece a criança e que os profissionais, como o fisioterapeuta, possuem habilidades e competências necessárias para definir, junto com a criança e os familiares, as prioridades de intervenção e traçar metas e plano terapêutico individualizado para cada indivíduo. Há uma expectativa crescente de que os profissionais incluam os familiares como parceiros iguais no processo de intervenção e usem os objetivos da família como ponto de partida da intervenção.
A PCF não é uma intervenção específica, mas uma abordagem que pode ser incorporada durante o atendimento à criança em diversas intervenções, o que pode ser realizado por todos os profissionais que atendem a criança e o adolescente, e não só pelo fisioterapeuta. Atualmente, na literatura, as principais intervenções promissoras para a intervenção precoce de crianças com risco para paralisia cerebral (PC) incorporam a PCF em sua estrutura, como um modelo teórico.
Ainda são observadas diversas barreiras para a implementação completa da PCF nos serviços de saúde. Por isso, são necessárias mudanças tanto no âmbito do profissional de saúde, considerando a inserção na sua formação acadêmica e a educação continuada para o aperfeiçoamento da prática clínica, quanto no âmbito da família, para melhor entendimento desse modelo de prática.
Tais mudanças estão muito relacionadas à mudança do modelo biomédico para o modelo biopsicossocial, utilizado atualmente e caracterizado por abordagem mais abrangente, focada na funcionalidade. Nesse modelo, os cuidados em saúde integram os domínios físico, mental e social.