Objetivos
Após a leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- entender os principais elementos relevantes da anatomia e conceitos aplicados à recuperação funcional de pacientes com instabilidade de ombro;
- compreender as principais técnicas cirúrgicas utilizadas para a estabilização do ombro;
- refletir criticamente a respeito da avaliação e da recuperação funcional pós-operatória em pacientes com instabilidade de ombro.
Esquema conceitual
Introdução
A cintura escapular é o segmento com a maior amplitude de movimento (ADM) do corpo humano, e sua função é a de posicionar a mão no espaço. A cintura escapular é formada por três articulações verdadeiras (glenoumeral, acromioclavicular e esternoclavicular) e dois espaços que se comportam como articulações (escapulotorácico e subacromial). A evolução do homem para a posição bipedestada fez a escápula migrar para a região posterior do tórax, tornando a articulação glenoumeral mais móvel e menos estável. Um ombro saudável consegue posicionar a mão humana em um alcance capaz de cobrir 65% de uma esfera.1
A maior mobilidade do ombro pode ter tido importância fundamental para a preservação da espécie humana, pois é sugerido que ela permitiu ao homem a possibilidade de escalar, movimentar-se de galho em galho (braquiação), manusear ferramentas e arremessar objetos. Ao realizar tais movimentos, é fundamental que a cabeça umeral se mantenha centralizada na cavidade glenoide para que haja equilíbrio entre a resultante das forças que atuam na cintura escapular — esse é o conceito de estabilidade.2 A estabilidade glenoumeral é uma condição sine qua non para a prática de esportes overhead. Quando há uma perda desse equilíbrio suficientemente capaz de desencadear sintomas, tem-se a instabilidade da articulação.3
Este capítulo abordará uma visão prática e simplificada sobre a recuperação funcional após cirurgia para estabilização do ombro. Não faz parte do escopo deste texto o tratamento conservador. Os principais fatores contribuintes para o entendimento necessário do manejo fisioterapêutico serão abordados, tais como aspectos anatômicos, conceitos fundamentais e elementos críticos à avaliação e ao tratamento.