A ventilação mecânica (VMventilação mecânica) com pressão positiva representa uma das mais importantes terapias para o suporte destinado a pacientes críticos. Contudo, as estratégias ventilatórias usualmente empregadas apresentam um padrão ventilatório monótono – volume corrente (VT) e frequência respiratória (FRfrequência respiratória) constantes. Esse padrão é bastante diferente do observado em indivíduos saudáveis ventilando espontaneamente, os quais apresentam importante variabilidade intrínseca tanto do VT quanto da FRfrequência respiratória.

Diversos autores têm reportado que a adição de uma variabilidade (ruído) ao padrão ventilatório durante a VMventilação mecânica controlada parece contribuir para melhora da função pulmonar em modelos experimentais de lesão pulmonar aguda (LPAlesão pulmonar aguda ) e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo).

Destaca-se, como um aspecto em comum à aplicação da então denominada ventilação variável (VVventilação variável), a melhora sustentada das trocas gasosas, com redução do estresse mecânico pulmonar.

Em alguns outros estudos, observa-se, ainda, redução das concentrações de mediadores pró-inflamatórios, como interleucinas 6 e 8 (ILinterleucina-6 e ILinterleucina-8) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfafator de necrose tumoral alfa), medidos tanto no sangue quanto no lavado broncoalveolar ou no próprio tecido pulmonar.

Recentemente, observou-se redução da contagem de um marcador no tecido pulmonar, expresso e regulado pelo estresse mecânico durante a VVventilação variável. Adicionalmente, foi relatado que, mesmo na vigência de altos níveis de pressão positiva ao final da expiração (PEEPpressão positiva ao final da expiração), a VVventilação variável favorece a melhora da função pulmonar.8

Seguindo a linha da VVventilação variável, será apresentado um modo em que a variabilidade do padrão ventilatório foi introduzida durante a ventilação com pressão de suporte (pressure support ventilation – PSVpressure support ventilation), denominado Noisy PSVpressure support ventilation. Em um estudo prévio, foi observado que a Noisy PSVpressure support ventilation foi superior aos modos de ventilação espontânea tradicionais (pressão de suporte constante, adição de suspiros intermitentes ou, ainda, a ventilação sem qualquer nível de suporte nos ciclos espontâneos) em um modelo experimental de SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo em suínos.9 Trabalhos subsequentes procuraram abordar o nível ótimo de variabilidade do padrão ventilatório durante a Noisy PSVpressure support ventilation e seus efeitos sobre a função pulmonar.1

Atualmente, o uso da modalidade Noisy PSVpressure support ventilation em seres humanos internados em unidades de terapia intensiva (UTIunidades de terapia intensiva) é factível e apresenta resultados promissores.

Um estudo clínico multicêntrico, controlado e randomizado utilizará a Noisy PSVpressure support ventilation em pacientes com diferentes patologias internados em UTIunidades de terapia intensiva, com o objetivo de comparar a duração do desmame da VMventilação mecânica com as modalidades PSVpressure support ventilation convencional e Noisy PSVpressure support ventilation. O término desse estudo está programado para o final de 2015.13

Após a leitura deste artigo, o leitor deverá se capaz de:

 

• ■ compreender o conceito de VVventilação variável;
• ■ identificar os benefícios da ventilação assistida variável;
• ■ compreender o modo de operação da Noisy PSVpressure support ventilation;
• ■ reconhecer a aplicabilidade do modo Noisy PSVpressure support ventilation.