Introdução
A atualização profissional é um processo educativo que busca proporcionar a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes para que o profissional atinja plenas competências técnicas e desenvolva sua capacidade pessoal.1 É considerada uma das estratégias educativas para manter e aumentar o conhecimento dos profissionais, o que consequentemente melhora os indicadores de saúde e a qualidade de vida das populações.2
A literatura aponta que o conhecimento adquirido pelos profissionais diminui com o passar do tempo e precisa ser atualizado frequentemente, uma vez que, quando prestam assistência desatualizados, podem comprometer a qualidade dos serviços e impactar de maneira significativa a morbidade e a mortalidade dos pacientes.3
No ambiente das unidades de terapia intensiva (UTIs), rodeado de tecnologia, com modificações constantes de equipamentos, técnicas e intervenções, somadas à instabilidade dos pacientes, manter a equipe atualizada e preparada para lidar com a complexidade do cuidado prestado é essencial a fim de garantir a segurança do paciente e a qualidade da assistência.
O enfrentamento mundial da pandemia da doença por coronavírus 2019 (em inglês, coronavirus disease 2019 [COVID-19]) colocou os profissionais atuantes no contexto das UTIs, membros da linha de frente, em destaque. Houve a necessidade de abertura de novos leitos, adequação de sistemas, além do uso ininterrupto de equipamentos de proteção individual (EPIs), corroborando a importância de os profissionais estarem atualizados quanto aos protocolos clínicos de atendimento aos pacientes graves.
Atualmente, os treinamentos de profissionais de saúde, sobretudo da equipe de enfermagem, têm sido problematizados a partir de metodologias ativas de aprendizagem.4
Metodologias ativas são estratégias de ensino-aprendizagem que utilizam experiências reais ou simuladas a fim de despertar a curiosidade do aluno, mobilizando-o para a busca por conhecimento, a realização de análise e a tomada de decisão individual ou coletiva, visando à solução de problemas em diferentes contextos da prática social.4
Uma das metodologias ativas que vem ganhando destaque em contrapartida às barreiras de aprendizado para a atualização profissional é a simulação clínica.
Simulação clínica é um processo dinâmico que envolve a criação de uma oportunidade hipotética, que incorpora uma representação autêntica da realidade, facilitando o envolvimento ativo dos alunos.
A simulação clínica integra as complexidades do aprendizado prático e teórico com oportunidades para repetição, feedback, avaliação e reflexão, com o intuito de espelhar, antecipar ou ampliar situações reais com as experiências guiadas de uma forma totalmente interativa.5,6
A literatura reporta estudos7–9 cujo objeto da investigação foi o uso de simulação clínica para atualização profissional da equipe de enfermagem nos ambientes de terapia intensiva. Os resultados demonstram que se trata de uma estratégia promissora, que garante aos profissionais a preparação para intervenções rápidas e acertadas, além da possibilidade de treinarem habilidades, destreza, segurança, boa comunicação e entrosamento com a equipe.
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer o conceito de simulação clínica;
- descrever as etapas da simulação clínica;
- diferenciar as principais modalidades de simulação clínica;
- reconhecer os tipos de simuladores, a fidelidade da simulação clínica e o uso de instrumentos;
- identificar as contribuições da simulação clínica para a atualização profissional aplicada no contexto da terapia intensiva.
Esquema conceitual
