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TERAPIA HORMONAL NA MENOPAUSA

Autores: Sthefanie Giovanna Pallone, Jaime Kulak Júnior, Felipe W. Schwambach, João Guilherme Grassi dos Anjos
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  • Introdução

A menopausa é definida como a parada permanente dos ciclos menstruais, que ocorre naturalmente ou é induzida por cirurgia, quimioterapia ou radiação.1

A idade média de ocorrência da menopausa é de 50 a 51 anos (mínima 45; máxima 59),2 e seu diagnóstico é retrospectivo, após um período de 12 meses contíguos em amenorreia. Geralmente, é precedida por ciclos menstruais irregulares, sem outra causa definida.

Estima-se que acima de 75% das mulheres terão algum sintoma típico relacionado à menopausa e à transição menopausal (período variável de tempo que antecede a menopausa). Os fenômenos vasomotores, como fogachos e suores noturnos, são os mais comuns no ocidente, com morbidade significativa em 25% das pacientes.

Outros sinais relacionados à perda da função ovariana incluem:

 

  • infecção urinária;
  • ressecamento vaginal;
  • prejuízo na função sexual por dispareunia;
  • distúrbios do sono;
  • sintomas depressivos;
  • ansiedade;
  • labilidade emocional;
  • déficit de memória;
  • cefaleia;
  • dores articulares;
  • ganho de peso;
  • fadiga.

Essas alterações levam a um prejuízo na qualidade de vida, na função social e laboral das mulheres acometidas. Alguns fatores são de risco para os sintomas vasomotores. A obesidade aumenta a frequência referida desses sintomas em 1,5 a 2 vezes.3 As mulheres afro-americanas estão mais propensas, enquanto as chinesas ou japonesas estão sob menor risco.

A nicotina é outro fator de piora. Mulheres que fumam entram na menopausa em média 2 a 3 anos antes, em relação às não fumantes, e têm risco 60% maior para fogachos.

A terapia hormonal na menopausa (THMterapia hormonal na menopausa) é uma estratégia de tratamento que reduz os sintomas decorrentes da variação hormonal e também uma aliada na prevenção de doenças crônicas que possam piorar ou mesmo ser desencadeadas pela redução dos hormônios sexuais.

A THMterapia hormonal na menopausa teve seu ponto inicial no ano de 1942, com o isolamento de esteroides ovarianos e a aprovação de estrógenos equinos conjugados pelo Food and Drug Administration (FDA).4 Ao controlar os sintomas da perimenopausa e da menopausa, houve significativo benefício para a qualidade de vida da mulher, tornando-se uma terapia popular na década de 1960.

Nos anos 1990, a THMterapia hormonal na menopausa atingiu seu apogeu após alguns estudos demonstrarem a redução do risco cardiovascular e as alterações favoráveis no perfil metabólico de mulheres submetidas à estrogenioterapia, sugerindo que a reposição hormonal poderia ser utilizada para a prevenção de eventos como acidente vascular encefálico (AVEacidente vascular encefálico) e doença coronariana.

Entretanto, a publicação de grandes ensaios clínicos multicêntricos, randomizados e controlados, particularmente o Womens’s Health Initiative Investigators (WHIWomens’s Health Initiative Investigators), divulgado a partir de 2002, trouxe grande controvérsia a respeito do uso da THMterapia hormonal na menopausa, reduzindo sua utilização em aproximadamente 80%.5 Os dados oriundos do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), de 2009 e 2010, mostraram o uso de THMterapia hormonal na menopausa em 4,7% das mulheres acima de 40 anos e em 6,7% das mulheres entre 50 e 59 anos de idade, comparado com 38,3% de usuárias entre 1999 e 2000.6

A análise inicial do WHIWomens’s Health Initiative Investigators não demonstrou benefício significativo da terapia estrogênica ou estro-progestogênica na prevenção primária ou secundária de eventos cardiovasculares, e sim aumento do risco para fenômenos tromboembólicos, AVEacidente vascular encefálico e câncer de mama nas mulheres que utilizaram estrógeno associado ao progestágenos, além de aumento de trombose e AVEacidente vascular encefálico naquelas que utilizaram estrógeno isoladamente.

A publicação desses resultados gerou grande preocupação, levantando críticas sobre o desenho do estudo e sua aplicabilidade clínica e, desde então, surgiram novas informações a respeito do risco cardiovascular, cerebrovascular e do câncer de mama, com foco particular no momento de início dos hormônios e sua influência nesses riscos.

Os estudos adicionais têm demonstrado efeitos benéficos nos ossos, câncer de cólon, qualidade de vida e sintomas específicos da menopausa.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:

 

  • reconhecer as indicações e as contraindicações da THMterapia hormonal na menopausa;
  • identificar os riscos e os benefícios relacionados ao uso da THMterapia hormonal na menopausa;
  • estabelecer particularidades inerentes às terapias estrogênica, progestagênica e androgênica;
  • prescrever e administrar a THMterapia hormonal na menopausa.
  • Esquema conceitual
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