- Introdução
Nos Estados Unidos (EUA), a idade média para síndrome coronariana aguda (SCAsíndrome coronariana aguda) é 68 anos, com predomínio para o sexo masculino (aproximadamente 3:2), com mais de 780 mil casos por ano e maior prevalência de SCAsíndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento do segmento ST (70%).
No Brasil, a primeira causa de mortalidade proporcional são as doenças cardiovasculares, responsáveis por 29% dos óbitos em 2010, e a segunda causa de morte mais frequente (7%) é o infarto agudo do miocárdio (IAMinfarto agudo do miocárdio), segundo dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).1
No sistema público de saúde, a mortalidade hospitalar dos pacientes internados por IAMinfarto agudo do miocárdio mantém-se persistentemente elevada, com média nas internações registradas em todo o país de 16,2% em 2000, 16,1% em 2005, 15,3% em 2010.1
A SCAsíndrome coronariana aguda é o conjunto de sinais e sintomas compatíveis com isquemia miocárdica, podendo ser caracterizada como angina instável e IAMinfarto agudo do miocárdio, em decorrência de uma redução abrupta do fluxo coronariano.
A chave para a divisão da SCAsíndrome coronariana aguda é a presença de elevação do segmento ST ou novo bloqueio de ramo esquerdo no eletrocardiograma (ECGeletrocardiograma), alterações que se dividem em dois grandes grupos: SCAsíndrome coronariana aguda sem elevação do segmento ST (SCASSTsíndrome coronariana aguda sem elevação do segmento ST) e SCAsíndrome coronariana aguda com elevação do segmento ST (SCACSTsíndrome coronariana aguda com elevação do segmento ST).
A SCASSTsíndrome coronariana aguda sem elevação do segmento ST é dividida em dois subgrupos de acordo com a elevação de marcadores de necrose miocárdica (MNMmarcador de necrose miocárdicas):
- IAMinfarto agudo do miocárdio sem elevação do segmento ST (IAMSSTinfarto agudo do miocárdio sem elevação do segmento ST) – caracterizado por uma clínica compatível e elevação de MNMmarcador de necrose miocárdica; é importante lembrar que alterações eletrocardiográficas, como infradesnivelamento do segmento ST, inversão de onda T ou elevação transitória dinâmica do segmento ST podem estar presentes; porém, não são necessárias para o diagnóstico de IAMSSTinfarto agudo do miocárdio sem elevação do segmento ST;
- angina instável – caracterizada por clínica compatível.
Tanto o IAMSSTinfarto agudo do miocárdio sem elevação do segmento ST quanto a angina instável têm apresentação clínica semelhante, mas diferem quanto à gravidade.
Quanto à SCACSTsíndrome coronariana aguda com elevação do segmento ST, de acordo com a Terceira Definição Universal de Infarto do Miocárdio, o termo “infarto agudo do miocárdio” deve ser usado quando há evidência de necrose miocárdica com clínica condizente com isquemia miocárdica. Deve haver a confirmação de:2
- elevação de MNMmarcador de necrose miocárdica, preferencialmente a troponina, acima do percentil 99 do exame, com, pelo menos, um dos seguintes achados:
- sintomas de isquemia;
- nova alteração significativa do segmento ST ou novo bloqueio de ramo esquerdo;
- evolução para onda Q no ECGeletrocardiograma;
- exame de imagem com evidência de perda de miocárdio viável ou nova anormalidade de parede ventricular;
- identificação de trombo coronariano por meio de cineangiocoronariografia (CATEcineangiocoronariografia) ou autópsia;
- parada cardiorrespiratória (PCRparada cardiorrespiratória) com sintomas e/ou alterações eletrocardiográficas compatíveis com isquemia miocárdica e alterações de MNMmarcador de necrose miocárdicas;
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IAMinfarto agudo do miocárdio relacionado a intervenção coronária percutânea (ICPintervenção coronária percutânea), definido como elevação de troponina acima de 5 vezes o valor do percentil 99 do exame em pacientes com troponina dentro do limite da normalidade, ou aumento de 20% da troponina prévia (já acima do percentil 99) associado a, pelo menos, um dos seguintes achados:
- clínica sugestiva de isquemia miocárdica;
- nova alteração eletrocardiográfica;
- angiografia com evidência de complicação durante o procedimento;
- exame de imagem com evidência de perda de miocárdio viável ou nova anormalidade de parede ventricular;
- IAMinfarto agudo do miocárdio relacionado à trombose de stent com evidência em angiografia ou autópsia durante quadro clínico compatível com isquemia miocárdica e elevação de MNMmarcador de necrose miocárdicas;
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IAMinfarto agudo do miocárdio relacionado à cirurgia de revascularização miocárdica (RMrevascularização miocárdica), definido como elevação de MNMmarcador de necrose miocárdica associado e, pelo menos, um dos seguintes achados:
- nova onda Q ou novo bloqueio de ramo esquerdo;
- angiografia com nova oclusão arterial;
- exame de imagem com evidência de perda de miocárdio viável ou nova anormalidade de parede ventricular;
- infarto prévio, definido se houver a presença de qualquer um dos seguintes critérios:
- onda q patológica com ou sem sintomas na ausência de causas não isquêmicas;
- exame de imagem com evidência de perda de miocárdio viável ou nova anormalidade de parede ventricular na ausência de causas não isquêmicas;
- achados patológicos de infarto antigo.
Nota da Editora: os medicamentos que estiverem com um asterisco (*) ao lado estão detalhados no Suplemento constante no final deste volume.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de:
- diagnosticar a SCAsíndrome coronariana aguda com quadro clínico, ECGeletrocardiograma e exames laboratoriais (MNMmarcador de necrose miocárdicas);
- estratificar o risco do paciente com SCAsíndrome coronariana aguda;
- indicar a abordagem terapêutica adequada para a SCAsíndrome coronariana aguda.
- Esquema conceitual