Introdução
A relação afetiva entre a mãe e o bebê é iniciada desde a gestação e se aprimora logo após o nascimento. O bebê possui necessidades física e psíquica de se vincular, com o objetivo de buscar conforto, amor e refúgio junto à mãe. Esse vínculo se fortalece conforme a mãe lida com os conflitos inerentes à maternidade e se adapta às mudanças próprias do período puerperal.
Autores afirmam que bebês que viveram um contexto de depressão materna apresentam1,2
- diminuição do ganho de peso;
- problemas de saúde;
- menores limiares de dor;
- resposta maior à dor durante as vacinas de rotina;
- risco de mortalidade três vezes maior em bebês até 6 meses de idade e aproximadamente duas vezes maior até 12 meses de idade;
- padrão de sono perturbado;
- comprometimento do desenvolvimento motor;
- atraso no desenvolvimento cognitivo;
- apego inseguro;
- ansiedade;
- menor engajamento social;
- aumento nos problemas comportamentais da criança aos 2 anos de idade, incluindo mais transtornos de humor e temperamento mais difícil;
- maior probabilidade de sofrimento mental até 10 anos depois do parto, em países de baixa e média renda.
É importante avaliar o vínculo entre mãe e bebê desde a gestação para que os problemas sejam detectados precocemente e as intervenções de enfermagem atendam às peculiaridades da mãe e do filho. Para tal, observa-se a necessidade de o(a) enfermeiro(a) adotar instrumentos de avaliação confiáveis, capazes de auxiliar o estudo da ligação afetiva entre mães e filhos.
A Classificação de Resultados de Enfermagem (em inglês, Nursing Outcomes Classification [NOCClassificação dos resultados de enfermagem]) propõe a escala de resultado de enfermagem Vínculo pais–bebê (1500), definido como “comportamentos dos pais e do bebê que demonstram um elo afetivo duradouro”.3 Os indicadores são utilizados para verificar o estado de saúde atual do paciente e/ou mudanças ocorridas decorrentes de intervenções de enfermagem para um determinado problema,3 a exemplo de disfunções na relação entre a mãe e o bebê.
A NOCClassificação dos resultados de enfermagem, contudo, não apresenta definições para os indicadores e seus respectivos níveis de mensuração, dificultando a sua utilização nos cenários de cuidado. Dessa forma, neste capítulo, serão apresentadas definições constitutivas e operacionais para os indicadores do resultado de enfermagem Vínculo pais-bebê, aplicadas para mães de bebês com até 12 meses de idade acompanhados na atenção primária à saúde.4
A escolha do tema deste capítulo justifica-se pelo fato de a mãe ser a figura primordial com a qual o bebê estabelece suas primeiras ligações afetivas, desde o período gestacional até o puerpério.4
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a importância da avaliação da relação entre mãe e filho;
- identificar os principais fatores associados com disfunções na relação entre mãe e filho;
- caracterizar os principais transtornos mentais relacionados com problemas nas relações entre mãe e filho;
- definir o resultado de enfermagem Vínculo pais-bebê e descrever seus elementos;
- reconhecer as definições dos indicadores do resultado de enfermagem Vínculo pais–bebê.