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PSIQUIATRIA NO SETTING PRIVADO: O CONSULTÓRIO

Autor: Táki Athanássios Cordás
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  • Introdução

Até onde se sabe, a psiquiatria é a décima primeira especialidade médica mais comum. Mais de 9 mil médicos são especialistas na área, o que representa 2,7% do total de especialistas no Brasil (dados de 2014).1 Destes, 5.500 são filiados à Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Considerando todas as especialidades, a quase totalidade dos médicos com consultório próprio (98,6%) atende pacientes particulares; três quartos deles (74,6%) atendem também pacientes conveniados a planos de saúde, e um quarto atende apenas pacientes particulares e não trabalha com planos de saúde.

No presente artigo não foi feita distinção entre a prática privada no atendimento de pacientes particulares ou conveniados: primeiro, porque, como se vê, um mesmo médico atende pacientes de ambas as fontes; e, em segundo lugar, não parece que deva haver nenhuma diferença na boa assistência médica oferecida ao paciente.

Considerando todas as especialidades, mais da metade dos médicos entre 35 e 60 anos (55,5%) trabalha em consultório particular ou clínica privada. Os mais jovens, de até 35 anos, são 42,8% e estão em maior número no grupo “sem consultório”.1 Talvez o artigo ofereça mais recomendações para o último grupo, o neófito, jovem psiquiatra recentemente iniciando consultório. Para o médico mais experiente e com mais tempo de prática privada, espera-se que algumas questões sejam úteis.

Quando possível, salientam-se diferenças. As recomendações aqui apresentadas fazem sentido ao profissional que se dedica total ou parcialmente ao atendimento em psiquiatria clínica. A dinâmica de consultório do profissional que se dedica integralmente à psicoterapia é absolutamente diferente e não é o escopo deste artigo.

Em vista do enorme campo de conhecimento de psicofarmacologia, de neurociências e da enorme complexidade de questões e técnicas psicoterápicas, não se julga mais possível a figura do psiquiatra “anfíbio”, que “medica” e faz terapia. A exigência de formação, qualquer que seja a prática escolhida e as suas complexidades, não mais o permite.

Além da questão da formação teórica, outra questão técnica inquieta nessa dupla prática. As escutas são completamente diferentes: o psiquiatra clínico está atento ao diagnóstico de sinais e sintomas, e o terapeuta às questões psicodinâmicas, relacionais, e não pode haver confusão epistemológica. De forma alguma isso significa a prática de uma psiquiatria sem alma ou organicista, no pior sentido do termo, e de uma psicoterapia sem cérebro, desqualificando aspectos biológicos.

  • Objetivo

Ao final da leitura do artigo, o leitor será capaz de:

 

  • analisar questões relacionadas à prática privada em psiquiatria, tais como orientações ao paciente e familiares, a conduta a ser adotada quando da impossibilidade de prestar atendimento em função de férias e participações em congressos, a realização da anamnese e os temas que merecem ser mais estudados nas escolas médicas e em eventos científicos.
  • Esquema conceitual
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