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SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO EM SUBGRUPOS BASEADO NO TRATAMENTO PARA AS DISFUNÇÕES DA COLUNA CERVICAL

Autores: Adriano Pezolato, Victor Guilherme Felice Neves, Jair Araújo Lopes
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  • Introdução

A coluna cervical é uma área comum de dor e incapacidade e é um local de queixa em atletas competitivos e recreacionais.1 Como na dor lombar, a etiologia da dor cervical e os fatores de risco associados são múltiplos e de natureza física e psicológica; logo, indivíduos com dor cervical não constituem um grupo homogêneo.2

A dor cervical e os sintomas correlatos na cabeça, na face, no tronco e na extremidade superior podem ser classificados com base nos seguintes aspectos:3,4

 

  • duração dos sintomas;
  • estruturas patoanatômicas;
  • padrões clínicos;
  • disfunções do movimento; e
  • fatores biopsicossociais.

Uma vez que há pouca evidência para suportar uma classificação da dor cervical com base em uma fonte patoanatômica, atualmente se sugere o uso de um sistema de classificação baseado em sinais e sintomas que identifique subgrupos de pacientes mais propensos a responder a intervenções específicas com potencial de maximizar os resultados clínicos. O objetivo da classificação é melhorar a tomada de decisão clínica acerca da determinação da intervenção mais apropriada e, subsequentemente, seu prognóstico.4

Childs e colaboradores propuseram um sistema de classificação baseado no tratamento (TBC, do inglês Treatment Based Classification) para pacientes com dor cervical decorrente de disfunções na coluna cervical e na coluna torácica alta.4 Esse sistema usa dados da anamnese e do exame físico para estratificar pacientes em subgrupos de tratamento nomeados de acordo com o objetivo de tratamento, a saber:

 

  • mobilidade;
  • centralização;
  • tolerância ao exercício e condicionamento;
  • controle da dor; e
  • redução da cefaleia.

A abordagem de classificação proposta por Childs e colaboradores5 segue uma estratégia baseada em evidências pela integração dos seguintes fatores:

 

  • expertise clínica;
  • guias de referência de prática clínica;
  • raciocínio clínico;
  • valores e preferências do paciente; e
  • características clínicas relacionadas à propensão do paciente a responder a intervenções fisioterapêuticas específicas.

No TBC, as características-chave obtidas durante a anamnese e o exame físico são usadas para estabelecer uma classificação diagnóstica e/ou categorizar a disfunção que guiará a intervenção fisioterapêutica.5

Em um estudo observacional prospectivo sobre o sistema proposto por Childs e colaboradores, Fritz e Brennan reportaram que pacientes com dor cervical que recebiam intervenções correspondentes ao subgrupo apropriado tinham melhores resultados na dor e na incapacidade comparados àqueles que não haviam sido classificados.6 As classificações mais comuns na amostra analisada foram

 

  • centralização (34,7%);
  • tolerância ao exercício e condicionamento (32,8%); e
  • mobilidade (17,5%).

A diretriz de prática clínica desenvolvida por Childs e colaboradores e relacionada à Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) também sugere a classificação dos subgrupos supramencionados em categorias de disfunções, a saber:5

 

  • dor cervical com déficits de mobilidade;
  • dor cervical com disfunções no controle do movimento;
  • dor cervical com dor irradiada para o membro superior; e
  • dor cervical com cefaleia.

O subgrupo controle da dor divide as categorias dor cervical com déficits de mobilidade e dor cervical com disfunções no controle do movimento de acordo com a disfunção mais relevante exibida no exame clínico e, subsequentemente, no período de tratamento.

A classificação proposta por Childs e colaboradores guia a intervenção, mas não deve ser vista como uma receita ou um protocolo. Nem todos os pacientes são classificados nos subgrupos descritos, assim como um paciente pode ser classificado em mais de um.6 Nessas situações, deve-se utilizar o raciocínio clínico para priorizar os critérios, a classificação e as disfunções relevantes para o tratamento inicial. A avaliação e reavaliações da resposta ao tratamento propiciarão critérios adicionais para a reclassificação e a progressão do tratamento.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer os benefícios propostos pela classificação em subgrupos de acordo com a similaridade clínica de pacientes com condições relacionadas à coluna cervical;
  • conduzir o exame clínico para a classificação nos diferentes subgrupos de dor cervical;
  • debater o papel que as guias de referência podem representar agindo em conjunto com as classificações;
  • indicar intervenções terapêuticas para os diferentes subgrupos de dor cervical.
  • Esquema conceitual
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