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CUIDADOS DE ENFERMAGEM À PESSOA IDOSA COM TRANSTORNO MENTAL

Autores: Quesia Nayrane Ferreira, Maria Odete Pereira, Sônia Maria Soares, Amanda Márcia dos Santos Reinaldo
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar os transtornos mentais nos idosos;
  • analisar a organização da Rede de Atenção Psicossocial;
  • identificar as principais tecnologias do cuidado da enfermagem na atenção à pessoa com transtorno mental;
  • reconhecer a especificidade do cuidado à pessoa idosa com transtorno mental;
  • gerenciar o cuidado de enfermagem em diferentes contextos e serviços no atendimento ao idoso com transtorno mental.

Esquema conceitual

Introdução

Os transtornos mentais (TMs) representam um problema de saúde global1 e causam sofrimento para muitas pessoas idosas e suas famílias, pois interferem na vida dos envolvidos com seus cuidados. Entre esses transtornos, encontram-se a depressão, os transtornos ansiosos, os esquizofreniformes e os transtornos em decorrência do uso de substâncias psicoativas (SPAs),2 tendo como consequências os riscos de deterioração das atividades básicas de vida diária (ABVDs), das atividades instrumentais de vida diária (AIVDs), das relações sociais e do bem-estar psicológico.3

Os TMs afetam até 25% da população adulta e estão entre as seis principais causas de incapacidade, lhes sendo atribuídos 25% dos anos vividos com incapacidade (em inglês, Years Lived with Disability [YLDs]), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, cerca de 5% da população sofrem com TMs graves e persistentes.4 Além disso, o envelhecimento pode contribuir para desencadear ou agravar a presença de TMs, como esquizofrenia, depressão, transtornos bipolares e delirantes, ansiedade, somatoformes, entre outros.5

Um estudo realizado no serviço de ambulatório psiquiátrico do Hospital das Clínicas de Campinas/SP constatou que 62,3% dos idosos tinham o diagnóstico de TMs orgânicos (demências e delirium), sendo 0,5% relacionados com o uso de SPAs; 4,1% com esquizofrenia e transtornos delirantes; 23,6% com transtornos de humor (depressão e transtorno bipolar); 2,4% com transtornos neuróticos; 0,5% com transtornos de personalidade; 0,3% com retardo mental; 1,7% com transtornos de desenvolvimento; 4,4% com TMs não especificados.6

Pessoas com TMs têm risco de mortalidade mais elevado do que a população em geral, sendo mais relevantes em idosos com o aumento da depressão. Essas pessoas tendem a morrer de 10 a 20 anos antes que a população em geral, e a maioria das mortes ocorre por outras doenças evitáveis, especialmente doenças cardiovasculares, respiratórias e infecções.7 Ademais, a ocorrência de TM em idosos pode estar associada à elevada taxa de suicídios (18%) nessa faixa etária.8

A maioria desses idosos acometidos por TMs vive na comunidade sendo cuidada por familiares. E a família necessita de apoio e cuidados na busca pela qualificação e continuidade dos cuidados aos idosos, como também na manutenção do seu próprio cuidado. No entanto, em muitos casos, há fragmentação desse cuidado devido à desarticulação dos serviços, com ausência de referências e contrarreferências, além de falta de suporte aos cuidadores.3

Ainda, inseridos no sistema de saúde, os idosos recebem assistência de enfermagem em diferentes níveis de atenção. Para tanto, é necessário que o enfermeiro esteja capacitado para prestar esse cuidado atendendo às especificidades do cuidado aos idosos com TM.

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