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PREVENÇÃO DE INFECÇÕES EM TERAPIA INTENSIVA

Autores: Francyne Lopes, Juliana Prates
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  • Introdução

As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRASinfecções relacionadas à assistência à saúde), antigamente conhecidas como infecções hospitalares, são importantes eventos adversos aos quais os pacientes estão expostos e representam relevantes indicativos da qualidade prestada.1 Estima-se que a cada 100 pacientes internados nos hospitais, 7,1 desenvolvam episódios de IRASinfecções relacionadas à assistência à saúde, representando 4.131.000 episódios por ano.2

A incidência de IRASinfecções relacionadas à assistência à saúde é consideravelmente maior em pacientes gravemente doentes. Nos países desenvolvidos, aproximadamente 30% dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIunidade de terapia intensivas) são afetados por pelo menos um episódio de IRASinfecções relacionadas à assistência à saúde, com significativa morbidade e mortalidade. Em países em desenvolvimento, a incidência pode chegar a 88%, sendo a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVMpneumonia associada à ventilação mecânica) a IRASinfecções relacionadas à assistência à saúde mais frequente, com incidência de aproximadamente 23%, seguida da infecção de corrente sanguínea (ICSinfecção de corrente sanguínea) relacionada ao cateter venoso central (CVCcateter venoso central), com 12,2%, e da infecção do trato urinário (ITUinfecção do trato urinário) associada à sondagem vesical de demora (SVDsondagem vesical de demora), com 8,8%.2

A prevenção das IRASinfecções relacionadas à assistência à saúde é de extrema importância por conta de suas consequências tanto para pacientes quanto para instituições, pois elas aumentam a morbidade e mortalidade do paciente, assim como os custos hospitalares.

A Regulamentação da Portaria nº 196, de junho de 1983,3 determinou a criação de Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIHComissões de Controle de Infecção Hospitalars) e sua implantação em todas as instituições públicas e privadas do Brasil, com a finalidade de controlar e prevenir a ocorrência de IRASinfecções relacionadas à assistência à saúde. Foram desenvolvidas ainda outras duas portarias ministeriais, que regulamentaram a atuação das CCIHComissões de Controle de Infecção Hospitalars no País, a Portaria nº 930, de agosto de 1992, e a Portaria nº 2.626, de junho de 1998, vigente até o momento.4,5

Um dos principais indicadores de qualidade assistencial é a adesão às práticas de higienização das mãos (HMhigienização das mãos),1 provavelmente reconhecida como medida importante para a prevenção de infecções desde o século XIX.

Apesar de os estudos de Oliver Wendell Holmes, em 1843, sugerirem que a febre puerperal era disseminada pelas mãos da equipe de saúde, somente após o registro dos dados observacionais do obstetra húngaro Ignaz Philipp Semmelweiss foi possível comprovar sua implicação nas taxas de mortalidade superiores a 18%, no Hospital Geral de Viena.1,6 Junto com Semmelweiss, Florence Nightingale, no século XIX, introduziu os conceitos e métodos de investigação científica e epidemiológica, além de práticas seguras para o atendimento de pacientes internados. Após esses dois estudos, a HMhigienização das mãos, entre outras medidas, gradualmente adquiriu relevância em relação à transmissão de microrganismos e infecções nas unidades assistenciais.

A adoção de medidas de prevenção de IRASinfecções relacionadas à assistência à saúde possui importante impacto nas práticas assistenciais, visto que a utilização de dispositivos invasivos (CVCcateter venoso central, sonda vesical de demora e ventilação mecânica [VMventilação mecânica]) constitui os principais fatores de risco para sua ocorrência. Por esse motivo, as síndromes infecciosas nosocomiais com maior potencial para prevenção são aquelas relacionadas com a utilização desses recursos.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • descrever os principais fatores de risco para infecções em pacientes graves internados em UTIunidade de terapia intensivas;
  • identificar a cadeia epidemiológica e o processo de transmissão de infecções;
  • compreender a fisiopatogenia das principais infecções que acometem os pacientes graves;
  • listar as medidas de prevenção de infecções em UTIunidade de terapia intensivas;
  • reconhecer o papel da equipe assistencial na prevenção de IRASinfecções relacionadas à assistência à saúde.
  • Esquema conceitual
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