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SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS POR CORONAVÍRUS NO CICLO GRAVÍDICO–PUERPERAL: REPERCUSSÕES NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Jessica Aparecida Luciano Venâncio

Tayomara Ferreira Nascimento

Mariana de Freitas Grassi

Rodrigo Jensen

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

 

  • diferenciar os quadros clínicos das principais síndromes respiratórias causadas pelo coronavírus durante o ciclo gravídico–puerperal;
  • identificar as repercussões potenciais da infecção por síndrome respiratória aguda grave 2 (em inglês, Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 [SARS-CoV-2]) em gestantes e puérperas na assistência de enfermagem.

Esquema conceitual

Introdução

As três principais síndromes respiratórias causadas por coronavírus são síndrome respiratória aguda grave (em inglês, severe acute respiratory syndrome [SARS]), síndrome respiratória do Oriente Médio (em inglês, Middle East respiratory syndrome [MERS]) e síndrome respiratória aguda grave 2 (em inglês, Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 [SARS-CoV-2]).

A COVID-19 (em inglês, Coronavirus Disease 2019), doença causada pelo coronavírus, foi declarada pandêmica, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 11 de março de 2020.1 O primeiro caso ocorreu na China, em dezembro de 2019, espalhando-se rapidamente por vários países. No Brasil, o primeiro caso foi diagnosticado oficialmente em fevereiro de 2020.2

Achados observacionais no início da pandemia indicaram que a população obstétrica não parecia estar em maior risco de desenvolver sintomas graves em comparação à população geral.3 No entanto, publicações posteriores mostraram que mulheres durante a gravidez e no período pós-parto apresentavam risco aumentado, em razão da imunodeficiência relativa associada às adaptações fisiológicas maternas, bem como à resposta orgânica às infecções virais.4

Em 2020, foi feita uma recomendação de política universal de testagem para a população obstétrica, porém, não instituída em todo território nacional.5 Assim, é certo que o número de infecções por SARS-CoV-2 nessa população foi subnotificado.3 Um estudo indica que uma a cada dez gestantes internadas por qualquer motivo apresentava teste positivo para COVID-19 em 2020.6 No mesmo ano, os óbitos entre mulheres grávidas ou puérperas brasileiras pela doença foi superior ao número total de óbitos maternos relacionados à COVID‐19 no mundo.7

Em gestantes acometidas pelo novo coronavírus, há indícios da ocorrência de complicações como8

 

  • rotura prematura de membranas;
  • parto pré-termo;
  • taquicardia fetal;
  • estado fetal não tranquilizador;
  • morte fetal;
  • elevado número de cesarianas.

Com relação à infecção neonatal, há relatos de casos cuja transmissão ocorreu precocemente.9 Além disso, existe um relato no qual há a comprovação da transmissão transplacentária do coronavírus nas últimas semanas de gestação, com evolução para inflamação e infecção placentária e viremia neonatal. O recém-nascido (RN) apresentou sintomas neurológicos, achados radiológicos cerebrais, alteração no líquor e vasculite cerebral semelhantes aos manifestados por adultos.10

De forma geral, a transmissão vertical do novo coronavírus é baixa. Isso reforça a necessidade de cuidados para a prevenção da transmissão horizontal mãe–RN.11

Um estudo sinaliza que a maioria dos RNs de mães com coronavírus não tem alterações clínicas; quando sintomáticos, esses bebês apresentam a forma leve, com dispneia e febre. Apesar de os dados serem incipientes, o risco de transmissão vertical existe, ainda que tenha baixa incidência, e independe da gravidade materna.12 As taxas de mortalidade neonatal e materna associadas à infecção por SARS-CoV-2 são baixas, em torno de 2,2 e 1,5%, respectivamente.6,13,14

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