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Sono em idosos: um problema de saúde pública?

Autor: Katie Moraes de Almondes
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • descrever o padrão de ciclo sono-vigília no envelhecimento;
  • identificar a diferença entre alterações e transtornos do sono no envelhecimento;
  • descrever os principais transtornos do sono entre pessoas idosas;
  • distinguir as variáveis moderadoras dos transtornos do sono na pessoa idosa;
  • reconhecer informações resultantes da avaliação do sono em idosos para a realização do diagnóstico diferencial e para o manejo terapêutico;
  • identificar a intervenção mais indicada para cada caso.

Esquema conceitual

Introdução

O envelhecimento está associado a vários problemas de saúde. Entre as principais queixas dos idosos que procuram os sistemas de saúde públicos e/ou privados, nos diferentes níveis de atenção à saúde (primário, secundário ou terceiro nível), estão as alterações do sono.

As queixas relacionadas ao sono são tão comuns entre pessoas idosas, que pode ser difícil distinguir quando decorrem do envelhecimento normal ou de um processo de doença. As queixas subjetivas baseiam-se nas modificações específicas desta fase do desenvolvimento relacionadas à estrutura, qualidade e quantidade do sono, e encontram evidência científica por meio da pesquisa com dados objetivos (dados polissonográficos e eletroencefalográficos).

Nessa direção, apresentar tais mudanças não determina que já existam transtornos do sono e que estes são parte do processo normal de envelhecimento. Entretanto, a prevalência de transtornos do sono pode aumentar com a idade, e o déficit de sono e a má qualidade do sono contribuem para muitos problemas de saúde em idosos, reduzindo a qualidade de vida à medida que envelhecem.

Entre os idosos, não se tem uma estimativa exata do percentual de transtornos e queixas do sono, justamente pela dificuldade de diagnóstico diferencial e inúmeras variáveis confundidoras. Todavia, os dados científicos demonstram uma variação de prevalência entre 20 e 50% em todo o mundo,1 e em idosos com síndromes demenciais essa prevalência pode chegar a 70%.2

Assim, avaliar o sono desses pacientes idosos é de extrema importância, pois um sono de má qualidade está relacionado ao aumento de fragilidade, morbidade e mortalidade, contribui e/ou é preditor para a piora de quadros neurodegenerativos, aumenta a chance de colocação das pessoas idosas em lares de longa permanência, tem um papel crítico na regulação emocional, aumenta o risco de suicídio, além de gerar mais dificuldades e sobrecarregar os cuidadores.3-9

Para entender e atender às necessidades específicas dos idosos, é imprescindível compreender os efeitos do envelhecimento no sono e na saúde geral. Serão examinadas neste capítulo as alterações/mudanças do padrão do sono no envelhecimento e o diagnóstico diferencial para transtornos do sono, os transtornos do sono mais prevalentes e as variáveis moderadoras, bem como a avaliação e as possibilidades terapêuticas eficazes com evidências científicas para o manejo terapêutico em idosos.

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