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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PROFISSIONAL EM UNIDADES HOSPITALARES DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

George Luiz Alves Santos

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Introdução

A Resolução nº 3581 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) de 15 de outubro de 2009 dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e sobre a implementação do Processo de Enfermagem (PE) em ambientes públicos ou privados, nos quais ocorre o cuidado profissional de enfermagem. A respeito dos ambientes supracitados, aponta-se que estes seriam representados pelas “instituições prestadoras de serviços de internação hospitalar, instituições prestadoras de serviços ambulatoriais de saúde, domicílios, escolas, associações comunitárias, fábricas, entre outros”.1

Assim, unidades hospitalares de atendimento às urgências e emergências das quais os serviços de enfermagem são integrantes são abrangidas pela referida resolução e têm o desafio de organizar e/ou reorganizar seus processos de trabalho à luz desse instrumento normativo. Desse modo, considerar tais questões perpassa atender às normas da atual resolução, com destaque à implementação do PE.

A SAE organiza o trabalho profissional quanto a método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do PE.1 Ao PE, é creditado que “é um instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional de enfermagem e a documentação da prática profissional”.1 Ambos têm papel fundamental para que enfermeiros e equipe possam oferecer um cuidado de enfermagem em condições ideais, contemplando elementos desde a estruturação do serviço — função precípua da SAE — à “orientação do cuidado”1 “à beira do leito” e a documentação clínica — finalidade do PE.

Na mesma resolução,1 são apontadas as cinco etapas do PE, indicando-se que ocorrem de modo inter-relacionado, interdependente e recorrente. Desse modo, a “operacionalização e documentação do Processo de Enfermagem evidencia a contribuição da Enfermagem na atenção à saúde da população [destaque do autor], aumentando a visibilidade e o reconhecimento profissional”.1 Assim, a resolução corrobora a implicação do PE com o cuidado “à beira do leito” — próximo de quem se cuida.

O PE se ocupa, à luz de um suporte teórico1 de enfermagem e dos demais referenciais teóricos necessários, do ser humano e de suas “respostas humanas”,2 que, ao longo dos ciclos humanos, do nascimento à morte, tendem a uma ciclicidade.

Ao aplicar o PE em uma dada situação de cuidado, o enfermeiro e a equipe estão implicados na identificação e no tratamento de “respostas humanas”2 corporificadas em diagnósticos de enfermagem (DE).

O DE é compreendido como “um julgamento clínico sobre uma resposta humana a condições de saúde/processos da vida, ou a uma vulnerabilidade a essa resposta, por um indivíduo, família, grupo ou comunidade”.2

Desse modo, fica evidente o porquê do PE na atenção à saúde em um dado contexto clínico de cuidado profissional, considerando-se, assim, a gênese de sua implicação — o ser humano e as situações que demandam o cuidado do enfermeiro e da equipe de enfermagem.

Em relação à SAE, a já mencionada Resolução não detalha conceitual e operacionalmente “método, pessoal e instrumentos”,1 seus três pilares. De igual modo, não é possível compreender a priori quando utilizar cada um e que elementos os constituem. Outrossim, quando a resolução aponta que a SAE “organiza o trabalho profissional”,1 o que ela quer dizer? Se ao PE é creditada a “contribuição na atenção à saúde da população”,1 qual é a contribuição da SAE e o que ela evidencia?

A literatura de Enfermagem tem registrado correntes de pensamento acerca da SAE permeadas por três termos: PE, metodologia da assistência de enfermagem (MAE) e a própria SAE. Nesse ínterim, tem-se a primeira corrente — que defende a diferenciação entre os três termos —, a segunda corrente, que trata o PE e a MAE como sinônimos, e a terceira corrente, que trata os três termos como sinônimos.3 O texto ora apresentado coaduna com a primeira corrente de pensamento em que se advoga, a qual afirma que os três termos expressam fenômenos distintos, porém inter-relacionados para a produção do cuidado de enfermagem.

Ainda, quando considerada a temática, na literatura de enfermagem identificam-se:4

além de Sistematização da Assistência de Enfermagem, termos como Consulta de Enfermagem, Metodologia da Assistência de Enfermagem, Metodologia do Cuidado de Enfermagem, Planejamento da Assistência de Enfermagem, Processo de Assistência de Enfermagem, Processo de Atenção em Enfermagem, Processo de Cuidar em Enfermagem, Processo de Enfermagem e Processo do Cuidado de Enfermagem, entre outros, empregados com traços semânticos às vezes distintos, outras vezes semelhantes ou associados.

Emerge, desse modo, a pertinência da problemática sob a qual se assenta este capítulo, ou seja, discutir a compreensão e a aplicabilidade da SAE na “organização do trabalho profissional”,1 de que a fala a atual resolução.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • discutir a SAE enquanto ferramenta para a organização ou para a reorganização dos processos de trabalho em unidades hospitalares de atendimento às urgências e emergências;
  • analisar as implicações práticas dos pilares da SAE — método, pessoal e instrumentos — para a organização ou para a reorganização dos processos de trabalho em enfermagem em unidades hospitalares de atendimento às urgências e emergências;
  • discutir os aspectos operacionais da SAE em unidades hospitalares de atendimento às urgências e emergências.

Esquema conceitual

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