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Saúde mental de universitários: fatores relacionados, instrumentos de avaliação e proposta de intervenção

Autores: Giovanna Belei-Miyazaki, Alessandra Turini Bolsoni-Silva
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • compreender quais fatores estão relacionados aos problemas de saúde mental em universitários;
  • reconhecer os instrumentos que podem ser utilizados na triagem e avaliação dos problemas de saúde mental em universitários;
  • verificar as possibilidades de intervenções potencialmente positivas para estudantes com problemas de saúde mental.

Esquema conceitual

Introdução

Os primeiros episódios de problemas de saúde mental frequentemente ocorrem durante a segunda década de vida, compreendida em termos desenvolvimentistas pelo final da adolescência e início da idade adulta. Esse período é marcado por um grande número de mudanças, entre elas, a entrada na universidade.1,2 Os desafios vivenciados durante o ensino superior podem afetar sua saúde mental, seu desempenho acadêmico e a própria permanência e conclusão do curso.3

A prevalência de problemas de saúde mental (aqui concentrando-se principalmente em ansiedade e depressão) entre universitários é superior à encontrada na população em geral, tanto no Brasil quanto no mundo. Na população, a Organização Mundial da Saúde4 aponta que os transtornos de ansiedade acometem 3,6% e que os transtornos depressivos estão presentes em 4,4%. No Brasil, a prevalência populacional de transtornos ansiosos é de 9,3%, a mais alta entre todos os países reportados. Os transtornos depressivos, por sua vez, estão presentes em 5,8% da população brasileira, a quinta colocação mais alta no mundo.4,5

Considerando sintomas de ansiedade em universitários, foi identificada a presença desse transtorno em 33,8% dos universitários de medicina em todo o mundo.6 Quanto à depressão, uma metanálise com quase 80 mil universitários de 20 países de baixa e média renda (low and middle income countries [LMICs], categoria da qual o Brasil faz parte) apontou a prevalência de depressão em 24,4% dos estudantes.7 Outra metanálise avaliando estudos sobre a prevalência de ansiedade e depressão em universitários brasileiros concluiu que 37,7% apresentavam ansiedade, e 28,5%, depressão.8

Como referido, problemas de saúde mental são comuns entre universitários. Bruffaerts e colaboradores9 encontraram dados indicativos de que os estudantes que enfrentam tais sintomas durante o período letivo vivenciam queda significativa em seu nível acadêmico, quando comparados com os alunos sem tais queixas. Os autores encontraram que as notas de todas as disciplinas do ano dos estudantes com problemas de saúde mental têm queda de 0,2 a 0,3 pontos.

Um exemplo dos efeitos dessa queda sobre o desempenho: um estudante com um nível acadêmico localizado no percentil 50 de sua turma teria uma queda de desempenho para o percentil 38 na presença de problemas internalizantes, enquanto a queda seria para o percentil 35 caso houvesse presença de problemas externalizantes.9 Além disso, é importante considerar que universitários com problemas de saúde mental têm o dobro de chances de abandonar o curso.10

Nesse sentido, compreender as variáveis relacionadas a problemas de saúde mental em universitários, bem como sua avaliação e intervenção, pode auxiliar profissionais e instituições a estarem mais atentos e a intervir de forma precoce.

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