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SÍNDROME PÓS-TRAUMA: proposta de novos elementos considerando as mulheres vítimas de violência

Autores: Yanka Alcântara Cavalcante, Natália Barreto de Castro, Marcos Venícios de Oliveira Lopes
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • discutir o conceito do fenômeno síndrome pós-trauma (SPT) em mulheres vítimas de violência;
  • reconhecer o diagnóstico Síndrome pós-trauma (00141) contido na Taxonomia da NANDA International Inc. (NANDA-I) (2021–2023) à luz da literatura apresentada;
  • refletir sobre a viabilidade de uma nova proposta de estrutura do diagnóstico de enfermagem (DE) Síndrome pós-trauma;
  • identificar os indicadores clínicos manifestados em mulheres vitimizadas pela violência;
  • identificar os fatores etiológicos que podem predispor à SPT no contexto da violência contra a mulher (VCM);
  • estabelecer as relações de causalidade entre os elementos identificados ao fenômeno da SPT em mulheres vitimizadas pela violência.

Esquema conceitual

Introdução

A VCM é identificada como um complexo problema de saúde pública, visto que se interliga a determinantes sociais e econômicos, aspectos culturais e comportamentais. Além disso, implica lesões, traumas físicos e inúmeros agravos mentais, emocionais e espirituais, o que reduz a qualidade de vida das mulheres vitimizadas, exige reorganização dos serviços de saúde e aponta para a necessidade de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar.1–3

Conforme Gurkan e Komurucu,4 mulheres vítimas de violência tendem a ser admitidas prioritariamente em algumas organizações de saúde, como serviços hospitalares e de emergência e centros de atenção primária à saúde (APS); por isso, é visível a importância do enfermeiro na avaliação e nos cuidados ofertados a cada mulher assistida por essas razões nos serviços de saúde, determinando possíveis diagnósticos específicos a tal população.

O Domínio 9, intitulado Enfrentamento/Tolerância ao estresse, e a Classe 1 (Respostas pós-trauma), pela classificação taxonômica da NANDA-I, tendem a ser mais específicos quanto à manifestação de um DE a mulheres vítimas de violência, como forma de planejamento dos cuidados necessários pelo enfermeiro à vítima que recebe assistência. Mais específico e relevante nesse contexto, o DE Síndrome pós-trauma, definido como “uma resposta mal adaptada sustentada a um evento traumático e/ou opressivo”, é apropriado para uso nessa situação. Assim, pode ser aplicável a mulheres vítimas de violência, enquanto se discutem os prejuízos causados pelo trauma da violência perpetrada ao público feminino.5

O DE Síndrome pós-trauma, aprovado em 1986, passou por revisões em 1998, 2010 e 2017 apenas pelos editores da NANDA-I, sem o desenvolvimento de estudos de validação a fim de o tornarem mais bem elaborado e coerente à população.5 Para contemplar os elementos-chave (indicadores clínicos e etiológicos) que estejam de acordo com o público em questão, sugere-se nova revisão.

Outro ponto fundamental a ser discutido seria a própria definição do termo síndrome para esse DE, para que esteja em conformidade com a condição de mulheres que sofrem violência e são vitimizadas por diversos tipos de trauma. Síndrome é retratada como “um julgamento clínico sobre um grupo específico de diagnósticos de enfermagem que ocorrem juntos e são melhores tratados juntamente e por meio de intervenções semelhantes”.5

O DE Síndrome pós-trauma, por ser categorizado como síndrome, necessita de um julgamento clínico por parte do enfermeiro, com características que o defina por meio de outros DEs da NANDA-I. Portanto, poderia ser revisado, visto que são encontrados somente três DEs em sua composição atual, e alguns de seus fatores relacionados podem ser interpretados de forma incoerente, de acordo com a ideia de significado ideal de causalidade à população-alvo. Destaca-se, portanto, a importância de uma revisão da estrutura diagnóstica.

Neste capítulo, será apresentada uma efetiva visualização do DE Síndrome pós-trauma como manifestação de síndrome relacionada às respostas de pós-trauma em mulheres vítimas de violência, fundamentando-se em estudo,6 com mediação pela classificação da NANDA-I5 e pela Teoria feminista de Bell Hooks.7

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