Introdução
A unidade de terapia intensiva (UTI), destinada a pacientes em estado crítico de saúde, oferece assistência complexa e especializada por meio de equipe multiprofissional. Por possuir características peculiares, ser um ambiente de alta complexidade, contar com fluxo de diversos profissionais, além da instabilidade geral dos pacientes, a UTI exige atenção e monitoração constantes dos profissionais, visando à segurança do paciente, em razão da possibilidade de ocorrência de eventos adversos (EAs).1
Nesse contexto, aspectos relacionados com a comunicação entre os membros da equipe multiprofissional podem contribuir com as ações de segurança do paciente. A comunicação entre os profissionais que integram a equipe é importante para que não ocorram distorções e falhas na assistência, visto que por meio dela são fornecidas informações que contribuem para o conhecimento uniforme.1 Em suas variadas formas, a comunicação desempenha papel de instrumento de significância humanizadora. Para isso, a equipe precisa estar disposta e envolvida no estabelecimento dessa relação.1
Investimentos e avanços em tecnologias de informação têm ganhado destaque na busca pela comunicação efetiva. Contudo, não substituem a comunicação verbal — em razão da riqueza nas interações —, que se destaca por ser uma ferramenta de compartilhamento de informações acerca dos pacientes, transmitindo urgência e ressaltando nuances situacionais.2
Os rounds multiprofissionais estruturados são recursos que favorecem a comunicação entre membros da equipe, podem reduzir o tempo de permanência do paciente na unidade e melhorar os indicadores de qualidade. Nesse cenário, a comunicação efetiva visa solucionar, em equipe, problemas de vários aspectos que possam surgir durante a internação.2
O round multiprofissional é uma estratégia organizacional que atende ao princípio da integralidade, previsto na política do Sistema Único de Saúde (SUS), visando à recuperação do paciente. É rotina em alguns hospitais de excelência e, a princípio, utilizado em unidades fechadas, como as UTIs. Trata-se de um momento em que a equipe multiprofissional se reúne à beira do leito e discute intervenções, propondo condutas e novas abordagens em prol do paciente.3
O round multiprofissional valoriza tanto a complexidade dos cuidados intensivos como a comunicação entre os profissionais.3 Além disso, compreende a passagem conjunta dos profissionais à beira do leito de cada paciente, em que cada um possui papel definido. Nesse sentido, um protocolo como a checklist, por meio da qual as informações possam ser compartilhadas, tem sido uma forma sistemática de realizar e questionar fatos e aspectos de cuidado ao paciente.4
A aplicação de checklists possui várias vantagens, uma vez que ajuda na recuperação da memória e esclarece as etapas mínimas esperadas em um processo complexo ao auxiliar a equipe a trabalhar em conjunto, estabelecendo um padrão mais elevado de desempenho básico.4
A comunicação é um aspecto importante para estabelecer o round multiprofissional de maneira adequada e com resultados positivos dentro da terapia intensiva. Isso se deve à complexidade do cuidado em UTIs, ambientes que apresentam risco elevado de ocorrência de EAs, muitas vezes ocasionados pela não efetividade da comunicação.3
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a importância do round multiprofissional à beira do leito;
- identificar os itens que compõem a checklist do round multiprofissional;
- conhecer as metas assistenciais para o round multiprofissional.