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PROBLEMAS RELEVANTES NA ADOLESCÊNCIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UMA ABORDAGEM CENTRADA NO ADOLESCENTE

Autores: Tatiana Monteiro Fiuza, Camilla Mendes Tavares, Lais Külkamp Bressan, Fernanda Fonteles Moreira
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer o método clínico centrado na pessoa (MCCP) na abordagem ao adolescente na atenção primária à saúde (APS);
  • abordar os problemas relacionados à nutrição e à alimentação na adolescência;
  • identificar o desenvolvimento puberal fisiológico;
  • identificar os problemas relacionados ao crescimento e ao desenvolvimento puberal na adolescência;
  • reconhecer os distúrbios relacionados ao ciclo menstrual na APS.

Esquema conceitual

Introdução

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência corresponde ao período em que o indivíduo passa do ponto do aparecimento inicial dos caracteres sexuais secundários para a maturidade sexual associado a transformações sociais e psicológicas que evoluem da fase infantil para a fase adulta.1

A adolescência é, comumente, associada à puberdade (palavra derivada do latim pubertas-atis), referindo-se ao conjunto de transformações fisiológicas ligadas à maturação sexual, que traduzem a passagem progressiva da infância à adolescência. Essa perspectiva prioriza o aspecto fisiológico, quando se considera que ele não é suficiente para se pensar que seja a adolescência uma construção sócio-histórica cujas manifestações são fortemente influenciadas pelos fatores socioeconômicos, políticos e culturais do ambiente em que o adolescente vive.

O Ministério da Saúde (MS) segue como definição de adolescência a mesma prescrita pela OMS, que caracteriza o período de 10 a 19 anos e compreende como juventude a população de 15 a 24 anos.2 O Estatuto da Juventude (Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013) define juventude a partir das seguintes faixas etárias:3

  • 15 a 17 anos — adolescentes-jovens;
  • 18 a 24 anos — jovens-jovens;
  • 25 a 29 anos — jovens-adultos.

O MCCP é uma ferramenta consagrada na prática do médico de família e comunidade (MFC), pois, ao retirar o foco da doença e colocar a pessoa como ponto principal, potencializa seu cuidado integral — um dos princípios da medicina de família e comunidade.

No histórico do paciente, junto com os outros elementos da consulta, como anamnese e exame físico, pode-se perceber as dimensões da experiência da doença, isto é, sentimentos, ideias, funcionamento e expectativas (SIFE) que ela gera na pessoa.

Entre os componentes do MCCP, citam-se:

  • primeiro componente — explorando a saúde, a doença e a experiência da doença;
  • segundo componente — entendendo a pessoa como um todo;
  • terceiro componente — elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas;
  • quarto componente — intensificando a relação entre a pessoa e o médico.

Entender a pessoa como um todo indica a necessidade de compreender o contexto vivido e experienciado pelo adolescente, ou seja, o olhar ampliado que desvele as repercussões do ambiente na saúde e na doença, assim como na promoção e na prevenção da saúde. É importante ponderar que ambiente, nessa discussão, comporta espaço físico, domínio social, psicológico e econômico.

A adolescência ocorre integrada ao ciclo de vida familiar e a crises previsíveis do desenvolvimento. O MFC deve estar atento às famílias com filhos adolescentes, levando em consideração as diversas constituições familiares. Crises acidentais, como mortes violentas prematuras, mães adolescentes, casamentos precoces, famílias desestruturadas, não devem ser negligenciadas na atenção ao adolescente.

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