Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar padrões de respostas cutâneas comuns a doenças sistêmicas;
- analisar e integrar o conhecimento sobre sinais cutâneos com os conteúdos de áreas afins;
- indicar a melhor condução diante dos sinais cutâneos de maneira adequada ao diagnóstico;
- descrever técnicas de dermatologia referentes aos sinais cutâneos de doenças sistêmicas;
- criar atitudes de assimilação da dermatologia aplicada às repercussões cutâneas das doenças sistêmicas.
Esquema conceitual
Introdução
A pele é um indicador geral de doenças. Muito embora ocorram variações quanto à etnia, sexo, idade, região anatômica, hábitos de vida e condições de saúde, a pele sinaliza, em maior ou menor intensidade, a existência de diversas enfermidades sistêmicas.
É fundamental obter anamnese detalhada e proceder ao exame físico geral e dermatológico através da inspeção e da palpação de lesões cutâneas, mucosas, pelos, unhas e linfonodos. O exame dermatológico poderá ser realizado com a própria mão e utilizando pequenos instrumentos, como lupa, régua, dermatoscópio, lâmpada de Wood, tubos de ensaio, algodão, espátula, cureta e. lâmina de vidro. Também podem ser aplicados outros recursos médicos e tecnológicos que contribuem para revelar sinais e/ou sintomas, natureza e determinação de uma doença.
Os principais aspectos das lesões cutâneas que devem ser analisados são cor, consistência, tipo da lesão (mancha, pápula, nódulo, placa, cicatrizes), forma (linear, arredondada, em alvo), disposição (agrupada, dispersa, isolada), distribuição (localizada, disseminada) e detalhes morfológicos.
A observação de marcha, fácies, postura, estado geral, estado nutricional, estado e nível de consciência, atitude e comportamento do paciente durante o atendimento também compõe a avaliação do caso. Em conjunto com o reconhecimento dos padrões morfológicos, os sinais cutâneos e os testes semióticos oferecem pistas importantes para o raciocínio clínico.
Os exames complementares para confirmar ou excluir a hipótese diagnóstica devem ser solicitados com racionalidade e interpretados mediante fundamentos científicos e correlação clínica-laboratorial. Se o achado cutâneo desencadear uma investigação mais elaborada, cada caso precisará ser analisado individualmente e, dependendo da complexidade, poderá ser encaminhado para o dermatologista e/ou para outros especialistas.
Bioquímica laboratorial, exame micológico, bacteriológico, parasitológico, provas imunológicas, técnicas de imunofluorescência e com anticorpos marcados (imunoperoxidase), citodiagnóstico (Tzanck), exame anatomopatológico, imunofluorescência, estudos genéticos e exames de imagem poderão ser indicados e/ou justificados a partir da queixa, epidemiologia e lista de problemas, uma vez que as doenças sistêmicas podem ter como primeira manifestação as lesões de pele.
O exercício de reconhecer as lesões elementares e estabelecer diagnósticos diferenciais desenvolve habilidades para identificar as diversas formas de apresentação das doenças. Deve-se pensar naquelas mais prováveis de acometer aquele paciente, considerando fatores como sexo, idade, procedência, profissão, estação do ano, situação epidemiológica, morfologia, topografia, evolução, entre outros aspectos, para afastar ou confirmar as hipóteses diagnósticas.