EXTUBAÇÃO NÃO PLANEJADA: PROGRAMA DE PREVENÇÃO E VIGILÂNCIA EM TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA

Autores deste artigo

• VALÉRIA CABRAL NEVES

• CAMILA GEMIN RIBAS LOCATELLI

• ADRIANA KOLISKI

Resumo

A extubação não planejada (ENP) é um dos eventos adversos preveníveis mais comuns associados à ventilação mecânica (VM) em terapia intensiva pediátrica. Atualmente, há forte evidência, na literatura, de que programas com ações de prevenção são efetivos na redução desse evento adverso em crianças criticamente doentes. A ENP pode expor o paciente a complicações maiores do que a própria doença de base, causando diversas consequências e gerando impactos financeiros à instituição. São eventos potencialmente fatais e estão associados ao maior risco de espasmos de laringe, lesões de traqueia e necessidade de traqueostomia. A reentubação aumenta o risco de hipoxemia, atelectasia e de pneumonia associada à VM. Em casos de maior gravidade, aumenta o tempo de ventilação e de permanência hospitalar. O plano estratégico para a redução da ENP deve começar com o apoio e o reconhecimento dos gestores dos hospitais, que devem incentivar as lideranças locais da unidade de terapia intensiva (UTI). Essas lideranças, por sua vez, devem gerenciar os riscos e promover medidas de segurança para a prevenção dentro das UTIs. A segurança do paciente é uma premissa de todas as instituições de saúde atualmente. O papel do fisioterapeuta como uma liderança representativa em ações envolvendo a segurança e a qualidade da asistência ainda é inovador, merecendo maior atenção e reconhecimento. Os objetivos do fisioterapeuta, nesse contexto, são implementar, incentivar, valorizar e disseminar boas práticas na segurança do paciente em UTIs. É essencial identificar os pacientes com risco potencial de ENP e, dessa forma, estabelecer metas e intervenções baseadas em uma abordagem multidisciplinar. Além disso, é importante mobilizar a equipe para desenvolver intervenções efetivas, de baixo custo e de fácil implementação. Notificar e analisar sistematicamente cada incidente relacionado à ENP é necessário para determinar a sua causa. A partir dessas ações, é possível corrigir as possíveis falhas do processo de trabalho. Atualmente, muitas UTIs têm utilizado a incidência da ENP como um indicador de qualidade da sua assistência. O reconhecimento do alto risco da população pediátrica e a implementação de programas de prevenção podem ser ferramentas necessárias para reduzir a morbidade e a mortalidade em terapia intensiva.

Palavras-chave

ENP; VM; Terapia intensiva pediátrica; Segurança do paciente; Qualidade da assistência; Programas de prevenção