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ACUPUNTURA E AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO DA DOR NA PESSOA IDOSA

Autores: Fátima Helena do Espírito Santo, Cristiane da Silva Varejão, Danielle Rachel Coelho Bezerra, Fábio Ricardo Dutra Lamego
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer a magnitude da dor para a vida da pessoa idosa;
  • descrever os princípios da acupuntura e da auriculoterapia;
  • identificar os benefícios da acupuntura e da auriculoterapia no tratamento da dor em pessoas idosas.

Esquema conceitual

Introdução

Segundo a International Association for the Study of Pain (IASP), a dor é definida como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”.1 Desse modo, a dor envolve ainda, na sua etimologia, fatores sensoriais, cognitivos, afetivos e emocionais, relativos a uma experiência subjetiva, bem como o contexto e a percepção do seu significado pelo indivíduo.2

A dor pode ser classificada como crônica e aguda. A dor aguda é associada a traumas e inflamações e normalmente desaparece com a cura da lesão. Já a dor crônica é aquela que tem um prazo maior que três meses, ou que está relacionada a um processo patológico crônico. O tratamento da dor vem sendo uma área em crescente estudo para os profissionais da saúde, considerando que sua ocorrência pode causar grande impacto na qualidade de vida do paciente.3

Em levantamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) de maior prevalência no Brasil e no mundo, dados referem que as DCNTs acometem 36 milhões de pessoas no mundo, e 63% das mortes por DCNTs estão associadas a doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doença respiratória crônica. No Brasil, o índice é mais elevado: 72% de todas as mortes são causadas por DCNTs. Isso ocorre em todas as classes socioeconômicas e de forma mais intensa em grupos vulneráveis, idosos, pessoas de baixa renda e de baixa escolaridade.4

Diante desses dados, a IASP, representada no Brasil pela Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor,5 defende que a dor é o que se tem em comum em todas essas doenças crônicas. Assim, na atualidade, muitos autores a consideram uma doença crônica.

Nesse contexto, destaca-se que a incidência de queixas de dor tende a aumentar com a idade, o que implica a necessidade de estabelecer uma avaliação e uma conduta rápidas e efetivas, pois a presença de dor em idosos acarreta redução da mobilidade e da capacidade de realização das atividades de vida diária (AVDs), além de alterações no padrão de sono e repouso, maior risco de depressão, isolamento e distúrbios cognitivos.6,7

Esses problemas podem estar associados a outras morbidades, como trombose venosa profunda, embolia pulmonar, quedas, fraturas e prejuízo na qualidade de vida. Além disso, a dor não controlada nesses indivíduos pode aumentar significativamente os custos de saúde.6,7

A ocorrência da dor nos idosos tem repercussões diretas na qualidade de vida dessas pessoas, gerando limitações que podem levar a isolamento social, declínio da capacidade física e funcional, maior dependência, mudança na sexualidade, desequilíbrio econômico, restrição da capacidade de comunicação, desesperança, depressão e sentimento de morte.

A dor em idosos também acarreta maior uso de medicamentos, incluindo automedicação, com consequente risco de interações medicamentosas, o que afeta diretamente o equilíbrio da saúde dos idosos, que são mais suscetíveis aos efeitos adversos da medicação.8

As principais causas de dor em pessoas idosas são: doenças osteomusculares, principalmente as degenerativas; osteoporose e suas consequências; fraturas; doença vascular periférica; neuropatias periféricas (por exemplo, neuropatia diabética); neuralgia pós-herpética; síndrome dolorosa após acidente vascular cerebral; dor do membro-fantasma; polimialgia reumática; lombalgias; doenças neoplásicas e outras desordens musculoesqueléticas.9

A avaliação da dor em idosos deve envolver os domínios sensorial, cognitivo, afetivo, comportamental e sociocultural, considerando ser ela uma experiência de caráter multidimensional. Para isso, é importante realizar uma anamnese e um exame físico detalhados, englobando toda a caracterização da dor (localização, início, duração aguda/crônica, extensão, intensidade, fatores desencadeantes, tipo, doenças preexistentes, fatores afetivos, percepção da dor com vistas à elaboração de um plano assistencial mais efetivo e individualizado).9

Para o tratamento da dor, em especial na pessoa idosa, é fundamental uma abordagem multidisciplinar, incluindo práticas farmacológicas e não farmacológicas. O tratamento não farmacológico apresenta algumas vantagens, como baixo custo, além do fato de não ser invasivo, de apresentar pouco ou nenhum efeito colateral e de que, ao ser usado como complementar à prática farmacológica, pode contribuir para a redução tanto da dose de analgésicos quanto do risco de efeitos colaterais.9

Nessa perspectiva, práticas que possam complementar o tratamento tradicional e promover o conforto da dor se tornam essenciais para proporcionar o bem-estar físico e mental dos idosos. A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) vem ganhando cada vez mais atenção no mundo ocidental por seus benefícios complementares e eficientes no tratamento da dor.10

A acupuntura é uma técnica milenar da MTC, caracterizada pela aplicação de agulhas ou moxas em pontos corporais definidos, obtendo equilíbrio das energias (Yin e Yang) e efeitos terapêuticos. A auriculoterapia é um ramo da acupuntura que visa estimular pontos reflexos por meio da aplicação de agulhas ou sementes em pontos específicos no pavilhão auricular, possibilitando cura, tratamento ou alívio de sintomas e/ou patologias.11

A acupuntura e a auriculoterapia fazem parte da MTC e são importantes ferramentas terapêuticas no controle da dor em idosos, com grande potencial para complementar o tratamento farmacológico e sistêmico da dor de forma mais natural, contribuindo para melhoria da qualidade de vida.3

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