Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- descrever as estruturas anatômicas que fazem parte da articulação do quadril e suas funções;
- explicar o processo de formação da articulação do quadril durante o desenvolvimento e crescimento infantil;
- identificar fatores de risco para o deslocamento do quadril em crianças com paralisia cerebral (PC) e as incapacidades relacionadas a essa deficiência;
- definir o processo de avaliação e vigilância do quadril de crianças com PC.
Esquema conceitual
Introdução
O quadril da criança com PC é a segunda articulação, após o tornozelo, com maior risco de apresentar problemas durante o crescimento e o desenvolvimento. Quanto menor a capacidade de mobilidade da criança com PC, maiores as deficiências dessa articulação, e vice-versa, o que ocasiona um ciclo vicioso de deficiências, limitações em atividades e restrições na participação. As deficiências mais comuns da articulação do quadril são:
- modificação da estrutura;
- diminuição da estabilidade;
- diminuição da amplitude de movimento (ADM) e da força muscular;
- deslocamento da cabeça do fêmur com relação ao acetábulo.
O deslocamento, ou migração, da cabeça do fêmur acontece progressivamente, principalmente na criança com PC que não deambula. Inicialmente, ocorre instabilidade articular, seguida de subluxação e posterior luxação do quadril, que consiste no deslocamento completo da articulação. O manejo ideal do deslocamento do quadril em crianças com PC é facilitado por abordagem que se concentre em medidas antecipatórias e preventivas.
Apesar de muito prevalente e incapacitante, a identificação e a intervenção precoces de crianças em risco são eficazes para prevenir o deslocamento do quadril e a necessidade de tratamentos invasivos. Nesse sentido, foram desenvolvidos programas de vigilância do quadril da criança com PC, que têm como objetivo constatar o deslocamento do quadril suficientemente cedo para permitir a escolha de intervenções eficazes.
Neste capítulo, serão descritas as características funcionais da articulação do quadril, inclusive na criança com PC, além de abordado o programa de vigilância do quadril. Em razão da gravidade da condição, é imperativo que todos os profissionais que atuam com crianças com PC conheçam o programa de vigilância e o implementem em seus locais de trabalho, especialmente no Brasil.