Entrar

USO PÓS-NATAL DE CORTICOSTEROIDES NA DISPLASIA BRONCOPULMONAR: SITUAÇÃO ATUAL

Autor: Cléa R. Leone
epub_All_Artigo3
  • Introdução

Os avanços ocorridos na assistência perinatal, na última década, têm resultado em maior sobrevida dos recém-nascidos pré-termo (RNPTrecém-nascido pré-termos), especialmente daqueles mais imaturos. Em nosso meio, dados da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais (RBPNRede Brasileira de Pesquisas Neonatais), referentes a 20 unidades neonatais universitárias, indicam que, no ano de 2016, 27% dos RNPTrecém-nascido pré-termos com idade gestacional (IGidade gestacional) entre 24 e 27 semanas tiveram alta com vida, 69,3% dos RNs com 27 a 29 semanas e, a partir de 29 semanas, a sobrevida atingiu valores em torno de 90% ou mais.1

Se por um lado os indicadores de mortalidade neonatal modificaram-se significativamente, por outro, fortaleceram-se os desafios referentes à prevenção e ao controle de doenças crônicas nos RNs que têm alta com vida das unidades neonatais, especialmente em relação às possíveis repercussões dessa ocorrência sobre o neurodesenvolvimento dos RNPTrecém-nascido pré-termos com IGidade gestacionals menores ao nascimento.

Considerando que, em 2016, somente cerca de 40% dos RNPTrecém-nascido pré-termos <1.500g (recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso — RNPTMBP) ao nascimento tiveram alta sem morbidades consideradas maiores das unidades neonatais da RBPNRede Brasileira de Pesquisas Neonatais — como enterocolite necrosante (ECNenterocolite necrosante), hemorragia intracraniana grave, leucomalácia periventricular, sepse ou meningite, displasia broncopulmonar (DBPdisplasia broncopulmonar) e retinopatia da prematuridade (ROPretinopatia da prematuridade) grau 3 — é possível avaliar o quanto a prevenção e o controle desses distúrbios terão repercussões na qualidade da evolução futura desses RNs.1

Entre essas repercussões, a DBPdisplasia broncopulmonar continua sendo um dos desafios mais importantes na atenção perinatal nos dias de hoje, tanto em relação a sua frequência quanto a sua gravidade. Percebe-se que 12,6% dos 1.475 RNPTMBPs nascidos vivos com IGidade gestacional de 23 a 33 semanas, em 2016, na RBPNRede Brasileira de Pesquisas Neonatais eram dependentes de oxigênio (O2), as 36 semanas de IGidade gestacional corrigida, e que essa proporção se elevou à medida que a IGidade gestacional reduziu.1

Nos Estados Unidos, um estudo prospectivo que incluiu 34.636 RNs com 22 a 28 semanas de IGidade gestacional e peso de 401 a 1.500g ao nascimento, em 26 unidades neonatais da rede neonatal de pesquisa do Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development (NICHDEunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development), de 2009 a 2012, verificou no período um aumento da DBPdisplasia broncopulmonar no grupo de RNs com IGidade gestacional de 26 semanas de 50 para 55% (p <0,001) e de 33 para 44% (p <0,007) nos RNs de 27 semanas.2 Nesse sentido, a prevenção da DBPdisplasia broncopulmonar, considerando-se a dependência de O2, as 36 semanas de IGidade gestacional corrigida, ainda constitui um objetivo não atingido, mesmo após as grandes modificações ocorridas na assistência respiratória de RNPTrecém-nascido pré-termos.

Particularmente, em relação ao uso de corticosteroides (CEcorticosteroides) em RNPTrecém-nascido pré-termo, com o objetivo de prevenir ou até reduzir a gravidade e a dependência de O2 em RN com DBPdisplasia broncopulmonar, muitas pesquisas vêm sendo desenvolvidas, embora esse ainda seja um tema muito controverso em neonatologia.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:

 

  • identificar o impacto da prevenção e do controle da ocorrência de DBPdisplasia broncopulmonar sobre a qualidade de vida futura dos RNPTrecém-nascido pré-termos;
  • analisar os efeitos do uso de CEcorticosteroide sistêmico pós-natal em RNPTrecém-nascido pré-termos sobre o sistema respiratório;
  • valorizar os efeitos do CEcorticosteroide sistêmico pós-natal nos RNPTrecém-nascido pré-termos sobre a evolução do sistema nervoso central como um limitante a seu uso;
  • desenvolver esquemas de utilização de CEcorticosteroide sistêmico pós-natal em RNPTrecém-nascido pré-termos, considerando seus benefícios e limitações;
  • considerar as limitações e as dúvidas em relação a indicações de CEcorticosteroide inalatório (CEcorticosteroidei) em RNPTrecém-nascido pré-termos dependentes de O2;
  • estabelecer, em uma unidade neonatal de risco, um esquema racional e atual de uso de CEcorticosteroide, considerando as indicações mais seguras e suas limitações.
  • Esquema conceitual
×
Este programa de atualização não está mais disponível para ser adquirido.
Já tem uma conta? Faça login