Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- definir cãibra;
- efetuar o diagnóstico de cãibra com base no histórico clínico;
- indicar os principais exames subsidiários para o diagnóstico etiológico de cãibra;
- buscar o melhor manejo possível com relação ao tratamento de cãibra;
- incluir nas consultas de rotina o questionamento sobre a ocorrência de cãibra.
Esquema conceitual
Introdução
Cãibras são contrações musculares dolorosas involuntárias de um ou mais músculos, com regressão espontânea, que duram de segundos a minutos e afetam principalmente os idosos.1,2 A incidência sobre a população adulta é de 50 a 60%, apresentando aumento progressivo com a idade, sem diferenças com relação ao gênero, exceto em grávidas. As cãibras também são frequentes nos atletas de resistência. Além disso, estão associadas aos distúrbios do sono e trazem expressivo prejuízo à qualidade de vida.3–5
A primeira evidência científica de cãibra foi publicada em 1908, quando estudiosos observaram o fenômeno em mineradores expostos a trabalhos forçados, em ambiente de alta umidade e calor, desenvolvendo-se, assim, a primeira hipótese sobre a depleção eletrolítica.2
As cãibras ocorrem com mais frequência durante o repouso, principalmente no período noturno,2,6 e são aliviadas pela contração dos músculos antagonistas.1,2,4,6,7 Após o evento, o desconforto e a sensibilidade podem persistir por várias horas.1,2,6–8 A região mais afetada é a panturrilha, principalmente os músculos gastrocnêmio, sóleo e plantar.3,6,7,9
A etiologia da cãibra é multifatorial, e a fisiopatologia ainda é motivo de muitos debates e questionamentos.1,2,7,9 O diagnóstico é clínico,1,3,4 mas apenas 40% dos pacientes relatam esse sintoma a seus médicos,5,8,10 mesmo que o apresentem há muitos anos.11
A melhor estratégia para prevenção de cãibra é a prática regular de atividade física, com exercícios diários de alongamento.7,12 Não há um tratamento medicamentoso específico em razão da falta de evidências científicas.1,6,7,13,14