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SERVIÇOS FARMACÊUTICOS COMO NECESSIDADES DE SAÚDE PARA PESSOAS TRANS

Livia Maria de Souza Gonçalves

Náila Neves de Jesus

Luciano Soares

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar as denominações utilizadas para a população LGBTQIAPN+;
  • reconhecer as principais necessidades de saúde gerais e específicas de pessoas trans;
  • considerar as principais dificuldades de acesso à saúde enfrentadas pelas pessoas trans no Brasil;
  • analisar as atitudes que podem ser tomadas por profissionais de saúde que contribuem para diminuir as barreiras de acesso à saúde de pessoas trans;
  • descrever o papel do farmacêutico no cuidado destinado a pessoas trans;
  • analisar o processo de hormonização para pessoas trans, incluindo o cuidado humanizado, o manejo, os medicamentos utilizados, os principais efeitos adversos e as interações medicamentosas.

Esquema conceitual

Introdução

O que significa uma “necessidade de saúde”? Quais são os diferentes atores e categorias que essa necessidade pode adotar? Os diferentes grupos sociais que buscam acessar esse serviço possuem necessidades de saúde idênticas ou apresentam especificidades? Qual é a diferença entre a identidade de gênero e a orientação sexual? Afinal, o que esse e outros conhecimentos relacionados — ou suas ausências — implicam no cuidado farmacêutico? Quais são as semelhanças e diferenças entre necessidades em saúde de pessoas cis e trans? Qual é o papel dos serviços farmacêuticos no cuidado de saúde para pessoas trans?

Essas e outras perguntas vêm permeando a atuação de muitos farmacêuticos e se fazem, cada vez mais, presentes em seus contextos profissionais. Neste capítulo, serão discutidos alguns elementos das questões acima, a partir do campo de conhecimento da Assistência Farmacêutica, do entendimento das necessidades de saúde como uma construção social e da compreensão de saúde baseada no modelo da determinação social de saúde-doença,1 que fundamenta o campo de conhecimento da saúde coletiva.2

A identidade de gênero e o sexo atribuído ao nascer a cada indivíduo são fatores determinantes para as vivências, as condições e o modo de vida de pessoas cis e trans. Pessoas trans enfrentam barreiras no convívio social devido a não se adequarem ao padrão cisnormativo socialmente imposto, levando-as a experenciar discriminação, estigma, marginalização social, entre outros tipos de violência, além de amplos prejuízos ao acesso à saúde.

Pessoas trans possuem necessidades de saúde em comum com pessoas cis e, eventualmente, precisam de serviços específicos, como o acompanhamento e o acesso a medicamentos para hormonização, bloqueio puberal, cirurgias e outros. Para que pessoas trans possam ter acesso à saúde de forma universal e integral, é necessário que profissionais de saúde, nas diferentes categorias e níveis de atenção, compreendam suas necessidades a partir da perspectiva da saúde como um direito humano fundamental e trabalhem para ofertar bens e serviços capazes de satisfazer tais necessidades.