Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar o Ataque Isquêmico Transitório (AIT);
- estabelecer a conduta imediata ideal em AIT no contexto do departamento de emergência;
- pontuar as diferenças clínicas e radiológicas entre um AIT e um Acidente Vascular Cerebral (AVC);
- reconhecer os principais fatores de riscos associados ao AIT;
- definir escores de risco para classificação de AIT e sua aplicação prática;
- determinar os principais exames complementares que deverão ser solicitados na avaliação inicial de pacientes com AVC;
- conhecer os diagnósticos diferenciais e possíveis *pitfalls* na avaliação inicial desses pacientes no pronto-socorro;
- designar as principais medidas farmacológicas e não farmacológicas que devem ser instituídas em pacientes com AIT.
Esquema conceitual
Introdução
A definição mais tradicional de AIT define esse evento como um déficit neurológico súbito, de caráter transitório, ocasionado pela cessação temporária de fluxo sanguíneo para determinada região do cérebro, evoluindo com resolução completa do sintoma neurológico dentro de 24 horas do início (ictus) dos sintomas, o que ocorre frequentemente em menos de uma hora do início do quadro.1
Embora essa definição ainda seja útil para o raciocínio clínico inicial no pronto atendimento, deve-se ressaltar que a definição mais atual de AIT determina que, além da reversibilidade de sintomas de forma completa, não deve existir nenhuma lesão isquêmica estabelecida em exames de imagem, sendo a ressonância magnética de crânio o método preferencial utilizado para essa avaliação.2
É importante ressaltar que a fisiopatologia do AIT e do AVC são bastante similares; por esse motivo, a investigação de possíveis causas de um evento isquêmico definitivo, ou AVC, deverá ser feita de forma idêntica à de um evento transitório. Dessa forma, diferentemente do que se costuma perceber na prática clínica, esse evento neurológico não deve ser encarado como algo pouco significativo por não deixar sequelas, mas como uma oportunidade de alterar o desfecho de um paciente que tem altas chances de apresentar um AVC isquêmico nos próximos três meses.3
É fundamental que fique claro, ao longo deste capítulo, que a investigação desse evento deverá ser feita de forma similar à do AVC, considerando que essas entidades são variações de um mesmo espectro de doença cerebrovascular. Portanto, a partir do diagnóstico de AIT deve-se dar início à propedêutica de exames complementares, como ecocardiograma, estudo de vasos intra e extracranianos e avaliação de ritmo cardíaco por pelo menos 24 horas (Holter).4