Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- avaliar a epidemiologia e a fisiopatologia da trombose da veia porta (TVP);
- revisar a prevalência das principais causas da TVP na população;
- identificar as manifestações clínicas da TVP;
- solicitar os exames necessários para o diagnóstico da TVP;
- propor o tratamento da TVP.
Esquema conceitual
Introdução
A TVP é caracterizada pela formação de trombo no lúmen da veia porta (VP), resultando em obstrução completa ou parcial. A TVP pode ser classificada pelo tempo de formação do trombo (recente ou crônica)1 e pela etiologia potencial (local ou sistêmica).2,3
Não há etiologia única para a TVP, podendo estar relacionada a diversos fatores, como estados de hipercoagulabilidade hereditários ou adquiridos, neoplasias, doença hepática e/ou cirrose, condições inflamatórias locais e sistêmicas, traumas e cirurgias.4
A prevalência da TVP varia de acordo com a população estudada e, na maioria dos casos, é secundária à doença hepática subjacente ou malignidade, podendo ser idiopática em até 14 a 30% dos casos, segundo alguns estudos.1,3,5
A fisiopatologia básica é semelhante em todas as causas e se resume à estase venosa, injúria endotelial e hipercoagulabilidade.6 Na cirrose em específico, as velocidades reduzidas de fluxo na VP e as vias de coagulação disfuncionais podem contribuir para a formação de trombos, que tem estrita correlação com o grau de descompensação da cirrose.
A apresentação clínica e a gravidade dos sintomas na TVP são altamente variáveis. Os pacientes com TVP crônica e circulação colateral bem desenvolvida podem ser totalmente assintomáticos ou se apresentar com sangramentos secundários à hipertensão portal (HP). Os casos de TVP recente também podem ser assintomáticos ou se manifestar com início rápido de dor abdominal, congestão/isquemia intestinal, sangramento gastrintestinal, distensão abdominal e sepse.2,4
O diagnóstico precoce da TVP permite o rápido início do tratamento, sendo a anticoagulação a principal estratégia na abordagem desses pacientes, cujo manejo clínico é complexo e deve ser preferencialmente realizado por equipe multidisciplinar.