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Tratamento da dor crônica em formato remoto: uma proposta de intervenção em grupo

Autor: Fernanda Martins Pereira
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer a especificidade da dor crônica em relação à duração e ao impacto físico, psicológico e social;
  • conceituar a compreensão da dor como uma experiência subjetiva;
  • descrever o papel das cognições no processamento e manejo da dor;
  • descrever as principais técnicas cognitivo-comportamentais utilizadas nessa área;
  • identificar o impacto da pandemia de COVID-19 na assistência aos pacientes com dor;
  • distinguir as vantagens e desvantagens das alternativas remotas para manejo da dor;
  • ilustrar uma proposta de intervenção remota grupal de autogerenciamento da dor crônica.

Esquema conceitual

Introdução

A dor é um mecanismo de alerta importante para a sobrevivência do organismo, uma vez que sinaliza algo errado com o corpo. Frequentemente associada a lesões teciduais, a dor costuma cessar diante da restauração do dano físico. No entanto, há casos nos quais a dor torna-se crônica, persistindo por mais de 3 meses e perdendo sua função de alerta biológico. Torna-se, assim, uma doença por si só.1

Considerada um problema de saúde pública, a dor crônica afeta mais de 30% da população mundial.2 No Brasil, foi identificada uma prevalência entre 23,02 e 41,4% da doença.3 Entre as suas expressões mais comuns estão os quadros de fibromialgia e lombalgia.

A dor crônica pode acarretar prejuízos físicos, mentais e sociais, como redução da capacidade funcional, alterações de sono, danos à saúde mental e vivência de exclusão social, diminuindo a qualidade de vida do paciente e trazendo sobrecarga aos sistemas de saúde.4 Por se tratar de uma condição complexa e multifatorial, intervenções biopsicossociais são amplamente preconizadas no tratamento da dor, podendo envolver diferentes profissionais de saúde, como médicos, psicólogos, educadores físicos, fisioterapeutas e nutricionistas.

Recentemente, profissionais de saúde dedicados ao estudo e tratamento da dor crônica se viram diante de um desafio. A pandemia de COVID-19 impôs o fechamento temporário dos serviços de saúde, deixando um enorme grupo de pacientes desassistidos. Diante desse cenário de urgência, dos riscos de não tratamento e de evidências clínicas em relação às terapias remotas, a comunidade científica incentivou o desenvolvimento de estratégias via telessaúde para monitorar e assistir pacientes com dor, inclusive no Brasil.5

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