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TERAPIA GÊNICA: ONDE ESTAMOS?

Autores: Huber Martins Vasconcelos Júnior, Juliana M. Ferraz Sallum
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar fatores relacionados à classificação da terapia gênica;
  • reconhecer os vetores virais relacionados à terapia gênica;
  • identificar as técnicas cirúrgicas relacionadas à terapia gênica;
  • indicar os protocolos clínicos atuais relacionados à terapia gênica;
  • reconhecer o primeiro tratamento aprovado relacionado com a terapia gênica.

Esquema conceitual

Introdução

As doenças oculares hereditárias que englobam alterações do desenvolvimento ocular, distrofias retinianas, corneanas, doenças neuro-oftalmológicas, entre outras, estão associadas a mutações em mais de 500 genes já descritos na literatura. Essas doenças, por anos, foram consideradas intratáveis.1

Avanços históricos ocorridos desde as décadas de 1940 e 1950, com a observação de troca de material genético entre bactérias e a descrição do modelo de ácido desoxirribonucleico (DNA), culminaram com diversos estudos terapêuticos que tentavam integrar e modificar o material genético, dando início aos estudos em terapia gênica.2,3

A terapia gênica consiste na técnica de tratamento que modifica o material genético da célula receptora visando à expressão duradoura do transgene a níveis terapêuticos suficientes para melhorar os sintomas e a progressão de uma doença, com o menor nível de efeitos adversos possíveis.2 A forma clássica de terapia gênica consiste na introdução de um material genético externo em um organismo, tipicamente no contexto de uma doença genética hereditária.

A classificação dos tipos de terapia gênica é variada na literatura. Em algumas publicações, formas de terapias com modificação genética diferentes da terapia gênica por aumento da expressão/suplementação são abordadas separadamente, como métodos distintos. Já em outros artigos, tais terapias são classificadas como parte do escopo da terapia gênica, apenas se referindo à métodos diferentes.4,5 Entre essas outras formas de terapia gênica, podem-se citar: terapia por edição gênica, terapia por inativação ou inibição gênica, terapia por toxicidade seletiva, terapia por oligonucleotídeos antissenso e terapias que tratam especificamente mutações sem sentido.

Existem duas estratégias pelas quais a terapia gênica funciona. Na primeira, utiliza-se um vetor viral capaz de integrar o material genético na célula receptora. Esse material genético pode, então, ser transmitido para as linhagens celulares subsequentes, podendo, teoricamente, ter uma duração mais perene. Uma segunda estratégia seria a utilização de um vetor não integrativo, capaz de transferir o transgene de maneira que esse não se integre ao DNA da célula receptora, permanecendo epissomal, geralmente em células pós-mitóticas com longa sobrevida ou de divisão lenta.5,6 Ambas as estratégias se mostraram promissoras em doenças oftalmológicas retinianas e foram estudadas em diversas alterações genéticas.

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