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ALIMENTAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO: IMPLICAÇÕES PARA O CUIDADO DE ENFERMAGEM

Talita Balaminut

Ana Leticia Monteiro Gomes

Gláucia Cristina Lima da Silva

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar as características da prematuridade que interferem no processo de lactação materna e na alimentação do recém-nascido pré-termo (RNPT);
  • compreender as particularidades da alimentação do RNPT;
  • identificar os principais cuidados de enfermagem para apoiar o aleitamento materno do RNPT;
  • reconhecer a importância da participação da família no apoio ao aleitamento materno do RNPT.

Esquema conceitual

Introdução

A alimentação do RNPT é um processo complexo que envolve aspectos físicos, neurológicos, cognitivos e emocionais, o que implica não só na difícil tarefa de adequação de nutrientes que irão interferir na sobrevida da criança, mas também no processo de interação social e formação do apego, envolvendo a família e a equipe de saúde.1

Especificamente no processo de amamentar bebês pequenos, doentes e/ou prematuros, existem múltiplos desafios decorrentes de imaturidade fisiológica neonatal, fisiologia da lactação e amamentação, além de questões psicológicas e ambientais que interferem positivamente ou negativamente nessa prática.2

As diretrizes atuais da Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelecem que todos os bebês, incluindo os prematuros, devem ser alimentados com leite humano, visto seus benefícios universalmente reconhecidos e bem estudados, além dos riscos associados de não receber o leite humano. A prática da administração do leite humano nas unidades de tratamento intensivo neonatal (UTINs) é uma das mais apoiadas, em razão da sua segurança, eficácia, disponibilidade e boa relação entre custo e benefício.2

Assim, os RNPTs e os doentes admitidos nas unidades neonatais podem não ser capazes de se alimentar diretamente no seio materno ao nascer, mas podem receber os benefícios do leite humano imediatamente.2 O processo de amamentação tem início antes mesmo de o RNPT ter condições de se alimentar diretamente no seio.1

A atuação dos profissionais da saúde, especialmente da equipe de enfermagem, é fundamental para o sucesso do aleitamento materno nos RNPTs, além da garantia de um ambiente de apoio, com condições para a mãe permanecer junto ao seu filho para o contato pele a pele precoce, a extração do leite materno e a alimentação do recém-nascido (RN).1,2

Porém, falta de planejamento para lactação e amamentação, conselhos inconsistentes e falta de conhecimento ou desinformação dos profissionais de saúde, experiências pessoais ruins, falta de tempo e de políticas facilitadoras nas unidades neonatais, separação de mãe e filho prematuro durante a hospitalização, atraso no início da amamentação, fornecimento de fórmulas infantis e suplementação desnecessárias podem interferir no estabelecimento da amamentação e serem grandes desafios para o aleitamento materno exclusivo (AME) entre os bebês doentes, pequenos e prematuros.2,3

Dentre as diversas políticas públicas nacionais para a promoção, a proteção e o apoio ao aleitamento materno, está a estratégia da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), a qual estabelece os Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno a fim de assegurar essa prática e prevenir o desmame precoce hospitalar. Inicialmente voltado para RNs a termo e saudáveis nas maternidades, as suas diretrizes foram ampliadas para o cuidado à mulher e ao RN em UTINs.4

Em 2009, para atender ao contexto das unidades neonatais, os Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno da IHAC foram adaptados por um grupo de pesquisadores da Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Canadá, denominado IHAC-Neo.5 A implementação desses passos adaptados em um hospital no Sudeste brasileiro permitiu mudanças positivas nas práticas clínicas do aleitamento materno nas unidades neonatais, assim como aprimorou a assistência integral aos prematuros e suas famílias.6

Recentemente, a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) publicaram orientações clínicas e medidas que podem ser utilizadas para aplicar os passos da IHAC para bebês pequenos, doentes e prematuros, considerando a necessidade de um olhar particular para a amamentação nessa população vulnerável. A implementação dos Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno nas unidades neonatais pode aumentar drasticamente as taxas de amamentação, assim como melhorar a saúde e o bem-estar materno e neonatal.2

Portanto, políticas públicas que promovam e apoiem a amamentação nessa população de alto risco, bem como profissionais de saúde capacitados quanto à alimentação do RNPT, com foco no manejo do aleitamento materno, são fundamentais para garantir essa prática. O acolhimento da família dentro da UTIN desde a admissão do RN, a identificação e a atuação nas necessidades individuais de cada mãe e o fornecimento de cuidados centrados na família compõem o eixo norteador para uma prática integral e humanizada da equipe enfermagem na alimentação e na amamentação de RNPT e sua mãe/família.

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