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RETORNO AO TRABALHO APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Renata Viana Brígido de Moura Jucá

Pedro Braga Neto

Aline Alvim Scianni

Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela

Lucas Nascimento

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • definir trabalho e retorno ao trabalho;
  • identificar fatores que influenciam o retorno ao trabalho após acidente vascular cerebral (AVC) reportados na literatura;
  • listar fatores pessoais e ambientais envolvidos na decisão de retorno ao trabalho;
  • especificar os fatores prognósticos de retorno ao trabalho de indivíduos pós-AVC no Brasil;
  • estimar a taxa de retorno ao trabalho de indivíduos pós-AVC no País;
  • reconhecer precocemente indivíduos com maiores chances de voltar a trabalhar após AVC;
  • nomear políticas públicas que envolvem o retorno ao trabalho de indivíduos pós-AVC;
  • exemplificar iniciativas que favoreçam a inserção social e o retorno ao trabalho;
  • discutir resultados de estudos de intervenções que melhorem a taxa de sucesso do retorno ao trabalho;
  • descrever propostas de intervenção fisioterapêutica direcionadas para o retorno ao trabalho.

Esquema conceitual

Introdução

O AVC é a principal causa de morte e incapacidade na população adulta brasileira.1 A taxa de mortalidade por AVC vem declinando nos últimos anos, porém sua incidência ainda é alta, são 108 casos por 100 mil habitantes ao ano, segundo a Pesquisa Nacional em Saúde.2

Com o incentivo de políticas públicas, como a criação da linha de cuidado pelo Ministério da Saúde em 2012, o número de centros de referência para tratamento de AVC aumentou e a taxa de mortalidade em serviços públicos diminuiu.3 Entretanto, o AVC ainda representa 10,1% das internações hospitalares, e 25 a 35% dos indivíduos permanecem com algum grau de incapacidade, o que mostra a importância da reabilitação.2

O AVC gera impacto significativo em todos os aspectos da vida do indivíduo em razão de disfunções neurológicas motoras, sensitivas e visuais, déficits neuropsicológicos, como atenção, memória e linguagem, e outros distúrbios, como depressão e demência.4,5 Tais deficiências e condições limitam a realização de atividades da vida diária (AVD) e comprometem as habilidades de exercer o trabalho prévio, restringindo a participação social do indivíduo.

A prevalência do AVC aumenta com a idade em indivíduos menos escolarizados e residentes na zona urbana. Apesar de a incidência ser maior em pessoas com idade superior a 60 anos, adultos mais jovens, produtivos no mercado de trabalho, vem sendo cada vez afetados.2 Um estudo nacional prospectivo de 10 anos registrou aumento de 62% na incidência de adultos jovens, o que aumenta a demanda por serviços de reabilitação, gera afastamento do mercado de trabalho, representando grande encargo econômico para o governo brasileiro.6

O custo anual com o tratamento agudo do AVC no Brasil varia de R$ 8.559 por indivíduo com AVC isquêmico (AVCi) a R$ 18.454,5, no caso de AVC hemorrágico (AVCh), o que representa apenas pequena parte do real fardo da condição para a saúde pública.7

Além dos gastos com o tratamento em si, há custos indiretos associados à morbidade, como reabilitação, serviços de assistência e cuidados não remunerados de familiares, além do afastamento precoce do mercado de trabalho.7 A redução da força de trabalho por AVC gera grande impacto econômico para o paciente, sua família e a previdência social, em razão de aposentadorias e benefícios concedidos.8

Neste capítulo, serão abordadas informações sobre o retorno ao trabalho após episódio de AVC, considerando aspectos pessoais e ambientais, assim como o que pode ser feito para facilitar esse processo.

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