Introdução

Atualmente, o uso das radiações ionizantes é cada vez mais comum nos diversos estágios da produção industrial e dos serviços de saúde, uma vez que as tecnologias que envolvem o uso das energias radiológica e nuclear são eficientes, e os benefícios que trazem são maiores do que os riscos que estão envolvidos.¹

Com o aumento da frequência do uso dessa tecnologia, pode ocorrer a sua banalização e a redução dos seus níveis de segurança, o que pode elevar o risco de acidentes envolvendo fontes de radiação ionizante.¹ Normalmente, esses acidentes não provocam níveis altos de mortalidade imediata; porém, envolvem um número considerável de vítimas potenciais, circunscrevendo um grave problema de saúde pública.²

Em um contexto normal, as vítimas potenciais desses acidentes estão em uma condição na qual qualquer sintoma pode ser associado a eventos de natureza comum, como, por exemplo, resfriado, mal-estar ou problemas alimentares. Dessa forma, no caso de um evento de natureza radiológica ou nuclear, torna-se desafiador atender à população, pois identificar e associar sinais e sintomas é uma tarefa complexa e, ainda, pouco compreendida.²

Assim, torna-se fundamental que a equipe de atendimento, que normalmente é multidisciplinar, esteja preparada para enfrentar o desgaste natural de seguir com os procedimentos de atenção ao radioacidentado (real ou potencial) sem que haja justificativa imediata, além da científica, para o prosseguimento dessas atividades.

Contudo, a justificativa apresentada, em razão das limitações culturais, pode não ser suficiente para fazer com que sejam acolhidas as recomendações da equipe multidisciplinar de saúde. Tal limitação pode estar associada ao fato de que a energia nuclear e, consequentemente, as radiações ionizantes, foram apresentadas ao mundo como uma bomba, nos anos 1940, ao final da Segunda Guerra Mundial.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

• identificar as atribuições do enfermeiro relacionadas à triagem de pacientes em situação de emergência radiológica ou nuclear;
• conceituar radiação ionizante;
• explicar a utilização da energia nuclear no Brasil;
• identificar os principais incidentes relacionados às emergências radiológicas e nucleares e os sinais clínicos de intoxicação;
• descrever as ações integradas da equipe multidisciplinar de saúde no contexto de uma emergência radiológica ou nuclear;
• aplicar de maneira correta, pautada no pensamento crítico-reflexivo, os instrumentos de avaliação no serviço de urgência e emergência pré-hospitalar e intra-hospitalar em situação de emergência radiológica ou nuclear;
• aplicar o método START (simple triage and rapid treatment) como ferramenta de gerenciamento operacional no incidente com múltiplas vítimas (IMV).

Esquema conceitual