- Introdução
Os procedimentos cirúrgicos representam um estresse fisiológico que quebra o estado de equilíbrio ou a também chamada homeostasia do organismo humano. Todas as cirurgias, principalmente as extensas, chamadas de cirurgias de grande porte, estão associadas a um período de convalescência, durante o qual a saúde, a capacidade funcional, a aptidão física e as reservas funcionais dos pacientes ficam comprometidas, tornando-os frágeis e suscetíveis a eventos adversos.
A aptidão física pré-operatória é um dos melhores preditores dos resultados cirúrgicos pós-operatórios. Os pacientes com capacidade funcional reduzida são os mais suscetíveis a complicações pós-operatórias (morbidade), à estadia hospitalar prolongada, com custos hospitalares elevados, e ao risco de óbito (mortalidade).
A habilitação para a cirurgia, ou a liberação para a cirurgia ou, ainda, a preabilitação são programas de cuidados que visam tornar os pacientes condicionados ou treinados, aumentando sua capacidade funcional, habilitando-os ou tornando-os aptos para enfrentar o evento cirúrgico.
Os programas de preabilitação também criam condições para maximizar a recuperação pós-operatória, procurando diminuir tanto a morbidade quanto a mortalidade pós-operatória. Adicionalmente, aceleraram o processo de recuperação cirúrgica, tornando o paciente otimizado em relação a todos os possíveis agentes de risco pré, trans e pós-operatórios.
Este artigo analisará os componentes essenciais dos programas de preabilitação, que são
- o treinamento físico;
- o suporte nutricional;
- a atenção psicológica;
- o abandono do tabagismo.
Entretanto, dá-se maior atenção ao componente treinamento físico, o qual estabelece relação direta com o fisioterapeuta. O enfoque deste artigo situa-se em abordar o modo de mensuração do desempenho físico funcional na prática clínica e a forma como o desempenho pré-operatório influencia o risco pós-operatório em cirurgias de grande porte, além de descrever os componentes essenciais de um programa de preabilitação cirúrgica, passando por sua viabilidade e, por fim, pelas evidências científicas de sua eficácia.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- conceituar preabilitação cirúrgica;
- identificar os principais fatores de risco cirúrgico;
- conhecer as complicações pós-operatórias;
- revisar o processo de avaliação de pacientes cirúrgicos;
- enumerar os principais componentes de programas de preabilitação;
- descrever os desfechos geralmente avaliados pela preabilitação;
- identificar as evidências da preabilitação em algumas cirurgias.
- Esquema conceitual