Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- entender os conceitos básicos em gênero e sexualidade (GS);
- resumir dados epidemiológicos básicos sobre a saúde mental de minorias sexuais e de gênero (MSG);
- explicar o modelo do estresse de minoria (EM) e o impacto do preconceito na saúde mental de MSG;
- descrever os prejuízos decorrentes de tentativas de cura, conversão e correção de GS;
- situar suas práticas psicoterápicas a partir do modelo das competências clínicas multiculturais;
- desenvolver estratégias de psicoterapia baseada em evidências para avaliar e tratar as necessidades únicas de MSG;
- proporcionar acolhimento de qualidade a MSG, com base em sensibilidade, validação e perícia técnica.
Esquema conceitual
Introdução
O objetivo deste capítulo é apresentar um modelo contemporâneo de psicoterapia baseada em evidências adequado às necessidades únicas de MSG, ou seja, estratégias psicológicas direcionadas para as comunidades de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT).
Ao longo da sua história, os saberes psicológicos se comportaram de maneira inadequada e eticamente questionável em relação às MSG, patologizando seus comportamentos e suas experiências de vida. Isso contribuiu, de forma significativa, para produzir e manter situações de violência, discriminação e desamparo que, infelizmente, afligem essas comunidades até hoje.
A partir da década de 1990, como forma de reparar os danos causados à saúde mental de MSG, ganharam força propostas de modelos teóricos e estratégias clínicas adequadas às necessidades únicas dessas comunidades. Esse movimento não apresenta uma uniformidade terminológica ou escola de psicoterapia específica, apresentando-se a partir de conceitos variados, como práticas culturalmente adequadas, competências clínicas multiculturais, cuidado culturalmente humilde e psicoterapia afirmativa.
Independentemente do termo, a ideia central proposta é adquirir conhecimento sobre os panoramas social, cultural e epidemiológico das comunidades LGBT e desenvolver habilidades para avaliar e tratar suas necessidades únicas.
O campo de estudos em GS é amplo, heterogêneo, difuso e permeado por disputas práticas e conceituais. Considerando esse cenário, a proposta deste capítulo é oferecer ferramentas básicas a psicoterapeutas que desejam trabalhar com MSG.