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SAÚDE ÚNICA E INTERDISCIPLINARIDADE: REFLEXÕES PARA A GESTÃO DE ENFERMAGEM

Ricardo Augusto da Silva Probo

Samira Valentim Gama Lira de Alencar

Tifanny Horta Castro

Nataly Pereira Pontes

Aurilene Lima da Silva

Débora Rodrigues Guerra Probo

Livia de Andrade Marques

epub-BR-PROENF-GES-C11V1_Artigo3

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • ampliar seus conhecimentos sobre a Saúde Única;
  • identificar diferentes ações de enfermagem que podem estar relacionadas à Saúde Única;
  • compreender a gestão de enfermagem no contexto da Saúde Única.

Esquema conceitual

Introdução

A Saúde Única está baseada na tríade “indivíduo–população–ecossistema”, não sendo possível separar a saúde humana da animal e ambiental.1 Considerando esta premissa, as questões de saúde precisam ser tratadas de forma integralizada, colaborativa, interprofissional e multissetorial, aperfeiçoando soluções para zoonoses e outras ameaças à saúde local e global.2 Diante desse contexto, questiona-se qual o papel da enfermagem na abordagem da Saúde Única.

Acredita-se que o enfermeiro deva ser sensibilizado, desde a formação, para questões ambientais e o impacto na atenção à saúde humana, relacionada com a saúde animal e como estas permeiam a saúde ambiental. Portanto, é mister fortalecer o estabelecimento de boas parcerias entre a enfermagem e as demais profissões da saúde e das que estarão ligadas direta ou indiretamente à Saúde Única, como é o caso da medicina veterinária e da engenharia ambiental, por exemplo.

O enfermeiro deverá atuar de forma interdisciplinar com os demais trabalhadores da saúde e de áreas afins, promovendo ações que visem à prevenção e ao controle do adoecimento, tanto em humanos quanto em animais, mitigando os danos ao meio ambiente em todos os níveis de atenção (primária, secundária e terciária) e nos diversos cenários de prática profissional, desde domicílio, consultórios, ambulatórios e clínicas até o serviço mais especializado.

Destaca-se que, em dezembro de 2019, após casos registrados na cidade de Wuhan (China), foi descoberto um novo vírus da família coronavírus denominado Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS-CoV-2), responsável pela doença COVID-19, que se tornou um grave problema de saúde pública mundial, evoluindo de forma rápida e esgotando a capacidade de resposta dos sistemas de saúde.3 Essa pandemia, ocasionada, provavelmente, pelo manuseio inadequado de animais selvagens, reforça a importância da discussão e implementação da Saúde Única.2

Foi com base no exposto que a construção deste capítulo se torna ainda mais necessária, visto que não há como pensar a gestão em enfermagem sem uma visão sistêmica do contexto de abrangência.

Visão geral sobre a tríade da Saúde Única

A tríade da Saúde Única foi impactada pelos riscos e danos à vida humana e aos animais no ambiente. Tal realidade exigiu que todos se adaptassem a esse novo panorama, que implicou diversas alterações, como:

 

  • individuais;
  • familiares;
  • afetivas;
  • educacionais;
  • profissionais;
  • socioeconômicas;
  • culturais.

Limongi e Oliveira,4 em seu trabalho de revisão sistemática acerca da COVID-19 e a abordagem da Saúde Única em 62 publicações, obtiveram 28 (45,2%) que apresentavam propostas para a vigilância à saúde por meio de abordagem global envolvendo saúde humana, animal e ambiental. Detectaram que as questões biológicas, como as investigações relacionadas ao vírus, aos hospedeiros e à biotecnologia foram os temas mais abordados, e enfatizam a aplicabilidade do conceito de Saúde Única no contexto da pandemia da COVID-19 como fundamental imperiosa.

Ressalta-se que o ano de 2020 foi considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) o Ano da Enfermagem, em homenagem ao bicentenário de Florence Nightingale, precursora da enfermagem moderna, que se destacou por refletir uma visão ampla e inovadora no cuidado.5

Dentre as várias percepções, evidenciou-se a influência de fatores ambientais no processo de saúde/doença de pacientes em cenário de guerra, e, recentemente, em contexto semelhante, no enfrentamento de um vírus causador de uma pandemia, que a profissão lidou com os desafios que surgiram a cada momento, como:5

 

  • distanciamento/isolamento social;
  • adoecimento e morte de colegas e de pessoas do seu convívio;
  • condições de trabalho nem sempre satisfatórias;
  • contato direto e frequente com pacientes infectados;
  • medo de morrer, bem como de adoecer e de levar a contaminação para seu domicílio e familiares.

É de suma relevância o reconhecimento dos profissionais de enfermagem na atuação de grande parte das ações de enfrentamento à COVID-19, nos diversos níveis de atenção, incluindo participação em cargos de gestão em comissões de trabalho estabelecidas para tal finalidade, reforçando a necessidade de se investir no desenvolvimento de estratégias de prevenção de adoecimento e valorização em prol de investimento da força de trabalho, com repercussões na recuperação de doentes e da promoção da saúde e bem-estar global.

Em estudo realizado por Geremia e colaboradores3 acerca do legado de Florence Nightingale para a prática da enfermagem, os enfermeiros reconheceram a importância dela para suas práticas e gestão em saúde pública, e consideraram que percebem a valorização da profissão pelo protagonismo técnico-científico, legal e político na construção de saberes, na proatividade de organização dos cuidados e do Sistema Único de Saúde (SUS), na capacidade de liderar e embasar conhecimentos em evidências científicas. Contudo, reforçaram que se discutiu a prática da enfermagem, abordando as fragilidades técnicas e operacionalização das estratégias emergidas diante das necessidades advindas da pandemia.

Saúde Única: abordagem junto às populações (humana e animal) e ecossistema

Na década de 1980, Calvin Schwabe já havia relacionado a multifatorialidade advinda da associação animal-homem-ambiente (Figura 1) em sua obra, Veterinary Medicine and Human Health, adotando o termo One Medicine (Medicina Única). Contudo, a expressão One Health (Saúde Única) foi usada na Conferência Ministerial Internacional Sobre Influenza Aviária e Pandêmica, realizada em Nova Deli (Índia), em 2007. Essa expressão enfatiza a inter-relação entre a saúde humana, a dos animais e a do ambiente compartilhado.2

FIGURA 1: Representação da Saúde Única como somatório da saúde animal, humana e ambiental. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

A Saúde Única traz o conceito de indivíduo dentro de população, sem distinguir entre humano e animal, impactando e interagindo com um ecossistema. Diante disso, as condutas dos profissionais, gestores e população precisam ser mais bem avaliadas como perspectivas individuais e como um conjunto específico de dimensões fortemente interconectadas.1

As interconexões entre pessoas, animais, plantas e seus ecossistemas estão cada vez mais evidentes com a transição epidemiológica que vem ocorrendo no mundo devido a fatores intrínsecos e extrínsecos, como:2,6

 

  • crescimento e expansão das populações humanas para novas áreas geográficas;
  • mudanças climáticas;
  • desigualdade social;
  • alterações na distribuição dos vetores e reservatórios;
  • exposição a novos patógenos e manejo da terra (p. ex., desmatamento e práticas agrícolas intensivas).

Esses fatores contribuem para o processo saúde/doença, provocando a propagação, incidência e aparecimento de novas doenças para o ser humano e para os outros seres vivos.7 Podendo, como no caso da COVID-19, transcender fronteiras, o que exige uma postura mundial de cooperação, considerando que existem condições sanitárias diferenciadas em todo o planeta e que não podem ser tratadas de maneira indiferente.

Outra questão, não menos importante, diz respeito à resistência aos antimicrobianos (RAM), que representa uma ameaça sanitária global crescente e precisa ser abordada nos setores de saúde humana, de produção animal, agrícola e do meio ambiente, uma vez que põe em risco o tratamento eficaz de um número cada vez maior de infecções causadas por bactérias, parasitas, vírus e fungos. Isso resulta em doenças mais prolongadas, de maior mortalidade e com maior impacto nas populações mais vulneráveis. Simultaneamente, a RAM põe em risco a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares e, com ela, a segurança alimentar.8

A RAM é uma ameaça grave e complexa que tem várias causas e cujo controle requer um trabalho coordenado entre governos, setor privado, organismos internacionais, comunidade acadêmica e sociedade civil, pois o uso excessivo e indevido dos antimicrobianos diminui a possibilidade de tratar as infecções.8

Em muitos lugares, os antibióticos são usados excessivamente e de forma indevida em pessoas e animais, e, com frequência, são administrados sem supervisão profissional. O controle deficiente da infecção, as condições sanitárias inadequadas e o manuseio inadequado de alimentos estimulam a propagação da RAM.8

Os gestores de saúde precisam, cada vez mais, ampliar seus olhares para desenvolver as ações intra e intersetoriais que visem desde orientações à população até ações sanitárias mais complexas para manutenção de um ambiente saudável para todos, como:

 

  • controle de emissão de gases;
  • planejamento da ocupação do território urbano;
  • gerenciamento de resíduos;
  • manejo adequado de animais de produção;
  • preservação de ecossistemas para animais silvestres;
  • controle de vetores e zoonoses.

Zoonoses são infecções que são comuns ao ser humano e a outros animais, podendo ser classificadas em antropozoonoses (quando o reservatório consiste nas populações animais) e zooantropozoonoses (quando o reservatório consiste nas populações humanas). As doenças nas quais o ser humano é o único reservatório, único hospedeiro e único suscetível são chamadas de antroponoses. Nas anfixenoses, tanto os seres humanos como os animais podem ser os reservatórios.9

Em todas essas, o meio ambiente impacta e é impactado, o que exige uma integração entre profissionais de áreas diversas para se estabelecer um plano de ações que melhore as condições de vida das populações inseridas em nível local e global.

Um dos maiores desafios mundiais diz respeito ao gerenciamento de resíduos sólidos, que são um fenômeno social com largo espectro psicossocial, socioeconômico, tecnológico, político e jurídico, além da conservação dos recursos naturais, os riscos associados aos sistemas tecnológicos de resíduos sólidos e a necessidade de comportamentos de todos os implicados (pessoas, animais e ambiente).10

É importante integrar ações para reduzir riscos e prevenir desequilíbrios nas áreas de interface da saúde animal, humana e ambiental. Dessa forma, gestores de saúde, pesquisadores, organizações — como a OMS, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial para a Saúde Animal (OIE) —, sociedade e profissionais devem unir forças para viabilizar recursos, saberes e processos adequados no que tange a Saúde Única.4

Entre os profissionais envolvidos nessa realidade, pode-se citar, entre outros:

 

  • enfermeiros;
  • médicos;
  • veterinários;
  • biólogos;
  • agentes comunitários de saúde;
  • agentes comunitários de endemias;
  • profissionais da tecnologia e informação;
  • profissionais das ciências agrárias.

É mister reforçar o papel da sociedade civil quanto a estar conscientizada e preparada para agir em benefício da natureza, dos animais e de si mesma, por meio de atitudes práticas, como:

 

  • usar fontes de energia e transporte econômico e ecologicamente viáveis;
  • manusear alimentos de origem vegetal e animal de acordo com as devidas recomendações de profissionais habilitados;
  • manter os lençóis freáticos livres de contaminação;
  • desprezar resíduos adequadamente, reduzindo o consumo de plásticos e outros produtos que demorem a ser decompostos.

Instituições públicas, filantrópicas ou privadas também têm papel importante na manutenção da saúde das populações e dos ecossistemas, assumindo compromissos quanto à redução dos impactos das suas atividades à saúde individual, coletiva e ambiental, por meio de ações de enfrentamento, prevenção e controle de doenças.

Defende-se, portanto uma abordagem transdisciplinar que resulte em ações para garantia da segurança alimentar, redução de riscos de zoonoses e outras ameaças à saúde pública na interface homem-animal-ecossistema, configurando a essência da Saúde Única.4

Um dos pontos importantes que envolvem a Saúde Única diz respeito à investigação epidemiológica, que abrange múltiplos profissionais e atores sociais, buscando garantir a obtenção, de forma correta e completa por meio de fontes primárias (coleta direta nos pacientes ou serviços de saúde) ou secundárias (registros não eletrônicos de serviços de saúde ou bases de dados de sistemas de informação) das informações necessárias referentes a diferentes contextos, como os seguintes:11

 

  • casos isolados ou agregados de doença, agravo de notificação compulsória ou compulsória imediata;
  • descrição epidemiológica e identificação de fatores associados à ocorrência de possível mudança de padrão epidemiológico de doença ou agravo.

A investigação epidemiológica de campo de casos, surtos, epidemias ou outras formas de emergência em saúde é uma atividade obrigatória de todo sistema local de vigilância em saúde, cuja execução primária é responsabilidade de cada respectiva unidade técnica que, nesse contexto, pode ser apoiada pelos demais setores relacionados e níveis de gestão do SUS. Ela é um dos diferentes segmentos de resposta in loco dos serviços de saúde e deve ocorrer de forma integrada e concomitante com as demais ações relacionadas à vigilância, promoção e assistência para a prevenção e controle de doenças (transmissíveis ou não) ou agravos (inusitados ou não).11

Uma investigação epidemiológica normalmente é uma ação coordenada de resposta que envolve diferentes setores para cumprimento de todas as suas necessidades. Abrange tanto os serviços e profissionais relacionados ao exame do doente e de seus contatos, com detalhamento da sua história clínica, quanto outros, responsáveis pelas mais diferentes ações, como as seguintes:11

 

  • coleta de amostras para laboratório;
  • busca de casos adicionais;
  • identificação do agente infeccioso (seu modo de transmissão ou de ação);
  • busca de locais contaminados ou de vetores;
  • identificação de fatores que tenham contribuído para a ocorrência do caso.

O exame cuidadoso do caso e de seus comunicantes é fundamental, pois, dependendo da enfermidade, pode-se identificar precocemente os casos e instituir rapidamente o tratamento (com maior probabilidade de sucesso) ou proceder ao isolamento, para evitar a progressão da doença na comunidade.11

ATIVIDADES

1. O que é Saúde Única?

Confira aqui a resposta

A Saúde Única consiste na integração da saúde humana, animal e ambiental, baseada na tríade indivíduo-população-ecossistema.

Resposta correta.


A Saúde Única consiste na integração da saúde humana, animal e ambiental, baseada na tríade indivíduo-população-ecossistema.

A Saúde Única consiste na integração da saúde humana, animal e ambiental, baseada na tríade indivíduo-população-ecossistema.

2. Quais profissionais podem estar envolvidos na Saúde Única?

Confira aqui a resposta

Entre os profissionais envolvidos na Saúde Única, estão enfermeiros, médicos, veterinários, biólogos, agentes comunitários de saúde, agentes comunitários de endemias, profissionais da tecnologia e informação e das ciências agrárias.

Resposta correta.


Entre os profissionais envolvidos na Saúde Única, estão enfermeiros, médicos, veterinários, biólogos, agentes comunitários de saúde, agentes comunitários de endemias, profissionais da tecnologia e informação e das ciências agrárias.

Entre os profissionais envolvidos na Saúde Única, estão enfermeiros, médicos, veterinários, biólogos, agentes comunitários de saúde, agentes comunitários de endemias, profissionais da tecnologia e informação e das ciências agrárias.

3. Qual o papel da população frente à Saúde Única?

Confira aqui a resposta

Usar fontes de energia e transporte econômico e ecologicamente viáveis, manusear alimentos de origem vegetal e animal com as devidas recomendações de profissionais habilitados, manter os lençóis freáticos livres de contaminação, desprezar resíduos adequadamente, reduzindo o consumo de plásticos e outros produtos que demorem a ser decompostos.

Resposta correta.


Usar fontes de energia e transporte econômico e ecologicamente viáveis, manusear alimentos de origem vegetal e animal com as devidas recomendações de profissionais habilitados, manter os lençóis freáticos livres de contaminação, desprezar resíduos adequadamente, reduzindo o consumo de plásticos e outros produtos que demorem a ser decompostos.

Usar fontes de energia e transporte econômico e ecologicamente viáveis, manusear alimentos de origem vegetal e animal com as devidas recomendações de profissionais habilitados, manter os lençóis freáticos livres de contaminação, desprezar resíduos adequadamente, reduzindo o consumo de plásticos e outros produtos que demorem a ser decompostos.

4. Quais componentes fazem parte da tríade da Saúde Única?

A) Indivíduo-população-ecossistema.

B) Animal-planta-natureza.

C) Homem-fauna-resíduos.

D) Sujeito-sustentabilidade-economia.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".


A tríade da Saúde Única é composta por indivíduo-população-ecossistema.

Resposta correta.


A tríade da Saúde Única é composta por indivíduo-população-ecossistema.

A alternativa correta e a "A".


A tríade da Saúde Única é composta por indivíduo-população-ecossistema.

5. Qual é o conceito central da Saúde Única?

A) População dentro de indivíduo.

B) População dentro de ecossistema.

C) Indivíduo dentro de ecossistema.

D) Indivíduo dentro de população.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


A Saúde Única traz o conceito de indivíduo dentro de população, sem distinguir entre humano e animal, impactando e interagindo com um ecossistema. Diante disso, as condutas dos profissionais, gestores e população precisam ser mais bem avaliadas como perspectivas individuais e como um conjunto específico de dimensões fortemente interconectadas.

Resposta correta.


A Saúde Única traz o conceito de indivíduo dentro de população, sem distinguir entre humano e animal, impactando e interagindo com um ecossistema. Diante disso, as condutas dos profissionais, gestores e população precisam ser mais bem avaliadas como perspectivas individuais e como um conjunto específico de dimensões fortemente interconectadas.

A alternativa correta e a "D".


A Saúde Única traz o conceito de indivíduo dentro de população, sem distinguir entre humano e animal, impactando e interagindo com um ecossistema. Diante disso, as condutas dos profissionais, gestores e população precisam ser mais bem avaliadas como perspectivas individuais e como um conjunto específico de dimensões fortemente interconectadas.

Doenças emergentes e reemergentes no contexto da Saúde Única

Para discorrer acerca das doenças emergentes e reemergentes, faz-se necessário trazer o conceito de epidemiologia.

Conforme Rouquayrol e colaboradores,12 epidemiologia consiste na ciência que estuda o processo saúde/doença em coletividades humanas, investigando a distribuição e os fatores causadores do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde. Por meio da epidemiologia, sugerem-se medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, fornecendo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, administração e avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde.

A história natural da doença demonstra que um estado inicial de saúde se passa a uma situação interativa, na qual o organismo sadio se encontra em presença de agentes patogênicos ou de fatores de risco que virão a perturbar sua normalidade ou contribuir para tanto, iniciando com perturbações leves até o estado avançado da doença, que pode evoluir para a invalidez parcial ou total, ou para morte. As doenças, quanto ao mecanismo etiológico subjacente, podem ser classificadas em infecciosas (que se manifestam clinicamente em homens ou animais, resultantes de uma infecção) e não infecciosas ou não transmissíveis (que não resultam de uma infecção).9

Doenças emergentes são as que surgem ocasionando impacto significativo no ser humano devido à sua gravidade em acometer órgãos e sistemas principais, além da potencialidade de deixar sequelas limitadoras ou até mesmo levar à morte. As doenças reemergentes indicam mudanças no comportamento epidemiológico de doenças conhecidas que haviam sido controladas, mas que voltaram a apresentar ameaça à saúde humana.13

Deve-se compreender que a Saúde Única interfere direta e indiretamente no comportamento das doenças emergentes e reemergentes, pois elas influenciam no ser humano, animal e vetores, favorecendo o aumento nos casos de morbidade e mortalidade da população mundial.14

A OMS destaca as seguintes ações voltadas para a realidade brasileira de algumas doenças emergentes e reemergentes:14

 

  • oferecer condições para o controle e eliminação;
  • apoiar o planejamento, implantação, monitoramento e avaliação das ações de vigilância, prevenção, controle e eliminação desse grupo de doenças;
  • apoiar o país na prevenção e controle de doenças zoonóticas e no fortalecimento das políticas que cuidem da inocuidade alimentaria (cooperação técnica que ocorre por meio do apoio para aquisição de medicamentos e insumos utilizados para auxiliar as ações de vigilância e controle, com ênfases no diagnóstico e tratamento humano, na vigilância e no controle vetorial, e na vigilância e no diagnóstico de reservatórios).

A universalização do acesso aos serviços de atenção à saúde, aliada à ampliação e aperfeiçoamento das ações de vigilância, prevenção e controle de doenças e riscos à saúde, vêm desempenhando papel fundamental na melhoria das condições de saúde e qualidade de vida da população, além de impactar no perfil epidemiológico das doenças emergentes e reemergentes.15

O combate às doenças emergentes e reemergentes se dá a partir do fortalecimento da vigilância em saúde, que envolve a vigilância epidemiologia, sanitária, ambiental e do trabalhador, em que os profissionais de saúde (como médicos, enfermeiros e veterinários) devem ser habilitados para reconhecer e investigar casos suspeitos, além de acompanhar o processo de confirmação e desenvolver medidas de controle.

É necessário compreender os fatores socioeconômicos, ambientais e demográficos, além da adaptação dos microrganismos e suas inter-relações com as doenças emergentes e reemergentes, pois, ao longo de décadas, diversas alterações proporcionaram o surgimento de novas doenças e o descontrole e agravamento de outras.

Como exemplo de doença emergente, pode-se citar a pandemia de COVID-19, que surgiu inicialmente na China central e se espalhou pelo mundo. Os primeiros quatro casos relatados, todos ligados ao Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan (Sul da China), foram identificados por hospitais locais usando um mecanismo de vigilância.16,17

O mecanismo específico do surgimento da COVID-19 em humanos ainda está em análise. No entanto, um grande corpo de dados virológicos, epidemiológicos, veterinários e ecológicos estabelece que o novo vírus evoluiu direta ou indiretamente de um Betacoronavirus no grupo dos Sarbecovirus (vírus semelhantes ao SARS), que infecta naturalmente morcegos e pangolins na Ásia e no Sudeste Asiático.16,17

Cientistas alertaram por décadas que tais Sarbecovirus estavam prestes a emergir repetidas vezes, identificaram fatores de risco e argumentaram por melhores esforços de prevenção e controle da pandemia.16,17

Esse cenário complexo impõe desafios adicionais à vigilância epidemiológica, às relações internacionais e à programação de políticas públicas, sobretudo por meio de medidas que reduzam as desigualdades de acesso aos sistemas de saúde e à condições estruturais para o autocuidado. Atentar para o comportamento da pandemia de COVID-19 nas distintas regiões parece ser imprescindível para manutenção das estratégias de enfrentamento dessa emergência global e suas repercussões no nível local, sobretudo em razão de o risco de surtos semelhantes de coronavírus no futuro ainda permanecer elevado.17,18

Além de controlar a pandemia COVID-19, deve-se empreender vigorosas ações científicas, de saúde coletiva e sociais — incluindo um aumento significativo no financiamento de pesquisas básicas e aplicadas voltadas para o surgimento de doenças — a fim de evitar outras situações semelhantes.17,18

O Quadro 1 apresenta exemplos de doenças emergentes e reemergentes, suas etiologias e formas clínicas mais comuns.

QUADRO 1

EXEMPLOS DE DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES

DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES

ETIOLOGIA

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

COVID-19

  • O vírus SARS-CoV-2 evoluiu direta ou indiretamente de um Betacoronavirus no grupo dos Sarbecovirus (vírus semelhantes ao SARS), que infectam naturalmente morcegos e pangolins na Ásia e no Sudeste Asiático.
  • É o responsável pela pandemia de COVID-19.
  • São comuns sintomas de febre, tosse, dispneia, dor de garganta, rinorreia, cefaleia, diarreia, náuseas/vômitos, anosmia, ageusia, adinamia, mialgia, anorexia e confusão mental.

Dengue

  • Nome de origem espanhola, que caracteriza o estado de adinamia da doença.
  • Causada por vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti.
  • O voo do Aedes aegypti é de, no máximo, 200 metros, e os ovos podem ficar em locais secos por até 400 dias. Se mantém na natureza devido à multiplicação de mosquitos hematófagos.
  • Possui quatro sorotipos.
  • Febre alta (>38°C), com duração de 4–7 dias, rash a partir do quarto dia em 30–50% dos casos, mialgia e cefaleia intensas, artralgia leve, edema de articulação e conjuntivite raros, hipertrofia ganglionar leve, discrasia hemorrágica moderada, risco de morte intenso, acometimento neurológico leve, leucopenia intensa, linfopenia incomum, trombocitopenia intensa.
  • Deve-se monitorar os sinais de alerta, como dor abdominal, vômitos persistentes, hipotensão postural, hepatomegalia, ascite, sangramento de mucosas, hemorragias importantes, sonolência, irritabilidade, diminuição da diurese, hipotermia, aumento do hematócrito, plaquetopenia, dispneia.
  • A classificação de risco e estadiamento da doença é realizada com base nos critérios da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde, observando-se as manifestações clínicas:
    • grupo A — sem sangramento espontâneo ou induzido (prova do laço negativa), sem sinais de alarme, sem condição especial, sem risco social e sem comorbidades;
    • grupo B — com sangramento de pele espontâneo ou induzido (prova do laço positiva), condição clínica especial, risco social, comorbidades ou sem sinal de alarme;
    • grupo C — presença de algum sinal de alarme, presença ou ausência de manifestação hemorrágica;
    • grupo D — presença de sinais de choque (dispneia, hemorragia grave, disfunção grave de órgãos) e manifestação hemorrágica presente ou ausente.

Zika

  • Recebeu o nome de floresta na África, na qual a doença foi inicialmente descrita em um macaco Rhesus.
  • É um vírus transmitido pelo Aedes aegypti infectado. Também pode ser transmitido por meio de relação sexual (foi detectado em sêmen, líquido amniótico e fluidos corporais).
  • Cerca de 80% dos casos não apresentam manifestações clínicas e têm evolução benigna.
  • Sem febre ou subfebril (≤38°C) 1–2 dias, rash a partir do primeiro dia (90–100% dos casos), mialgia e cefaleia moderadas, artralgia moderada, edema de articulação frequente e leve conjuntivite (50–90% dos casos), hipertrofia ganglionar intensa, discrasia hemorrágica ausente, risco leve de morte leve com exceção dos casos neurológicos, acometimento neurológico intenso, leucopenia intensa, linfopenia incomum, trombocitopenia ausente (raro).

Chikungunya

  • Recebeu esse nome, que, na língua Makonde (um dos idiomas da Tanzânia), significa “estar dobrado ou contorcido”, em relação ao estado causado pela doença através do vírus (CHIKV) da família Togaviridae do gênero Alphavirus.
  • Ocorre pela picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus infectados.
  • Pode ocorrer por via transfusional, mas é raro se os protocolos forem seguidos com rigor.
  • Febre alta (>38°C) 2–3 dias, rash a partir de 2–5 dias (50% dos casos), mialgia leve, cefaleia moderada, artralgia intensa, edema de articulação de moderado a intenso, conjuntivite (30% dos casos), hipertrofia ganglionar moderada, discrasia hemorrágica leve, risco de morte e acometimento neurológico moderados, leucopenia intensa, linfopenia frequente, trombocitopenia moderada.

Febre amarela

  • Não há transmissão de pessoa para pessoa. É causada pelo Flavivirus.
  • O transmissor responsável pela febre amarela silvestre é o Haemagogus — mosquito que vive no topo de árvores de florestas e transmite a doença principalmente a macacos e raramente a habitantes de áreas rurais.
  • A febre amarela urbana é transmitida pelos Aedes aegypti e Aedes albopictus.
  • Febre alta (>37,8ºC) de início súbito, mal-estar, calafrios, cefaleia, mialgia, náuseas, vômitos e diarreia.
  • Deve-se monitorar possíveis sinais de complicação (hemorragias, hematêmese, melena com coloração escura).

Raiva

  • É causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae.
  • É transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio de mordedura, arranhadura e/ou lambedura.
  • O período de incubação é variável entre as espécies.
  • Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram em média de 2–10 dias.
  • O paciente pode apresentar mal-estar geral, febrícula, anorexia, cefaleia, náuseas, faringite, irritabilidade e inquietude. Podem ocorrer linfadenopatia, hiperestesia e parestesia no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da lesão, e alterações de comportamento.

Conduta:

  • profissionais de saúde da atenção primária à saúde devem acolher a família, orientar sobre a situação de saúde (raiva humana) a partir da avaliação após a exposição e realizar as ações necessárias ao caso. Em caso de animais domésticos, deve-se orientar sobre a situação do animal e as medidas para evitar contaminação futura (se possível, os animais sempre devem ser avaliados por um veterinário).

Leishmaniose tegumentar

  • É causada pelos protozoários Leishmania brasiliensis, Leishmania amazonensis e Leishmania guyanensis.
  • O paciente apresenta erupções cutâneas, principalmente no nariz, boca e garganta. As lesões possuem forma ovalada, cor avermelhada, bordas elevadas e delimitadas e, geralmente, indolores.
  • É considerada a forma mais comum de leishmaniose.
  • Leishmaniose visceral
  • Também chamada de calazar, na América do Sul, é causada pelo protozoário Leishmania chagassi.
  • Na Índia e África, é causada pela Leishmania donovani.
  • Febre irregular e de longa duração, hepatoesplenomegalia, falta de apetite, perda de peso, anemia e fadiga/adinamia.
  • É considerada a forma mais grave de leishmaniose.

// Fonte: Adaptado de Brasil (2019);11 Li (2020).16

É de suma relevância a educação permanente para os profissionais quanto às principais doenças emergentes e reemergentes para que ocorra um enfrentamento efetivo, bem como a conscientização da população visando à desconstrução de mitos e tabus, evitando, assim, a banalização ou negligência, que pode agravar os quadros clínicos e a disseminação. Para tal, além do manejo clínico adequado diante do conhecimento dos casos, a educação em saúde e a articulação intersetorial são estratégias fundamentais que buscam a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e suas interações no meio em que vivem.

Importância das redes na abordagem colaborativa, multidisciplinar e multissetorial

Atualmente, no Brasil, o SUS atua por meio de Redes de Atenção à Saúde (RAS). Nesse modelo, a população deve ter acesso integral, universal e equitativo aos serviços que necessita, por meio de estratégias conjuntas intra e intersetoriais para os diversos cenários sociais, econômicos, culturais e ambientes existentes.

Além da Constituição Federal, da Lei Orgânica da Saúde (nº 8.080/1990)19 e da Lei nº 8.142/1990,20 há mais dois marcos legais, que abordam a organização do SUS: a Portaria nº 4.279/201021 e o Decreto nº 7.508/2011.22 A Portaria nº 4.279 estabelece diretrizes para a organização da RAS no âmbito do SUS, e o Decreto nº 7.508 define a RAS como um conjunto de ações e serviços de promoção, prevenção e recuperação da saúde, articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde.23,24

Considera-se que não há como prescrever um modelo organizacional único para as RAS, contudo, existe um conjunto de atributos essenciais ao seu funcionamento (Quadro 2).24

QUADRO 2

ATRIBUTOS ESSENCIAIS PARA O FUNCIONAMENTO DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE

  • A população e o território são definidos com amplo conhecimento de suas necessidades e preferências que determinam a oferta de serviços de saúde.
  • Extensa gama de estabelecimentos de saúde que prestam serviços de promoção da saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento, gestão de casos, reabilitação e cuidados paliativos, e integra os programas focados em doenças, riscos e populações específicas, os serviços de saúde individuais e os coletivos.
  • Atenção Primária à Saúde (APS) estruturada como primeiro nível de atenção e porta de entrada do sistema, constituída por equipe multidisciplinar integrada que coordene o cuidado e atenda às suas necessidades de saúde.
  • Prestação de serviços especializados.
  • Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do cuidado e integração assistencial por todo o contínuo da atenção.
  • Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na comunidade.
  • Sistema de governança único para toda a rede.
  • Participação social ampla.
  • Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico.
  • Recursos humanos suficientes, competentes e comprometidos.
  • Sistema de informação integrado que vincula todos os membros da rede.
  • Financiamento tripartite.
  • Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e da equidade em saúde.
  • Gestão baseada em resultado.

// Fonte: Adaptado de Brasil (2010).23

A estrutura operacional das RAS é composta por:25

 

  • centro de comunicação (APS);
  • pontos de atenção à saúde secundária e terciária;
  • sistemas de apoio (como diagnóstico e terapêutico), assistência farmacêutica e sistema de informação em saúde;
  • sistemas logísticos (como prontuário clínico) e sistemas de transporte em saúde;
  • sistema de governança.

Essa estrutura da RAS possibilita compreender uma abordagem multissetorial, em que os serviços de saúde são de igual identidade, organizados de modo a viabilizar e racionalizar o itinerário terapêutico necessário ao cuidado com a saúde, na qual faz-se necessário estabelecer e manter esses serviços de saúde.26

A Figura 2 apresenta a mudança da organização da assistência de forma hierárquica e piramidal pela substituição da estrutura em redes, na qual compreende-se as diferenças tecnológicas, mas rompem-se as relações verticalizadas, conformando-se redes policêntricas horizontais.25 Essa alteração deve ser discutida e compreendida pelos profissionais de saúde que compõem a equipe multiprofissional, ou seja, atuar com uma abordagem multissetorial, tendo como base a organização da RAS.

FIGURA 2: Mudança dos sistemas piramidais e hierárquicos para as RAS. // Fonte: Mendes (2011).25

Conforme o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, são consideradas porta de entrada às ações e aos serviços de saúde nas RAS os seguintes serviços de atenção primária, de atenção de urgência e emergência, de atenção psicossocial e especiais de acesso aberto. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais especializados, entre outros de maior complexidade e densidade tecnológica, serão referenciados pelas portas de entrada.24

A APS, na RAS, ocupa uma posição estratégica, devendo estar interligada aos demais pontos (serviços) de atenção à saúde, de maneira horizontal e interdependente, o que a possibilita organizar o fluxo e o contrafluxo do atendimento da população.25

Com essa perspectiva, ocorreu o desejo de ampliar o propósito da APS, no sentido de torná-la resolutiva, por meio do fortalecimento do trabalho em equipe multidisciplinar, ampliando e valorizando as ações dos profissionais de saúde;27 assim, garantindo e ofertando um serviço de qualidade, focado na saúde e na realidade epidemiológica da população, o qual favorece a continuidade do cuidado e que, para isso, é primordial reconhecer os serviços que compõem a rede de saúde e orientar para que a população tenha acesso.

Dessa forma, na implementação da RAS, é importante destacar:27

 

  • a disponibilidade de profissionais com formação para atuar na comunidade;
  • as ações de saúde abrangentes e articuladas contemplando vigilância, prevenção de doenças e promoção da saúde;
  • o gerenciamento do cuidado para garantia da continuidade, por meio da regulação do acesso e integração com os níveis de atenção;
  • a disponibilidade de uma gama de serviços, incluindo outras especialidades em saúde de maior prevalência, quando necessário.

Diante desse contexto, é fundamental que os profissionais de saúde reconheçam a atuação da RAS para que possam discutir em equipe a melhor abordagem para a população. Dessa forma, é possível uma continuidade no cuidado integral a partir dos encaminhamentos realizados para outros serviços, sendo importante ressaltar que os diversos serviços devem se comunicar para que as ações realizadas sejam efetivas e resolutivas.

Faz-se importante atentar para a atuação profissional dos serviços que compõem a RAS, pois esta deve estar focada no conceito de Saúde Única, tendo em vista conhecer a realidade do território, seu perfil epidemiológico e indicadores de saúde (ou seja, reconhecer como as doenças se comportam). Assim, facilitam-se ações conjuntas de promoção da saúde que envolvam a população, os animais e o ecossistema, viabilizando um ambiente adequado e com controle situacional.

De maneira geral, o enfermeiro desenvolve ações que contribuem para o fortalecimento da RAS diretamente, fortalecendo o cuidado em saúde, abordando informações sobre o fluxo e operacionalização da rede. Dessa forma, ao assegurar a resolutividade das demandas sociais e de especialidades, os enfermeiros estabelecem parcerias com os diversos serviços de saúde pertencentes aos diferentes níveis de atenção que compõem a RAS.28

Diante de sua atuação, o enfermeiro desempenha uma função primordial da RAS, que é a continuidade do cuidado centrada no indivíduo, na sua família e na comunidade, promovendo e garantindo saúde, em uma ação multiprofissional e intersetorial, cumprindo os princípios do SUS. O enfermeiro é uma das categorias profissionais que está presente em vários serviços de saúde que compõem a RAS e, para gerenciar seu processo de trabalho, precisa ter uma formação generalista capaz de permitir sua atuação adequada na garantia do cuidado integral.

Portanto, o papel do enfermeiro na RAS é oferecer um atendimento pautado nos princípios do SUS, visando medidas de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde. Logo, alguns pontos são essenciais para essa prática:28

 

  • comunicação entre os níveis de atenção;
  • parceria dos serviços especializados;
  • desenvolvimento de ações de promoção da saúde.

ATIVIDADES

6. As interconexões entre pessoas, animais, plantas e seus ecossistemas estão cada vez mais evidentes com a transição epidemiológica que vem ocorrendo no mundo devido a fatores intrínsecos e extrínsecos. Cite quais são esses fatores.

Confira aqui a resposta

As interconexões entre pessoas, animais, plantas e seus ecossistemas estão cada vez mais evidentes com a transição epidemiológica que vem ocorrendo no mundo devido a fatores intrínsecos e extrínsecos, como crescimento e expansão das populações humanas para novas áreas geográficas; mudanças climáticas; desigualdade social; alterações na distribuição dos vetores e reservatórios; exposição a novos patógenos e manejo da terra (p. ex., desmatamento e práticas agrícolas intensivas).

Resposta correta.


As interconexões entre pessoas, animais, plantas e seus ecossistemas estão cada vez mais evidentes com a transição epidemiológica que vem ocorrendo no mundo devido a fatores intrínsecos e extrínsecos, como crescimento e expansão das populações humanas para novas áreas geográficas; mudanças climáticas; desigualdade social; alterações na distribuição dos vetores e reservatórios; exposição a novos patógenos e manejo da terra (p. ex., desmatamento e práticas agrícolas intensivas).

As interconexões entre pessoas, animais, plantas e seus ecossistemas estão cada vez mais evidentes com a transição epidemiológica que vem ocorrendo no mundo devido a fatores intrínsecos e extrínsecos, como crescimento e expansão das populações humanas para novas áreas geográficas; mudanças climáticas; desigualdade social; alterações na distribuição dos vetores e reservatórios; exposição a novos patógenos e manejo da terra (p. ex., desmatamento e práticas agrícolas intensivas).

7. Com relação às infecções de seres humanos e animais, correlacione corretamente as colunas.

1 Zoonoses

2 Antropozoonoses

3 Zooantropozoonoses

4 Anfixenoses

5 Antroponoses

Infecções em que os reservatórios constituem populações animais.

Infecções em que os reservatórios constituem populações humanas.

Infecções em que tanto seres humanos como animais podem ser os reservatórios.

Infecções em que o ser humano é o único reservatório, único hospedeiro e único suscetível.

Infecções que são comuns ao ser humano e a outros animais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 4 — 1 — 2 — 3 — 5

B) 3 — 2 — 5 — 1 — 4

C) 2 — 3 — 4 — 5 — 1

D) 1 — 5 — 3 — 4 — 2

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


As zoonoses são infecções comuns ao ser humano e a outros animais, podendo ser classificadas em antropozoonoses (em que os reservatórios se constituem de populações animais) e zooantropozoonoses (em que os reservatórios se constituem de populações humanas). As doenças nas quais o ser humano é o único reservatório, único hospedeiro e único suscetível são chamadas de antroponoses. Nas anfixenoses, tanto seres humanos como animais podem ser os reservatórios.

Resposta correta.


As zoonoses são infecções comuns ao ser humano e a outros animais, podendo ser classificadas em antropozoonoses (em que os reservatórios se constituem de populações animais) e zooantropozoonoses (em que os reservatórios se constituem de populações humanas). As doenças nas quais o ser humano é o único reservatório, único hospedeiro e único suscetível são chamadas de antroponoses. Nas anfixenoses, tanto seres humanos como animais podem ser os reservatórios.

A alternativa correta e a "C".


As zoonoses são infecções comuns ao ser humano e a outros animais, podendo ser classificadas em antropozoonoses (em que os reservatórios se constituem de populações animais) e zooantropozoonoses (em que os reservatórios se constituem de populações humanas). As doenças nas quais o ser humano é o único reservatório, único hospedeiro e único suscetível são chamadas de antroponoses. Nas anfixenoses, tanto seres humanos como animais podem ser os reservatórios.

8. Quanto à ciência que estuda o processo saúde/doença em coletividades humanas, investigando a distribuição e os fatores causadores do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, assinale a alternativa correta.

A) Histologia.

B) Epidemiologia.

C) Patologia.

D) Agravologia.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".


A epidemiologia consiste na ciência que estuda o processo saúde/doença em coletividades humanas, investigando a distribuição e os fatores causadores do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, sugerindo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, fornecendo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, na administração e na avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde.

Resposta correta.


A epidemiologia consiste na ciência que estuda o processo saúde/doença em coletividades humanas, investigando a distribuição e os fatores causadores do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, sugerindo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, fornecendo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, na administração e na avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde.

A alternativa correta e a "B".


A epidemiologia consiste na ciência que estuda o processo saúde/doença em coletividades humanas, investigando a distribuição e os fatores causadores do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, sugerindo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, fornecendo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, na administração e na avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde.

9. Considerando os sinais e sintomas da zika, analise as afirmativas a seguir.

I. O rash cutâneo surge a partir do primeiro dia (90–100% dos casos).

II. A artralgia é frequente e de alta intensidade, e o edema periarticular está ausente.

III. A conjuntivite não purulenta está presente em 50–90% dos casos.

IV. O prurido pode se manifestar de moderado a intenso, e há linfonodomegalia intensa.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a I, a II e a III.

C) Apenas a I, a III e a IV.

D) Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


É de suma relevância avaliar com base no diagnóstico diferencial para as demais arboviroses. Deve ser considerado caso suspeito de zika pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginoso, acompanhado de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: febre, hiperemia conjuntival sem secreção e prurido, poliartralgia e edema periarticular. A confirmação do caso suspeito é de acordo com teste específico para o diagnóstico de zika reagente/positivo.

Resposta correta.


É de suma relevância avaliar com base no diagnóstico diferencial para as demais arboviroses. Deve ser considerado caso suspeito de zika pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginoso, acompanhado de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: febre, hiperemia conjuntival sem secreção e prurido, poliartralgia e edema periarticular. A confirmação do caso suspeito é de acordo com teste específico para o diagnóstico de zika reagente/positivo.

A alternativa correta e a "C".


É de suma relevância avaliar com base no diagnóstico diferencial para as demais arboviroses. Deve ser considerado caso suspeito de zika pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginoso, acompanhado de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: febre, hiperemia conjuntival sem secreção e prurido, poliartralgia e edema periarticular. A confirmação do caso suspeito é de acordo com teste específico para o diagnóstico de zika reagente/positivo.

10. De acordo com os critérios da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde para estadiamento da dangue, como deve ser classificado um paciente que apresenta dor abdominal contínua, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos (ascite), sangramento de mucosa, e hipotensão postural?

A) Grupo A.

B) Grupo B.

C) Grupo C.

D) Grupo D.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


De acordo com os critérios da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde para estadiamento da dengue, os pacientes podem ser classificados em: Grupo A — sem sangramento espontâneo ou induzido (prova do laço negativa), sem sinais de alarme, sem condição especial, sem risco social e sem comorbidades; Grupo B — com sangramento de pele espontâneo ou induzido (prova do laço positiva), condição clínica especial, risco social, comorbidades ou sem sinal de alarme. Grupo C — presença de algum sinal de alarme, presença ou ausência de manifestação hemorrágica. Grupo D — presença de sinais de choque (dispneia, hemorragia grave, disfunção grave de órgãos) e manifestação hemorrágica presente ou ausente. A classificação de risco e estadiamento da doença é realizada com base nas manifestações clínicas identificadas durante a coleta de dados e conduz o devido manejo clínico. Deve-se considerar, além dos cuidados com o paciente, os fatores ambientais na investigação da possibilidade de mais casos na área e as devidas intervenções nas redes intra e intersetorial.

Resposta correta.


De acordo com os critérios da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde para estadiamento da dengue, os pacientes podem ser classificados em: Grupo A — sem sangramento espontâneo ou induzido (prova do laço negativa), sem sinais de alarme, sem condição especial, sem risco social e sem comorbidades; Grupo B — com sangramento de pele espontâneo ou induzido (prova do laço positiva), condição clínica especial, risco social, comorbidades ou sem sinal de alarme. Grupo C — presença de algum sinal de alarme, presença ou ausência de manifestação hemorrágica. Grupo D — presença de sinais de choque (dispneia, hemorragia grave, disfunção grave de órgãos) e manifestação hemorrágica presente ou ausente. A classificação de risco e estadiamento da doença é realizada com base nas manifestações clínicas identificadas durante a coleta de dados e conduz o devido manejo clínico. Deve-se considerar, além dos cuidados com o paciente, os fatores ambientais na investigação da possibilidade de mais casos na área e as devidas intervenções nas redes intra e intersetorial.

A alternativa correta e a "C".


De acordo com os critérios da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde para estadiamento da dengue, os pacientes podem ser classificados em: Grupo A — sem sangramento espontâneo ou induzido (prova do laço negativa), sem sinais de alarme, sem condição especial, sem risco social e sem comorbidades; Grupo B — com sangramento de pele espontâneo ou induzido (prova do laço positiva), condição clínica especial, risco social, comorbidades ou sem sinal de alarme. Grupo C — presença de algum sinal de alarme, presença ou ausência de manifestação hemorrágica. Grupo D — presença de sinais de choque (dispneia, hemorragia grave, disfunção grave de órgãos) e manifestação hemorrágica presente ou ausente. A classificação de risco e estadiamento da doença é realizada com base nas manifestações clínicas identificadas durante a coleta de dados e conduz o devido manejo clínico. Deve-se considerar, além dos cuidados com o paciente, os fatores ambientais na investigação da possibilidade de mais casos na área e as devidas intervenções nas redes intra e intersetorial.

Desafios da gestão da enfermagem e suas repercussões na saúde

Por ocasião do bicentenário de Florence Nightingale, que foi determinante na profissionalização da enfermagem no mundo, 2020 foi considerado o ano da enfermagem, estando prevista uma série de atividades em muitos países, para a valorização da profissão, com o desenvolvimento da campanha Nursing Now, apoiada pelo International Council of Nurses (ICN), associações de enfermagem e escolas do mundo inteiro, além de autoridades e artistas, com a colaboração da OMS.29

Florence deixou para a profissão algumas influências em componentes-chave:5

 

  • vigilância epidemiológica, por meio de relatórios estatísticos em seus escritos;
  • medidas sanitárias e de saúde pública no cuidado com o ambiente e estratégias para prevenção e controle de infecções, separando os doentes e melhorando as condições de higiene e ventilação dos ambientes.

Em 2020, em meio à pandemia de COVID-19, velhas e novas questões acerca da enfermagem foram colocadas, como:

 

  • qual a importância da gestão do cuidado em cenários de crise?
  • como os enfermeiros podem contribuir na prevenção e controle de doenças emergentes e reemergentes?
  • como fortalecer a profissão?

Diante da pandemia de COVID-19, a OMS30 conclamou a comunidade internacional a fortalecer a força de trabalho global em saúde, e destacou a enfermagem como o maior componente da força de trabalho em saúde. A instituição realizou um estudo e encontrou lacunas importantes na força de trabalho de enfermagem e áreas prioritárias com necessidade de investimento em educação, empregos e liderança para fortalecer a enfermagem em todo o mundo e melhorar a saúde para todos, pois a profissão fornece serviços vitais em todo o sistema de saúde.

O Quadro 3 apresenta as recomendações da OMS e de seus parceiros sobre as condutas para a enfermagem mundial.

QUADRO 3

RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE E DE SEUS PARCEIROS SOBRE AS CONDUTAS PARA A ENFERMAGEM MUNDIAL

  • Aumentar o financiamento para educar e empregar mais enfermeiros.
  • Fortalecer a capacidade de coletar, analisar e agir com base nos dados sobre a força de trabalho em saúde.
  • Monitorar a mobilidade e a migração de enfermeiros, gerenciando-as com responsabilidade e ética.
  • Educar e treinar enfermeiros nas habilidades científicas, tecnológicas e sociológicas necessárias para impulsionar o progresso na atenção primária à saúde.
  • Estabelecer posições de liderança, incluindo um enfermeiro-chefe do governo, e apoiar o desenvolvimento de liderança entre jovens enfermeiros.
  • Garantir que os enfermeiros nas equipes de APS trabalhem em todo o seu potencial, por exemplo, na prevenção e no gerenciamento de doenças não transmissíveis.
  • Melhorar as condições de trabalho, inclusive por meio de níveis seguros de pessoal, salários justos e respeito aos direitos à saúde e segurança ocupacional.
  • Implementar políticas de força de trabalho de enfermagem com perspectiva de gênero.
  • Modernizar a regulamentação de enfermagem profissional harmonizando os padrões de educação e prática e usando sistemas que podem reconhecer e processar as credenciais dos enfermeiros globalmente.
  • Fortalecer o papel dos enfermeiros nas equipes de atendimento, reunindo diferentes setores (saúde, educação, imigração, finanças e trabalho) junto com as partes interessadas da enfermagem para o diálogo sobre políticas e planejamento da força de trabalho.

// Fonte: International Council of Nurses (2020).30

A OMS30 considerou que os enfermeiros estão na vanguarda do combate a epidemias e pandemias que ameaçam a saúde em todo o mundo, nos cenários mais adversos, o que não tem sido diferente na pandemia de COVID-19.

Considerando esse contexto pandêmico, frente à impossibilidade de controle imediato por redução de suscetíveis através de vacinação, experiências mundiais demonstram a necessidade de controle da velocidade de progressão da curva por meio de medidas de distanciamento físico social. Dessa forma, busca-se mitigar a necessidade de suporte ventilatório e a internação em unidades de terapia intensiva em curto tempo, adequando a necessidade à capacidade assistencial do sistema de saúde. Em contrapartida, políticas públicas sociais precisam ser repensadas no Brasil, sobretudo aquelas voltadas à proteção dos trabalhadores, além de mais investimentos no sistema de saúde e a garantia de proteção profissional.18

Diante do exposto, embora sujeitos às mesmas medidas de contenção na sua vida pessoal, com medos e incertezas semelhantes ao restante da população, os profissionais de enfermagem continuam a cumprir a sua responsabilidade profissional, fazendo com esmero, no limite das suas forças, o melhor que podem, considerando ainda o aumento da carga de trabalho, com repercussões físicas e psicológicas.5

Precisa-se refletir, a partir da realidade atual, questões que permeiam a história da profissão, destacando os desafios que se apresentam na gestão do cuidado da enfermagem e as estratégias de superação utilizadas pelos enfermeiros no seu cotidiano profissional.

Além de ações do enfermeiro como integrante da equipe de saúde, ressalta-se algumas ações relevantes desde a formação até a atuação profissional.

O processo formativo do enfermeiro precisa criar condições para desenvolver habilidades, conhecimentos e atitudes que englobam as competências da sua futura profissão, entre elas, a visão ampliada do processo saúde/doença e da liderança de pessoas e gestão de processos que farão parte dos cenários laborais.

Na execução de suas atividades, o enfermeiro pode desempenhar um papel assistencial e/ou gerencial como gestor de seu processo de trabalho, com o objetivo de uma conduta qualificada, devendo estar preparado para a ampliação de competências que envolvam a conjuntura de Saúde Única. Dessa maneira, é importante pensar em uma abordagem de implementação de programas, políticas públicas e pesquisas científicas que busquem a ampliação da abordagem de saúde de forma ampla.

Uma ferramenta importante para uso do enfermeiro na Saúde Única diz respeito à utilização da sistematização da assistência de enfermagem, amparada por teorias de enfermagem. Dentro do papel do enfermeiro, faz-se importante realizar uma coleta de dados detalhada para compreender a relação indivíduo-ambiente-animal — reconhecendo o contexto em que o indivíduo está inserido —, definir os diagnósticos de enfermagem — planejando e implementando ações adequadas para prevenção e tratamento de doenças, redução da exposição a riscos pela população, avaliando sempre que necessário.

Na sociedade atual, criar um animal doméstico e tê-lo, por vezes, como parte da família é uma situação consolidada e estudada de forma global. Grisolio e colaboradores31 consideram que, embora diversas espécies sejam consideradas como animais de estimação, os cães e os gatos ainda representam o maior número em muitos lares. Além disso, existem cães trabalhando com a polícia, auxiliando como farejadores, outros sendo treinados como guias para pessoas com deficiência visual e outros acompanhando pessoas com alterações emocionais e/ou mentais.

A presença dos animais no cotidiano das pessoas é crescente, e o enfermeiro, como partícipe da atenção à saúde, precisa estabelecer boas parcerias com veterinários e com outros profissionais da saúde para promover estratégias que visem ao bem-estar humano e animal, considerando aspectos que vão desde a higiene até os cuidados com o ambiente, e não apenas o indivíduo, mas todos os que compõem o contexto familiar.

No serviço da APS, rotineiramente são realizados atendimentos voltados para a prevenção de raiva em humana em razão de acidentes com animais domésticos ou não, além de outros atendimentos que envolvem os animais, principalmente em ambientes rurais. Assim, o enfermeiro deve estar apto a conhecer as condutas, como a notificação e os encaminhamentos necessários para o indivíduo e o animal, tendo em vista que o animal precisa constantemente ser avaliado pelo veterinário, estando com sua saúde adequada para o convívio com outros animais e pessoas, minimizando o risco de adoecimento de todos.

Nos serviços de atenção secundária e terciária, o enfermeiro atua no diagnóstico e tratamento precoce, na recuperação da saúde e na reabilitação, prevenindo as complicações das doenças, e realizando uma assistência pautada na segurança e na qualidade. Além disso, na gestão de saúde e de enfermagem, o enfermeiro deverá conhecer conceitos de redes de atenção à saúde, ação em equipe multiprofissional, Saúde Única, medidas de prevenção e promoção da saúde; enfim, compreender que, para prestar uma assistência adequada, é preciso conhecer o ambiente em que o indivíduo está inserido e todos os fatores que podem propiciar ao risco.

Corrobora-se com Annette Kennedy,29 ao referir que enfermeiros lideram colegas e outros profissionais, equipes e pacientes rumo a uma saúde melhor e a estilos de vida mais produtivos e saudáveis. Contudo, poderiam ter um impacto ainda maior na saúde do mundo se tivessem a oportunidade de trabalhar com o máximo de suas capacidades e com maior influência na tomada de decisões sobre políticas de saúde, sociais e econômicas.

É notório que aqui não se esgotam as possibilidades do trabalho do enfermeiro na Saúde Única, mas permite-se abrir uma nova discussão acerca da importância desse profissional e de sua equipe na educação em saúde, na prevenção e no controle de infecções (principalmente de doenças emergentes e reemergentes), na resistência antimicrobiana, no gerenciamento de resíduos, nos cuidados com o ambiente, no acompanhamento das pessoas em todo o seu ciclo vital e tudo o mais que impactará na tríade da Saúde Única.

ATIVIDADES

11. Quais doenças indicam mudanças no comportamento epidemiológico de doenças conhecidas, que haviam sido controladas, mas que voltaram a apresentar ameaça à saúde humana?

A) Emergentes.

B) Reemergentes.

C) Tropicais.

D) Inespecíficas.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".


As doenças reemergentes indicam mudanças no comportamento epidemiológico de doenças conhecidas que haviam sido controladas, mas que voltaram a apresentar ameaça à saúde humana.

Resposta correta.


As doenças reemergentes indicam mudanças no comportamento epidemiológico de doenças conhecidas que haviam sido controladas, mas que voltaram a apresentar ameaça à saúde humana.

A alternativa correta e a "B".


As doenças reemergentes indicam mudanças no comportamento epidemiológico de doenças conhecidas que haviam sido controladas, mas que voltaram a apresentar ameaça à saúde humana.

12. Descreva o papel da APS na RAS.

Confira aqui a resposta

A APS, na RAS, ocupa uma posição estratégica, devendo estar interligada aos demais pontos (serviços) de atenção à saúde, de maneira horizontal e interdependente, o que a possibilita organizar o fluxo e o contrafluxo do atendimento da população.

Resposta correta.


A APS, na RAS, ocupa uma posição estratégica, devendo estar interligada aos demais pontos (serviços) de atenção à saúde, de maneira horizontal e interdependente, o que a possibilita organizar o fluxo e o contrafluxo do atendimento da população.

A APS, na RAS, ocupa uma posição estratégica, devendo estar interligada aos demais pontos (serviços) de atenção à saúde, de maneira horizontal e interdependente, o que a possibilita organizar o fluxo e o contrafluxo do atendimento da população.

13. Em relação às recomendações da OMS e de seus parceiros acerca das condutas com a enfermagem, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

Aumentar o financiamento para educar e empregar mais enfermeiros.

Reduzir a capacidade de coletar, analisar e agir, com base nos dados sobre a força de trabalho em saúde.

Monitorar a mobilidade e a migração do enfermeiro, gerenciando-as com responsabilidade e ética.

Educar e treinar enfermeiros nas habilidades científicas, tecnológicas e sociológicas que precisam para impulsionar o progresso na APS.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — F — V — V

B) V — F — F — V

C) F — V — F — F

D) V — V — V — F

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".


Entre as recomendações da OMS e de seus parceiros acerca das condutas com a enfermagem, destacam-se aumentar o financiamento para educar e empregar mais enfermeiros; fortalecer a capacidade de coletar, analisar e agir com base nos dados sobre a força de trabalho em saúde; monitorar a mobilidade e a migração dos enfermeiros, gerenciando-a com responsabilidade e ética; educar e treinar enfermeiros nas habilidades científicas, tecnológicas e sociológicas de que precisam para impulsionar o progresso na APS.

Resposta correta.


Entre as recomendações da OMS e de seus parceiros acerca das condutas com a enfermagem, destacam-se aumentar o financiamento para educar e empregar mais enfermeiros; fortalecer a capacidade de coletar, analisar e agir com base nos dados sobre a força de trabalho em saúde; monitorar a mobilidade e a migração dos enfermeiros, gerenciando-a com responsabilidade e ética; educar e treinar enfermeiros nas habilidades científicas, tecnológicas e sociológicas de que precisam para impulsionar o progresso na APS.

A alternativa correta e a "A".


Entre as recomendações da OMS e de seus parceiros acerca das condutas com a enfermagem, destacam-se aumentar o financiamento para educar e empregar mais enfermeiros; fortalecer a capacidade de coletar, analisar e agir com base nos dados sobre a força de trabalho em saúde; monitorar a mobilidade e a migração dos enfermeiros, gerenciando-a com responsabilidade e ética; educar e treinar enfermeiros nas habilidades científicas, tecnológicas e sociológicas de que precisam para impulsionar o progresso na APS.

14. Observe as afirmativas quanto ao processo formativo do enfermeiro, que precisa criar condições para o desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e atitudes que englobem as competências de gestão.

I. Deve trazer uma visão ampliada do processo saúde/doença e da liderança de pessoas e a gestão de processos que farão parte dos cenários laborais dos enfermeiros.

II. Deve propagar o conhecimento de conceitos de RAS, Saúde Única, prevenção e promoção da saúde.

III. Deve desenvolver a habilidade de gestão do cuidado em cenários de crise.

IV. Deve apresentar o ambiente em que o indivíduo está inserido e todos os fatores que podem propiciar risco.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a III.

B) Apenas a II e a III.

C) Apenas a II e a IV.

D) A I, a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


O enfermeiro pode desempenhar suas ações em diversos serviços de saúde, como na área da assistência e/ou na gestão de saúde e de enfermagem. Diante disso, seu processo formativo deve possibilitar essa atuação, e, para isso, deve apresentar diversos conceitos, como os de redes de saúde, prevenção e promoção da Saúde Única; deve, também, discutir o contexto em que o indivíduo está inserido e os diversos fatores que interferem, saber desenvolver a gestão do cuidado, papel de liderança e gestão de processos.

Resposta correta.


O enfermeiro pode desempenhar suas ações em diversos serviços de saúde, como na área da assistência e/ou na gestão de saúde e de enfermagem. Diante disso, seu processo formativo deve possibilitar essa atuação, e, para isso, deve apresentar diversos conceitos, como os de redes de saúde, prevenção e promoção da Saúde Única; deve, também, discutir o contexto em que o indivíduo está inserido e os diversos fatores que interferem, saber desenvolver a gestão do cuidado, papel de liderança e gestão de processos.

A alternativa correta e a "D".


O enfermeiro pode desempenhar suas ações em diversos serviços de saúde, como na área da assistência e/ou na gestão de saúde e de enfermagem. Diante disso, seu processo formativo deve possibilitar essa atuação, e, para isso, deve apresentar diversos conceitos, como os de redes de saúde, prevenção e promoção da Saúde Única; deve, também, discutir o contexto em que o indivíduo está inserido e os diversos fatores que interferem, saber desenvolver a gestão do cuidado, papel de liderança e gestão de processos.

Na residência da família Alvares da Silva, no município Serrano Guaraçosa, apareceu um cachorro de rua, que foi motivo de alegria para todos, principalmente para Arthur, que tinha 11 anos. Cerca de 20 dias depois, a família resolveu adotar o animal, colocando-o para conviver com todos na residência.

Após alguns dias na nova rotina, Arthur ofereceu uma comida ao cachorro e acariciou o animal no momento da refeição, Arthur foi surpreendido com uma mordida na mão, seguida de sangramento intenso. Os pais imediatamente levaram a criança à Unidade de Atenção Primária à Saúde, onde foi atendido.

ATIVIDADES

15. Como poderia ser implementada uma ação conjunta entre profissionais da Saúde Única nesse caso?

Confira aqui a resposta

Nesse caso, os profissionais de saúde da APS devem acolher a família, orientar sobre a situação de saúde (raiva humana) a partir da avaliação após a exposição e realizar as ações necessárias ao caso. Além disso, orientar também sobre a situação do animal, pois era de rua quando o adotaram e não conheciam sua procedência, portanto, sendo necessário a avaliação por um médico veterinário para analisar a saúde do animal e orientar a família sobre as ações necessárias para manter o animal saudável, sem risco para si e para a família.

Resposta correta.


Nesse caso, os profissionais de saúde da APS devem acolher a família, orientar sobre a situação de saúde (raiva humana) a partir da avaliação após a exposição e realizar as ações necessárias ao caso. Além disso, orientar também sobre a situação do animal, pois era de rua quando o adotaram e não conheciam sua procedência, portanto, sendo necessário a avaliação por um médico veterinário para analisar a saúde do animal e orientar a família sobre as ações necessárias para manter o animal saudável, sem risco para si e para a família.

Nesse caso, os profissionais de saúde da APS devem acolher a família, orientar sobre a situação de saúde (raiva humana) a partir da avaliação após a exposição e realizar as ações necessárias ao caso. Além disso, orientar também sobre a situação do animal, pois era de rua quando o adotaram e não conheciam sua procedência, portanto, sendo necessário a avaliação por um médico veterinário para analisar a saúde do animal e orientar a família sobre as ações necessárias para manter o animal saudável, sem risco para si e para a família.

Conclusão

Este capítulo permitiu refletir acerca da Saúde Única e sua interface com a gestão de enfermagem e o trabalho interprofissional. Discutiu-se aspectos gerais da Saúde Única, doenças emergentes e reemergentes, sobre as RAS no SUS e acerca das diferentes estratégias do cotidiano da enfermagem que impactam e são impactadas pela saúde ambiental, animal e humana.

Nessa área, sabe-se que existem desafios no cotidiano dos enfermeiros, principalmente dos gestores, como a falta da implementação de um processo contínuo e articulado de Saúde Única, que precisa ser pensada como uma política pública. Contudo, os desafios precisam ser combustível para o corpo de enfermagem inserir-se de forma sistemática nos seus cenários de atuação, compartilhando saberes e práticas por meio de estratégias de trabalho coletivo e interprofissional, buscando o desenvolvimento da Saúde Única.

Indica-se que os enfermeiros busquem conhecer mais sobre a Saúde Única, gestores e sociedade quanto à importância da visão ampliada no cuidado ao indivíduo, populações e ecossistema.

Atividades: Respostas

Atividade 1

RESPOSTA: A Saúde Única consiste na integração da saúde humana, animal e ambiental, baseada na tríade indivíduo-população-ecossistema.

Atividade 2

RESPOSTA: Entre os profissionais envolvidos na Saúde Única, estão enfermeiros, médicos, veterinários, biólogos, agentes comunitários de saúde, agentes comunitários de endemias, profissionais da tecnologia e informação e das ciências agrárias.

Atividade 3

RESPOSTA: Usar fontes de energia e transporte econômico e ecologicamente viáveis, manusear alimentos de origem vegetal e animal com as devidas recomendações de profissionais habilitados, manter os lençóis freáticos livres de contaminação, desprezar resíduos adequadamente, reduzindo o consumo de plásticos e outros produtos que demorem a ser decompostos.

Atividade 4 // Resposta: A

Comentário: A tríade da Saúde Única é composta por indivíduo-população-ecossistema.

Atividade 5 // Resposta: D

Comentário: A Saúde Única traz o conceito de indivíduo dentro de população, sem distinguir entre humano e animal, impactando e interagindo com um ecossistema. Diante disso, as condutas dos profissionais, gestores e população precisam ser mais bem avaliadas como perspectivas individuais e como um conjunto específico de dimensões fortemente interconectadas.

Atividade 6

RESPOSTA: As interconexões entre pessoas, animais, plantas e seus ecossistemas estão cada vez mais evidentes com a transição epidemiológica que vem ocorrendo no mundo devido a fatores intrínsecos e extrínsecos, como crescimento e expansão das populações humanas para novas áreas geográficas; mudanças climáticas; desigualdade social; alterações na distribuição dos vetores e reservatórios; exposição a novos patógenos e manejo da terra (p. ex., desmatamento e práticas agrícolas intensivas).

Atividade 7 // Resposta: C

Comentário: As zoonoses são infecções comuns ao ser humano e a outros animais, podendo ser classificadas em antropozoonoses (em que os reservatórios se constituem de populações animais) e zooantropozoonoses (em que os reservatórios se constituem de populações humanas). As doenças nas quais o ser humano é o único reservatório, único hospedeiro e único suscetível são chamadas de antroponoses. Nas anfixenoses, tanto seres humanos como animais podem ser os reservatórios.

Atividade 8 // Resposta: B

Comentário: A epidemiologia consiste na ciência que estuda o processo saúde/doença em coletividades humanas, investigando a distribuição e os fatores causadores do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, sugerindo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, fornecendo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, na administração e na avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde.

Atividade 9 // Resposta: C

Comentário: É de suma relevância avaliar com base no diagnóstico diferencial para as demais arboviroses. Deve ser considerado caso suspeito de zika pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginoso, acompanhado de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: febre, hiperemia conjuntival sem secreção e prurido, poliartralgia e edema periarticular. A confirmação do caso suspeito é de acordo com teste específico para o diagnóstico de zika reagente/positivo.

Atividade 10 // Resposta: C

Comentário: De acordo com os critérios da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde para estadiamento da dengue, os pacientes podem ser classificados em: Grupo A — sem sangramento espontâneo ou induzido (prova do laço negativa), sem sinais de alarme, sem condição especial, sem risco social e sem comorbidades; Grupo B — com sangramento de pele espontâneo ou induzido (prova do laço positiva), condição clínica especial, risco social, comorbidades ou sem sinal de alarme. Grupo C — presença de algum sinal de alarme, presença ou ausência de manifestação hemorrágica. Grupo D — presença de sinais de choque (dispneia, hemorragia grave, disfunção grave de órgãos) e manifestação hemorrágica presente ou ausente. A classificação de risco e estadiamento da doença é realizada com base nas manifestações clínicas identificadas durante a coleta de dados e conduz o devido manejo clínico. Deve-se considerar, além dos cuidados com o paciente, os fatores ambientais na investigação da possibilidade de mais casos na área e as devidas intervenções nas redes intra e intersetorial.

Atividade 11 // Resposta: B

Comentário: As doenças reemergentes indicam mudanças no comportamento epidemiológico de doenças conhecidas que haviam sido controladas, mas que voltaram a apresentar ameaça à saúde humana.

Atividade 12

RESPOSTA: A APS, na RAS, ocupa uma posição estratégica, devendo estar interligada aos demais pontos (serviços) de atenção à saúde, de maneira horizontal e interdependente, o que a possibilita organizar o fluxo e o contrafluxo do atendimento da população.

Atividade 13 // Resposta: A

Comentário: Entre as recomendações da OMS e de seus parceiros acerca das condutas com a enfermagem, destacam-se aumentar o financiamento para educar e empregar mais enfermeiros; fortalecer a capacidade de coletar, analisar e agir com base nos dados sobre a força de trabalho em saúde; monitorar a mobilidade e a migração dos enfermeiros, gerenciando-a com responsabilidade e ética; educar e treinar enfermeiros nas habilidades científicas, tecnológicas e sociológicas de que precisam para impulsionar o progresso na APS.

Atividade 14 // Resposta: D

Comentário: O enfermeiro pode desempenhar suas ações em diversos serviços de saúde, como na área da assistência e/ou na gestão de saúde e de enfermagem. Diante disso, seu processo formativo deve possibilitar essa atuação, e, para isso, deve apresentar diversos conceitos, como os de redes de saúde, prevenção e promoção da Saúde Única; deve, também, discutir o contexto em que o indivíduo está inserido e os diversos fatores que interferem, saber desenvolver a gestão do cuidado, papel de liderança e gestão de processos.

Atividade 15

RESPOSTA: Nesse caso, os profissionais de saúde da APS devem acolher a família, orientar sobre a situação de saúde (raiva humana) a partir da avaliação após a exposição e realizar as ações necessárias ao caso. Além disso, orientar também sobre a situação do animal, pois era de rua quando o adotaram e não conheciam sua procedência, portanto, sendo necessário a avaliação por um médico veterinário para analisar a saúde do animal e orientar a família sobre as ações necessárias para manter o animal saudável, sem risco para si e para a família.

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Como citar a versão impressa deste documento

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