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TESTE DA FALA COMO MEIO DE AVALIAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E PRESCRIÇÃO DE TREINAMENTO AERÓBIO

Autores: Ariany Marques Vieira, Marlus Karsten, Daiana Aparecida Rech
epub-BR-PROFISIO-CAR-C6V1_Artigo4
  • Introdução

O exercício físico (EFexercício físico) é um dos principais componentes que contribuem para a promoção da saúde, sendo também um fator protetor contra o aparecimento de doenças crônicas1 ou, ainda, contra a diminuição do risco de morte prematura por doenças cardiovasculares (DCVdoença cardiovasculars).2

Apesar de os efeitos benéficos do EFexercício físico estarem bem descritos na literatura, a avaliação cardiorrespiratória é de suma importância para que ele seja realizado com qualidade, não apenas para os indivíduos com história familiar (HF) de DCVdoença cardiovascular ou com algum fator de risco, mas também para os indivíduos aparentemente saudáveis e para os atletas.

A avaliação cardiorrespiratória possibilita a prescrição do EFexercício físico de forma individualizada e correta, permitindo que ele seja realizado de maneira que promova seus diversos benefícios. Além disso, a capacidade cardiorrespiratória está diretamente ligada aos níveis de saúde de um indivíduo, e seu conhecimento é fundamental para uma prescrição segura de treinamento físico. Para isso, a prescrição deve ser baseada em alguns dos diversos parâmetros avaliados.

No contexto da reabilitação cardiopulmonar, que tem o treinamento físico como o seu principal componente, a prescrição do EFexercício físico segue o princípio de frequência, intensidade, tempo e tipo (FITT).3 No princípio FITT, a avaliação da intensidade do EFexercício físico é o fator mais complexo e, por isso, é amplamente discutido.3

As diretrizes atuais de prescrição de EFexercício físico para os cardiopatas recomendam o uso de parâmetros obtidos pelo teste cardiopulmonar de exercício (TCPEteste cardiopulmonar de exercício), como a frequência cardíaca máxima (FCmáxfrequência cardíaca máxima), a FCfrequência cardíaca de reserva (FCresfrequência cardíaca de reserva), o consumo máximo de oxigênio (VO2máxconsumo máximo de oxigênio) e o VO2consumo de oxigênio de reserva (VO2resconsumo de oxigênio de reserva).3

Dentre as variáveis indicadas, a FCmáxfrequência cardíaca máxima e a FCresfrequência cardíaca de reserva são as mais utilizadas na reabilitação cardiopulmonar, em razão do custo e da acessibilidade. Considerando que os testes de exercício máximo, normalmente, não estão disponíveis fora dos ambientes de pesquisa, esses parâmetros são utilizados para a prescrição do EFexercício físico até mesmo com a sua estimativa de forma indireta ou, ainda, por meio de ferramentas de percepção subjetiva de esforço (PSEpercepção subjetiva de esforço). Essas ferramentas são utilizadas para prescrever e para monitorar o exercício, sendo de amplo interesse por causa do seu baixo custo.

As ferramentas subjetivas, como a escala de Borg para a percepção de esforço,4,5 são importantes também quando o indivíduo faz uso de fármacos betabloqueadores (BBbetabloqueadors), o que altera a resposta da FCfrequência cardíaca. O uso de ferramentas subjetivas para a prescrição da intensidade do EFexercício físico, entretanto, apresenta diversas limitações. A prescrição da intensidade com base nessas ferramentas pode alterar a segurança e a eficácia do EFexercício físico, pois, no mesmo nível de PSEpercepção subjetiva de esforço, há uma variabilidade de repostas fisiológicas entre os indivíduos.5

O teste da fala (TFteste da fala), em inglês, talk test, é uma ferramenta subjetiva que, embora possa ser encontrada em recomendações mais antigas,6 somente mais recentemente tem sido mais explorada. O TFteste da fala é uma ferramenta simples e alternativa, que se mostrou válida para a prescrição de exercício7 e para a monitorização do treinamento físico em diversas populações, como indivíduos saudáveis,8–11 atletas,12,13 paraplégicos14 e cardiopatas.15–17

Considerando que o TFteste da fala tem sido mais detalhadamente explorado apenas nos últimos anos, faz-se necessário conhecer algumas de suas características e seus novos achados, a fim de aplicá-lo na prática clínica. Desse modo, o presente capítulo se propõe a abordar as propriedades, como a reprodutibilidade e a validade, bem como os aspectos técnicos e as formas de aplicação do TFteste da fala.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar as relações fisiológicas do TFteste da fala;
  • discutir a associação do TFteste da fala com o limiar ventilatório (LVlimiar ventilatório) e com o limiar de lactato (LLlimiar de lactato);
  • listar os aspectos técnicos do TFteste da fala, assim como os diferentes métodos de aplicação;
  • revisar em quais populações o TFteste da fala já foi utilizado;
  • diferenciar as respostas do TFteste da fala.

 

  • Esquema conceitual
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