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ALTERAÇÕES ENDOCRINOLÓGICAS PÓS-COVID-19

Autores: Anita Lavarda Scheinpflug , Leonardo Barbi Walter, Rafael Selbach Scheffel
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • descrever a COVID-19 como uma doença multissistêmica;
  • avaliar que a COVID-19 não afeta somente os sistemas respiratório e endócrino;
  • investigar a patogênese do acometimento da COVID-19 no sistema endócrino;
  • determinar os possíveis comprometimentos agudos pela COVID-19;
  • identificar as possíveis complicações crônicas da COVID-19.

Esquema conceitual

Introdução

A pandemia de COVID-19, iniciada em março de 2020, na província de Wuhan, na China, disseminou-se globalmente, afetando indivíduos de todas as idades. A doença se apresentou com uma ampla variedade de acometimentos, na maioria dos casos cursando apenas com sintomas leves de trato respiratório superior, associados ou não à febre, mas também podendo se apresentar por meio de quadros assintomáticos e até fatais.1

Os dados de uma abrangente revisão sistemática com metanálise, que analisou 212 estudos (incluindo 281.461 indivíduos com COVID-19), apontaram para uma idade média de acometimento de cerca de 40 anos, com igual distribuição entre os sexos e sem diferenças demográficas entre os 11 países avaliados.1 O estudo demonstrou uma mortalidade geral de, aproximadamente, 6% e a ocorrência de quadros graves em um quarto dos casos, os quais foram associados com imunossupressão, diabetes e malignidade, sendo mais comuns a partir de 60 anos de idade e no sexo masculino (em 61%).1

O SARS-CoV-2, causador da COVID-19, pode afetar quaisquer órgãos e sistemas, seja por indução de dano direto ou indireto, secundário ao acometimento sistêmico. Nesse contexto, o envolvimento do sistema endócrino adquiriu, de forma progressiva, uma relevância clínica, considerando principalmente o diabetes, devido à sua associação com a gravidade e a mortalidade pela COVID-19, mas também a obesidade, em razão do seu aumento à suscetibilidade ao SARS-CoV-2 e ao risco de desfechos adversos.2

Nos mais de dois anos de evolução da pandemia de COVID-19, adquiriu-se a compreensão cumulativa de que o envolvimento do sistema endócrino na doença se estende além do que concerne ao diabetes e à obesidade, visto que as glândulas tiroide, adrenais, gônadas e hipófise também podem ser acometidas em diversos graus.2 Neste capítulo, serão abordados, com especial enfoque, esses demais aspectos, do ponto de vista fisiopatológico e clínico para auxiliar nas investigações e tratamentos apropriados.

Além do acometimento pela própria infecção pelo SARS-CoV-2, levantou-se o questionamento acerca dos possíveis danos ao sistema endócrino secundários à imunização pelas vacinas contra COVID-19. Embora a segurança e a eficácia das vacinas tenham sido comprovadas em diversos estudos, algumas complicações foram relatadas, incluindo, dentre elas, manifestações endócrinas. Os efeitos adversos costumam ser raros, tendendo a ocorrer mais em vacinas de ácido ribonucleico mensageiro (RNAm), com evolução favorável e resolução gradual e espontânea.3

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