Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- revisar os fundamentos teóricos sobre células ósseas, controle da remodelação e mecanismos que levam à fragilidade óssea;
- caracterizar a osteoporose em suas apresentações clínicas;
- interpretar exames bioquímicos necessários ao diagnóstico diferencial com outros distúrbios osteometabólicos;
- descrever os métodos de imagem utilizados para identificar a osteoporose;
- conceituar a estratificação do risco de fraturas e a ferramenta FRAX;
- descrever os medicamentos adequados ao tratamento da osteoporose;
- individualizar a sequência terapêutica conforme o risco de fraturas;
- avaliar brevemente o hiperparatiroidismo primário (HPT1) e a osteomalácia, especialmente no contexto da investigação e abordagem da fragilidade óssea.
Esquema conceitual
Introdução
Doenças osteometabólicas são patologias decorrentes de distúrbios na homeostase mineral-óssea. A mais frequente é a osteoporose, caracterizada por menor densidade óssea e alterações na microestrutura óssea que reduzem a resistência aos impactos e favorecem fraturas com pequeno trauma. Dados epidemiológicos permitem prever que uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens com mais de 50 anos terão fratura osteoporótica. Esses dados são especialmente preocupantes considerando-se o envelhecimento populacional e as limitações físicas a que esses idosos estão sujeitos.
A forma mais prevalente é a osteoporose involutiva associada à menopausa e ao envelhecimento. Entretanto é fundamental abordar outros distúrbios que podem agravar o quadro, como a deficiência de vitamina D, o progressivo declínio da função renal com o envelhecimento, a concomitância com outras doenças como o diabetes mellitus e o hiperparatiroidismo, pois isso permitirá uma abordagem mais eficiente.
A prevenção das fraturas deve levar em conta aspectos nutricionais e a prevenção de quedas, mediante exercícios físicos visando função muscular e equilíbrio, além de uma casa segura. Conta-se com medicamentos eficientes para combater o processo de envelhecimento ósseo, ainda pouco utilizados. Nesse contexto, a estratificação do risco de fraturas é de suma importância para uma decisão terapêutica individualizada.
Os distúrbios na homeostase óssea comprometem especialmente a resistência aos impactos, eventualmente favorecendo fraturas atraumáticas. Essa fragilidade óssea é associada, na maior parte das vezes, à osteoporose involutiva ou secundária a doenças ou medicamentos. Entretanto, deve-se ter em mente as patologias menos frequentes que também decorrem de alterações metabólicas, como o hiperparatiroidismo e a osteomalácia. A identificação dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos permite uma abordagem específica e individualizada das doenças osteometabólicas. Esses são os pontos fundamentais discutidos neste capítulo.