Introdução
O crescimento é um processo dinâmico e contínuo que inicia no período intrauterino e se mantém durante toda a infância até o final da puberdade. Durante esse primeiro período, é mediado pelo fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (em inglês, insulin-like growth factor 1 [IGF-1fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1]), pelo fator de crescimento semelhante à insulina 2 (em inglês, insulin-like growth factor 2 [IGF-2fator de crescimento semelhante à insulina 2]) e pela própria insulina e é influenciado por condições maternas, como a nutrição e a função placentária. Durante a infância, o crescimento passa a ser comandado pelo eixo hormônio do crescimento (GHhormônio do crescimento)/IGF-1fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 e, posteriormente, a secreção de esteroides sexuais é responsável pela aceleração da velocidade de crescimento que ocorre na puberdade.1
Nesse processo, fatores genéticos são responsáveis por até 90% da variação da estatura de um indivíduo, o que torna a altura uma condição hereditária complexa regulada por diversos genes,2 e a variabilidade estatural em indivíduos saudáveis é o resultado da combinação de diversos polimorfismos nesses genes.3
Ao contrário, indivíduos com baixa estatura mais grave (escore-Z da altura menor ou igual a -3 desvios-padrão [DPdesvio-padrão]) e/ou presença de malformações, atraso de desenvolvimento e/ou déficit intelectual ou histórico familiar de baixa estatura podem ser portadores de alterações genéticas decorrentes de variações patogênicas em um único gene ou variações no número de cópias de genes contíguos.4
Nos últimos anos, a investigação genética das causas de baixa estatura progrediu, permitindo a identificação etiológica de diversas síndromes genéticas associadas ao fenótipo de baixa estatura. Atualmente, mais de 3.000 síndromes que cursam com déficit de crescimento já foram descritas no banco de dados Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM®Online Mendelian Inheritance in Man) e esse número vem aumentando progressivamente. Dessa forma, considerando a heterogeneidade dos pacientes com baixa estatura, o estabelecimento preciso desse diagnóstico é importante para o prognóstico, o seguimento e o aconselhamento genético dos pacientes e de seus familiares. Portanto, conhecer as principais síndromes genéticas associadas à baixa estatura é importante para tentar estabelecer o diagnóstico clínico e/ou solicitar o teste genético mais apropriado.4
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer pacientes de risco para síndromes genéticas associadas à baixa estatura;
- identificar e classificar o paciente com baixa estatura isolada ou sindrômica;
- direcionar a investigação genética de pacientes com síndromes genéticas associadas à baixa estatura.