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TECNOLOGIAS EMERGENTES NA FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL DO ADULTO: UTILIZAÇÃO PRÁTICA E PROJEÇÕES NO CONTEXTO BRASILEIRO

Autores: Paula da Cruz Peniche, Sherindan Ayessa Ferreira de Brito, Aline Alvim Scianni, Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela, Christina Danielli Coelho de Morais Faria
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • descrever as principais tecnologias emergentes utilizadas na área da fisioterapia neurofuncional do adulto no contexto brasileiro, identificando seus principais desafios;
  • discutir a utilização prática de tecnologias emergentes na área da fisioterapia neurofuncional do adulto no contexto brasileiro, tanto no processo de avaliação quanto na elaboração e execução do plano terapêutico pelo fisioterapeuta;
  • analisar criticamente questões éticas e morais do uso de tecnologias emergentes na área da fisioterapia neurofuncional do adulto no contexto brasileiro;
  • reconhecer as projeções quanto ao uso de tecnologias emergentes na área da fisioterapia neurofuncional do adulto no contexto brasileiro.

Esquema conceitual

Introdução

As condições neurológicas apresentam elevada carga globalmente e são consideradas a principal causa de incapacidades em todo o mundo. Nas últimas três décadas, identificou-se um aumento global e expressivo no número de pacientes com condições neurológicas. Estimativas apontam para uma elevação dessas estatísticas, considerando o crescimento e envelhecimento da população, com um maior reflexo em países de baixa e média renda, como o Brasil.1

Entre 2000 e 2019, o número de anos de vida ajustados por incapacidade e perdidos por condições neurológicas aumentaram no Brasil, que ocupou, durante todo esse período, o primeiro lugar como o país com o maior número de anos de vida perdidos por condições neurológicas.2

O quadro de incapacidade de pacientes com condições neurológicas comumente envolve os seguintes fatores:2

 

  • deficiências em estruturas e funções do corpo;
  • limitações em atividade;
  • restrições na participação social;
  • comprometimento da qualidade de vida.

Isso resulta em uma elevada demanda por serviços de saúde, com destaque para os serviços de reabilitação.2 Porém, os poucos estudos realizados no Brasil sobre a temática mostram que esses pacientes podem apresentar dificuldades de acesso a tais serviços.

Magalhães investigou o acesso a profissionais de reabilitação por pacientes pós-acidente vascular cerebral (AVC) um mês após a alta hospitalar, comparando antes e durante a pandemia da Covid-19. Curiosamente, não foi observada diferença no acesso a esses profissionais durante a pandemia, mas o acesso foi significativamente menor do que o recomendado em ambos os momentos avaliados.3

A autora também observou os determinantes desse acesso pelos pacientes após um, três e seis meses da alta hospitalar, comparando o acesso obtido em cada período com o recomendado no momento da alta hospitalar. Os resultados foram os seguintes:3

 

  • em todos os períodos avaliados, maiores níveis de incapacidade e gravidade do AVC foram determinantes do acesso;
  • no terceiro mês após a alta, o acesso foi direcionado a pacientes que, além de uma maior necessidade clínico-funcional, possuíam menores níveis de escolaridade;
  • em todos os períodos, o acesso foi significativamente menor do que o recomendado.

Os achados de Magalhães indicam que a reabilitação neurofuncional pode não estar ocorrendo de forma integral e contínua para pacientes pós-AVC. Isso ressalta a importância de ampliar a compreensão sobre o uso e acesso a recursos que possam otimizar a oferta desses serviços.

As tecnologias emergentes têm sido apontadas como um importante recurso para fortalecer a reabilitação neurofuncional.1 Trata-se de tecnologias em desenvolvimento, que podem ter impacto econômico e/ou social significativo.4 A discussão sobre seu uso para a prestação de serviços na área da fisioterapia neurofuncional é especialmente importante no Brasil, considerando os seguintes aspectos:5

 

  • cenário de desigualdade socioeconômica;
  • alta demanda por serviços de reabilitação;
  • dependência exclusiva dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) por parte de, aproximadamente, 70% da população.

Para o uso de tecnologias emergentes em contextos clínicos, vários aspectos devem ser considerados, como custo, acessibilidade, viabilidade, segurança e evidência científica.6 Portanto, uma análise aprofundada deve ser feita para uma melhor compreensão da utilização prática dessas tecnologias na área da fisioterapia neurofuncional do adulto, bem como das projeções quanto a esse uso no contexto brasileiro.

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