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ACOMPANHAMENTO DA GESTANTE DE ALTO RISCO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores: Eliana Buss , Cibele Sandri Manfredini
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • explicar o papel da equipe da Atenção Primária à Saúde (APS) na gestação de alto risco;
  • realizar o acompanhamento da gestação de alto risco;
  • identificar as principais ações da APS no cuidado da gestação de alto risco;
  • promover a sistematização de enfermagem como metodologia de trabalho para o cuidado da gestante de alto risco.

Esquema conceitual

Introdução

Uma gestação sem intercorrências pode migrar para o processo gestacional de alto risco por condições existentes antes mesmo da gravidez ou que surjam e sejam identificadas a qualquer momento durante a gestação. Isso pelo fato de a gestação envolver modificações físicas, emocionais e sociais, de forma dinâmica, agravadas pelos determinantes sociais da saúde (DSS),1 podendo fazer a gestante apresentar situações desfavoráveis para sua saúde e para o bom desenvolvimento do feto e do neonato, podendo culminar na mortalidade materna e fetal, indicando que a fase gestacional foi de alto risco.2

A mortalidade materna — seja por causas não intencionais/acidentais ou incidentais — se configura como a morte de uma mulher que ocorre durante a gravidez, o parto e o puerpério, este último dentro de 42 dias após o término da gravidez. Tem-se ainda a classificação de morte materna tardia, que ocorre após 42 dias do término da gravidez por causas obstétricas diretas ou indiretas.3

Na gestação de alto risco, a mulher e a família que vivem esse processo desafiador devem ter garantido, no Sistema Único de Saúde (SUS), o acesso a todos os serviços necessários para manter a saúde materna, fetal e da família. Entretanto, as mortes de mulheres têm ocorrido predominantemente nos países de média e baixa rendas e, em sua maioria, poderiam ter sido evitadas.4

Entre as principais causas de morbidade e mortalidade materna e fetal, as síndromes hipertensivas da gravidez (SHG) acometem cerca de 2 a 10% das gestantes3 e, na América Latina e no Caribe, são responsáveis por 14% das mortes maternas, acometendo principalmente mulheres com obesidade e com diabetes melito (DM). A pré-eclâmpsia (PE) é uma condição que aumenta em cerca de 10 a 23% de casos de mulheres com DM e com a presença de proteinúria no início da gravidez.5

Torna-se mister compreender que a gestação de alto risco, no Brasil, é uma realidade prevalente e pode ter a sua incidência aumentada devido à escolha tardia da maternidade. As mulheres têm optado por priorizar a vida profissional, postergando para idades avançadas — isto é, mais de 35 anos —, o momento da gestação.6

A busca em evitar comorbidades e mortalidade materna, do feto e do neonato, é uma preocupação constante na gestação de alto risco. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza no mínimo oito consultas para um acompanhamento pré-natal adequado e, na gestação de alto risco, pode haver a necessidade de um maior número de consultas.7

Este capítulo aborda os eventos que podem resultar em uma gestação de alto risco, sejam eles de ordem orgânica ou relacionados aos DSS, além de trazer reflexões sobre o cuidado no processo de gestar em situação de risco e sobre as condutas existentes que contribuem para o desfecho positivo, no qual o binômio mãe-filho e a família têm garantido o acesso à saúde na sua integralidade.

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