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Ultrassonografia point-of-care na atenção primária

Gustavo Valadares Labanca Reis

Ana Clara Arantes Gonçalves

Fábio Araujo Gomes de Castro

Luara Brandão Viveiros

Diego Azevedo Conte de Melo

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • definir o conceito da ultrassonografia point-of-care (PoCUS) como componente do exame físico na Atenção Primária à Saúde (APS);
  • citar o histórico de uso da PoCUS;
  • apontar as principais aplicações e limitações da PoCUS no cenário de prática clínica;
  • explicar a fundamentação do uso da PoCUS e seus impactos;
  • discutir aspectos da utilização da PoCUS e a prevenção quaternária.

Esquema conceitual

Introdução

De Hipócrates (460-377 a.C.) aos dias de hoje, o exame físico é considerado uma parte fundamental da coleta de dados no processo de raciocínio clínico e tomada de decisões. Durante o seu período, Hipócrates sistematizou o método clínico por meio da anamnese e do exame físico — sendo esse basicamente apoiado nos pilares da inspeção e da palpação.1

Em 1761, Leopold Auenbrugger descreveu a técnica de percussão em seu artigo New invention by means of percussing the human thorax for detecting signs of obscure disease of the interior of the chest. A incorporação do pilar percussão à prática médica, contudo, ocorreu apenas após a publicação do livro Essai sur les Maladies et Lésions du Coeur et des Gros Vaisseaux, por Corvisart, em 1806. Posteriormente, em 1816, René Laennec aprimorou o exame físico com a invenção do estetoscópio, publicando, em 1819, sua obra De L'auscultation Médiate, na qual descreve a ausculta do coração e dos pulmões.1

Por mais de 200 anos, desde a invenção do estetoscópio, os avanços propedêuticos e terapêuticos foram exponenciais. Por outro lado, nesse período, o exame físico permaneceu pautado nos quatro pilares: inspeção, palpação, percussão e ausculta. Porém isso começou a mudar no início da década de 1990, quando médicos assistentes, não radiologistas, passaram a incorporar a ultrassonografia em suas consultas, prática conhecida como PoCUS ou ultrassonografia à beira do leito.2,3

Em 2018, um artigo publicado no The Journal of the American Medical Association (JAMA), por Narula e colaboradores,4 sugere a incorporação da insonação realizada por meio da PoCUS ao exame físico, sendo a insonação considerada, então, o seu quinto pilar. Os autores desse artigo do JAMA discutem as limitações do exame físico tradicional, pautado apenas nos quatro pilares, e apontam evidências de como a insonação pode aumentar a acurácia do exame físico.4

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