Entrar

TERAPIA COGNITIVA NARRATIVA

Lina Sue Matsumoto Videira

Francisco Lotufo Neto

Maria das Graças Freire Formiga

epub-PROCOGNITIVA-C7V4_Artigo4

Introdução

A narrativa é um processo curioso porque não é só linguagem — é linguagem, é memória, é atenção, é processamento emocional, é funcionamento executivo, é processamento sensorial.1

Nas últimas décadas, uma nova metáfora tem surgido progressivamente e de forma bastante segura nos domínios da psicologia acadêmica e profissional. A metáfora narrativa começou a ser amplamente difundida em livros, artigos de periódicos e artigos de conferências como uma ferramenta clínica e como uma forma de compreender a experiência humana e promover processos humanos de mudança.2

O interesse crescente da psicologia no estudo dos processos de linguagem ocorreu tanto na forma conversacional quanto na forma mais discursiva e narrativa.3 A ênfase na linguagem como fenômeno psicológico de primeira ordem se deve, em parte, à crescente influência da teoria construtivista e social construcionista.3

As cognições são concebidas não como um processo de representação mental, mas como uma linguagem incorporada, dinâmica, aberta e ativa. A linguagem não é vista como um mero subproduto, mas como o fenômeno psicológico em si — os indivíduos constroem conhecimento e significado desenvolvendo jogos de linguagem e esses jogos estão organizados como narrativas.3

Entender o papel dessas narrativas pode ser fundamental para a compreensão da maneira como as pessoas constroem e organizam a sua experiência e o seu conhecimento. É também reconhecido que a narrativa é um fenômeno epigenético, ou seja, o desenvolvimento psicológico está correlacionado com a capacidade de elaborar narrativas progressivamente, de maneira cada vez mais complexa.3

Em idade muito precoce, as crianças desenvolvem a capacidade e a necessidade de representar seu significado dos eventos diários por meio de um processo narrativo. Assim, as crianças desenvolvem uma gramática narrativa pela qual impõem uma estrutura narrativa para os eventos diários (reais e simbólicos) e, desde muito cedo, os seres humanos tendem a impor significado aos episódios diários por meio de uma gramática narrativa; a apropriação desse conhecimento é paralela ao desenvolvimento dessas mesmas estruturas linguísticas.3

Há várias estratégias psicoterapêuticas oriundas de diversas tradições teóricas, que enquadraram o processo terapêutico em termos de narrativas. No entanto, apesar de haver pesquisadores em psicoterapia que focaram atenção precoce aos processos da linguagem, o estudo das narrativas foi deixado de fora da pesquisa dos processos em psicoterapia convencional.3

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • descrever os conceitos fundamentais da terapia cognitiva narrativa (TCNterapia cognitiva narrativa);
  • contextualizar o surgimento da TCNterapia cognitiva narrativa a partir das terapias comportamentais, cognitivas e construtivistas;
  • apresentar a trajetória na psicologia e o posterior surgimento da TCNterapia cognitiva narrativa;
  • reconhecer as contribuições da TCNterapia cognitiva narrativa, críticas e interface entre psicoterapia e neurociências;
  • identificar os novos caminhos da TCNterapia cognitiva narrativa no Brasil, em harmonização com o tema do budismo e da compaixão.

Esquema conceitual

Este programa de atualização não está mais disponível para ser adquirido.
Já tem uma conta? Faça login